terça-feira, 3 de setembro de 2013

Suriname: drogas, armas e presidência

Désiré Bouterse
O principal partido de oposição do Suriname exigiu explicações ao presidente desse país sul-americano, Désiré ("Desi", para seus compatriotas) Bouterse, cujo filho foi preso no Panamá e extraditado para os Estados Unidos por tráfico de drogas e de armas. O deputado do partido de oposição Nieuw Front, Asiskoemar Gajadien, exigiu a renúncia do presidente Bouterse, que havia sido condenado à revelia em 2000 a onze anos de prisão por tráfico de drogas por um tribunal da Holanda, que foi sua metrópole até 1975.

Seu filho, Dino Bouterse, 40, se declarou inocente na sexta-feira (30) perante o Tribunal Federal de Manhattan, em Nova York. Seu primeiro comparecimento foi logo após sua prisão no aeroporto internacional do Panamá, onde ele chegou em posse de um passaporte diplomático.

"Dino Bouterse conspirou para introduzir cocaína nos Estados Unidos e exibiu armas (entre elas, um lança-mísseis antitanques)" declarou o procurador-federal Preet Bharara.

Segundo a ata de acusação, Dino Bouterse tentou enviar uma mala contendo 10 quilos de cocaína aos Estados Unidos, no final de julho. Um de seus cúmplices, Edmund Quincy Muntslag, foi preso na ilha de Trinidad. As autoridades surinamesas reagiram através de um breve comunicado do Ministério das Relações Exteriores, segundo o qual "as causas da prisão não estão claras."

A prisão de Dino Bouterse acabou perturbando a cúpula da União de Nações Sul-americanas (Unasul), que estava sendo realizada em Paramaribo, capital do Suriname. O presidente Bouterse, que assume a presidência rotativa desse órgão regional, adiou seu discurso inaugural nessa cúpula cuja principal decisão foi a reintegração do Paraguai, suspenso da Unasul após a destituição do presidente Fernando Lugo pelo Senado em junho de 2012.

Condenado em 2005
Em agosto de 2005, Dino Bouterse havia sido condenado a oito anos de prisão no Suriname. Na época ele se declarou culpado de liderar uma quadrilha de traficantes de cocaína, armas e carros de luxo roubados. Ele foi solto após três anos, por bom comportamento. Pouco após sua vitória na eleição presidencial de julho de 2010, Desi Bouterse nomeou seu filho Dino como chefe da unidade antiterrorista do Suriname. Essa designação foi duramente criticada pela oposição.

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