quinta-feira, 10 de abril de 2014

Ministro estoniano diz não temer tensões de minoria russa no país

Jevgeni Ossinovski
Jevgeni Ossinovski, o único membro da minoria russa servindo como ministro no governo da Estônia, diz não temer que Vladimir Putin tente uma repetição da Crimeia no Báltico. Segundo ele, a minoria russa da Estônia está firmemente ancorada na Europa.

Lituânia, Letônia e Estônia, todos membros da União Europeia desde 2004, também contam com populações de etnia russa consideráveis. Em muitas cidades, como Narva, na Estônia, elas até mesmo são a maioria.

Mesmo assim, Jevgeni Ossinovski não acredita que os russos do Báltico querem estar sob domínio de Vladimir Putin. O ministro da Educação e Pesquisa de 28 anos, nomeado no mês passado, é o primeiro membro da minoria russa a se juntar ao governo estoniano nos últimos 12 anos.

Ossinovski falou com a "Spiegel" sobre a minoria russa de seu país no contexto da crise na Crimeia, e as preocupações de que o presidente russo possa buscar desestabilizar a região báltica.

Spiegel: Sr. Ossinovski, o senhor se sente mais russo ou estoniano?

Ossinovksi: Isso depende. Quando estou fora do país, eu sou um estoniano e um europeu. Em casa, eu digo: eu sou um estoniano de língua russa.

Spiegel: O russo é a língua de mais de um quarto dos 1,3 milhão de estonianos. O senhor é igualmente leal?

Ossinovksi: A maioria provavelmente se considera russa – mas isso não quer dizer que estão envolvidos em algum tipo de conflito perpétuo com a população estoniana. E nenhum partido daqui pediria pela secessão de partes da Estônia. A minoria russa nem mesmo tem um partido forte.

Spiegel: O senhor teme que Moscou busque mobilizar o sentimento nacionalista visando criar um pretexto para invadir, como aconteceu na Crimeia?

Ossinovksi: A situação aqui não tem como ser comparada à da Crimeia. É possível que tenham ocorrido tentativas no passado por parte russa de agitar a população, mas não foram bem-sucedidas. Eu não conheço ninguém que diria que Putin é seu protetor. Ou que preferiria viver na Rússia em vez da Estônia. É claro que muitos russos daqui assistem a TV estatal russa e isso interfere na forma como veem a crise na Crimeia. Todavia, pelo menos metade deles também considera que Putin violou a lei internacional ao anexar a Crimeia.

Spiegel: Há sete anos, jovens russos na Estônia entraram em choque com a polícia porque as autoridades mudaram um memorial ao exército soviético. O senhor está sugerindo que agora, de repente, não há mais tensões?

Ossinovksi: É claro que há muitas questões contenciosas. A taxa de desemprego é mais alta entre os russos que entre o restante da população. Também continua sendo um desafio colocar o sistema de educação em russo de acordo com os padrões estonianos. E nossa história contém muitas questões contenciosas. Muitos estonianos veem os russos como descendentes da força de ocupação que incorporou o país à União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial. Mas, como mostram estudos mais recentes, ao menos de modo privado, há poucas tensões. Cerca de 95% das pessoas entrevistadas disseram que veem positivamente as pessoas que conhecem, respectivamente, do outro grupo.

Spiegel: Os membros da minoria russa da Estônia se sentem como cidadãos plenos da União Europeia?

Ossinovksi: Os jovens em particular, independente de serem etnicamente estonianos ou russos, tendem a se identificar fortemente com a União Europeia. Eles estudam ou trabalham em países ocidentais. Eles são muito conscientes do que a Europa lhes oferece: democracia, liberdade e rendas mais altas. Ao mesmo tempo, eles também se orgulham de preservar a cultura russa na Europa. Incomoda a eles o fato de Putin estar tentando reivindicar um monopólio sobre isso.

Um comentário:

  1. O que acha das palavras dele Michel Medeiros acha que ele fala a verdade ou ele é um comprado que fala apenas o que o governo estoniano diz. E não dá a mínima para a minoria russa no país. Mais uma coisa o que você acha da declaração: "A Ucrânia é uma Rússia sem Putin"

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