quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Opinião: Extrema-direita sai na frente na corrida pelas eleições europeias

A esquerda copia a direita em economia. A direita, a esquerda em divisões e falta de lideranças. Ambas copiam a extrema-direita em seus gestos contra a Europa e contra a imigração. E aí está o resultado: a extrema-direita ganha eleições parciais e se situa pela primeira vez à frente das pesquisas, concretamente, para as eleições europeias. Isto ocorre na França, mas de forma menos escandalosa está acontecendo em toda parte.

A fórmula que funciona é a soma de três fatores: nacionalismo, rejeição do estrangeiro, abominação do "establishment" político. Quem a encontrou na França é a Frente Nacional, o partido tradicional da extrema-direita, mas em outros países, quem declina esses temas, todos juntos ou de forma parcial, é uma multidão de alternativas políticas, às vezes perfeitamente honrosas, que prosperam em pesquisas e eleições, cavalgando na antipolítica e às custas dos partidos e das ideologias tradicionais.

Inclusive os mais puros, como os "grillini" do italiano Movimento Cinco Estrelas, se encontram sob os efeitos magnéticos das ideias que vêm, às vezes camufladas, das fontes envenenadas do extremismo. Seu chefe, o comediante Beppe Grillo, é a favor de manter o crime de imigração ilegal imposto por Bossi e Berlusconi e confessou em seu blog que escondeu suas ideias para poder pescar votos de todos os lados.

Não estamos diante de um movimento pendular, e sim em um mar de fundo que vem de longe, tão longe quanto as ideias da Frente Nacional, que soube transformá-las em respeitáveis e em alternativa verossímil. É assim que podemos nos preparar para nos encontrarmos com um Parlamento Europeu no qual terão um peso enorme os eurodeputados antieuropeus, xenófobos e chauvinistas, em um momento especialmente delicado para a UE, quando estamos prestes a realizar a união bancária e enfrentamos desafios como o da imigração, tão cruelmente representado pela tragédia na costa de Lampedusa.

As eleições europeias não costumam mobilizar os eleitores, que as tomamos como se fossem um voto grátis, uma espécie de salva de advertência especialmente útil para castigar os que governam. É uma visão errônea, sobretudo depois do Tratado de Lisboa, que incrementou os poderes do Parlamento Europeu e lhe proporcionou melhores alavancas de ação e influência frente à Comissão e ao Conselho.

Dos eleitores europeus depende agora que no próximo mês de maio coloquemos uma força populista antieuropeia no coração representativo da UE. Além de trabalhar legislativamente contra a Europa, esses deputados representam exatamente os valores mais contrapostos à união dos europeus: as fronteiras, os confrontos entre nacionalismos e, sobretudo, a exclusão do estrangeiro. São o partido da anti-Europa.

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