sexta-feira, 6 de setembro de 2013

CAAdEx - Um Diagnóstico Preciso da Tropa

O Exército Brasileiro (EB) criou, em 1996, o Centro de Avaliação de Adestramento do Exército (CAAdEx), uma Organização Militar cuja principal missão é medir o nível de adestramento das frações operacionais da Força Terrestre. Essa verificação, realizada por meio de uma Avaliação do Adestramento, é praticada por todas as Forças Armadas do mundo, em maior ou menor nível, dependendo das possibilidades de cada país, e permite, entre outros aspectos, quantificar resultados, orientar procedimentos e validar doutrinas de preparo e de emprego.

O CAAdEx passou a constituir, desde então, o órgão Avaliador de Adestramento do EB, tendo suas estruturas de pessoal e material vocacionadas, preparadas e treinadas para este fim. Para cumprir as suas missões, o CAAdEx utiliza cinco sistemas, que constituem os pilares básicos de uma atividade de avaliação:

- o Dispositivo de Simulação de Engajamento Tático (DSET), equipamento que permite identificar os impactos recebidos por militares e viaturas no transcorrer de um combate, fornecendo dados gerais como letalidade, local de ocorrência, momento e outros;

– a Análise Pós Ação (APA), que é uma reunião realizada ao término de cada evento de uma manobra com o objetivo de explorar os ensinamentos aprendidos com a ação realizada;

– os Observadores, Controladores e Avaliadores (OCA), que é um grupo de militares treinados e constantemente adestrados na verificação dos parâmetros das ações realizadas, na condução dos eventos de cada manobra e na preparação da APA;

– a Força Oponente (ForOp), constituída por uma tropa pertencente ao CAAdEx, treinada para compor uma dupla-ação com a ForAval, permitindo a realização da atividade de avaliação com o maior realismo possível;

– a Força Avaliada (ForAval), é composta por uma fração do escalão que se pretende avaliar. O DSET permite a avaliação objetiva dos eventos do combate ocorrido entre a ForOp e a ForAval, impondo um alto nível de comprometimento das frações. Dentre

as vantagens em se utilizar o equipamento pode-se citar:

– a influência sobre a área afetiva;

– a direta compilação de dados decorrentes do engajamento;

– a personalização do combate, vantagem essencial para que o evento se aproxime de uma situação de combate real (simulação ao vivo).

Atualmente, o CAAdEx utiliza o Simulador BT 47, da SAAB Training Systems, adquirido em 2009. Esse equipamento representa um avanço significativo em relação aos equipamentos anteriores utilizados, pois seus comandos são emitidos no idioma português e utiliza um “laser” especial que oferece segurança para os olhos. Além disso, o emprego do DSET permite que os eventos ocorridos sejam identificados por meio de sons e os equipamentos são totalmente compatíveis com os nossos armamentos.

A adoção, no âmbito do EB, da sistemática de realização das APA substituiu o antigo conceito de “crítica”, buscando eliminar a ideia veiculada pela própria expressão anterior. Na concepção atual, procura-se por meio de reforços positivos, de incentivos às ações meritórias e, principalmente, por meio da identificação individual das oportunidades de melhoria (autocrítica), em cada caso, a busca pelo completo aproveitamento didático da ação realizada.

Um outro elemento fundamental para atingir todos esses objetivos é o militar investido da função de OCA. Normalmente esse militar, oficial ou praça, é pertence ao efetivo do CAAdEx ou é preparado em estágio específico para o desempenho da função.

Os militares do CAAdEx que atuam como OCA são submetidos a uma calendário constante de atividades de estudo doutrinário das operações que irão avaliar e de preparo profissional sobre as Técnicas, Táticas e Procedimentos (TTP) que deverão ser observadas em cada fração avaliada, individual e coletivamente. Trata-se de um militar altamente adestrado e preparado, que deve conhecer muito bem a doutrina de emprego e a tática das tropas que acompanharão em cada exercício de avaliação.

O ciclo mínimo de preparo de um OCA, normalmente aplicado nas três semanas que antecedem cada atividade, tem início com o estudo de um caso histórico, prossegue com instruções doutrinárias sobre o tema do exercício e termina com o estudo direto de um caso esquemático similar, ou idêntico, ao que será aplicado na manobra de avaliação.

A atuação da ForOp não deve ser confundida com as atuações das figurações que normalmente mobíliam os exercícios militares. Ela atua com “vontade própria”, reagindo sistematicamente à situação da manobra, e poderá concluir sua missão obtendo, ou não, o êxito sobre o seu oponente. Esse procedimento empresta ao exercício o realismo necessário para o quadro de avaliação que se pretende atingir.

A ForAval é uma fração representativa do escalão que se pretende avaliar. Na atualidade, o CAAdEx realiza avaliações de Brigadas, por meio da verificação de dois Batalhões de cada Grande Unidade, realizando exercício com frações de valor até subunidade. Nos últimos anos, o CAAdEx vem implementando novas sistemáticas de avaliação visando acompanhar a evolução do combate moderno. Nesse contexto, foram inseridas oficinas de inspeção dos demais sistemas operacionais, além da manobra.

No ano de 2012, ocorreram as seguintes atividades de avaliação:

– participação na preparação dos contingentes do BRABATT;

– participação na preparação dos contingentes da BRAENGCOY;

– 28° Batalhão de Infantaria Leve (GLO) e 37° BIL (GLO), da 11º Bda Inf L;

– 25°BIPqdt e 26°BIPqdt, da Bda Inf Pqdt;

– 1° BIMtz e 2° BIMtz, da 9ª Bda Inf Mtz (GUEs);

– 4° BIL(Amv) e 6° BIL(Amv), da 12ª Bda Inf L (Amv);

– 1º B Fesp e 1° BAC, da Bda Op Esp;

– exercício da II Força Aérea Brasileira (XII FAEx).
Hoje o CAAdEx ocupa um aquartelamento na Vila Militar/RJ e executa suas missões deslocando-se para a região das unidades avaliadas. Existem projetos em andamento no âmbito da Força que poderão resultar em alterações nesta sistemática, ampliando o conjunto de missões atuais. Uma das alterações que pode de ser implementada é a construção de novos Centros de Avaliação, situados na Amazônia, no Centro-Oeste e no Sul do país.

Em linhas gerais, estas novas instalações seriam localizadas dentro, ou muito próximas, a campos de instrução que permitissem o recebimento das unidades para a realização das avaliações. Ainda dentro desse espectro de modernização do sistema, podem ser consideradas as atividades de treinamento e preparação para a manobra a ser realizada, por exemplo, com a inclusão de exercícios simulação de combate antecedendo a avaliação propriamente dita.

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