sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Obama preso entre os dilemas da "guerra dos drones"

Há dez dias, os Estados Unidos lançaram no Iêmen mais uma campanha de ataques por drones contra supostos membros da Al Qaeda na Península Arábica. A explicação seria um reavivamento de ameaças jihadistas contra os interesses ocidentais, e a recusa categórica de deixar a Al Qaeda constituir para si um novo santuário.

Paradoxalmente, Washington havia interrompido anteriormente as operações de drones no Iêmen, durante sete semanas, e até deixou entrever sua próxima cessação. A impressão que se fixava nos Estados Unidos era que esse método estava atingindo seus objetivos: no Iêmen, que havia sucedido o Afeganistão como principal foco de atividades dos imitadores de Osama Bin Laden, a "rede" estaria regredindo.

A administração Obama parecia também se conscientizar da multiplicação de vozes --em seu próprio país-- criticando os efeitos desastrosos do uso de drones, principalmente as "vítimas colaterais" civis, muitas vezes ignoradas nos balanços oficiais dos ataques. Outros, em número crescente, alertavam contra os efeitos a longo prazo de uma estratégia bélica fundamentada no uso de armas que logo poderiam proliferar nas mãos de outros países.

Eis que esses "assassinatos direcionados" recomeçaram no Iêmen. O presidente americano, para justificar o alerta internacional lançado por seus serviços consulares em cerca de 20 países, explicou em rede de TV, na terça-feira (6), que a Al Qaeda ainda constituía uma ameaça "muito significativa". O próprio presidente, preocupado em se distanciar dos anos George W. Bush, em maio proclamou durante um discurso que a "guerra" contra o terrorismo, "assim como todas as guerras, chega ao fim". E se esforçou para enunciar, com a ajuda de um decreto, uma política regulamentando o uso de drones, aviões pilotados à distância aos quais recorreram abundantemente durante seu primeiro mandato.

Os historiadores de guerra conhecem bem a atitude, tão comum aos generais, que em um dia proclamam a eficácia de uma estratégia, pulando de sucesso em sucesso, e depois justificam no dia seguinte a alocação de recursos reforçados, usando como argumento a persistência do inimigo que eles combatem. No caso da nova guerra dos drones no Iêmen, oficiais militares americanos às vezes deixam transparecer que eles não conseguem avaliar direito o grau real de eficácia da estratégia escolhida. O Pentágono admitiu, na terça-feira, não ter certeza quanto à identidade das pessoas alvejadas por ataques naquele dia.

Se a ameaça à segurança é considerada "extremamente alta", como afirmou o departamento de Estado americano, uma questão levantada por um número crescente de estrategistas da luta antiterrorista vem ganhando legitimidade: os assassinatos perpetrados por drones no Iêmen constituiriam a resposta adequada à Al Qaeda nessas regiões ou uma causa da manutenção de seu potencial?

É de se perguntar se essa estratégia, devido à mistura de rejeição com sentimento de impotência que ela suscita no espaço árabe-muçulmano, não estaria beneficiando a disseminação da Al Qaeda e suas capacidades de recrutamento. Pego por uma ameaça terrorista que a morte de Bin Laden em 2011 não eliminou, muito pelo contrário, Obama hoje parece preso nessa contradição.

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