quinta-feira, 18 de julho de 2013

Racismo, controle frouxo de armas e vigilantismo explicam morte de Trayvon Martin nos EUA

Trayvon Martin
A imprensa de todo o mundo cobriu com destaque a decisão na noite de sábado do julgamento pelo assassinato de Trayvon Martin. Na Alemanha, a história foi a principal em um dos maiores programas de notícias, onde a primeira pergunta do apresentador ao correspondente da emissora em Washington foi por que não havia nenhum afro-americano no júri.

Outro importante âncora de notícias notou que o caso atraiu considerável atenção internacional "por parecer tão sistemático e também por dividir o país". O correspondente acrescentou que, para muitos, a morte de Trayvon Martin se tornou "símbolo do racismo ainda presente na América".

Muitos temiam que se um júri todo branco desse um veredicto de não culpado para George Zimmerman, um vigilante de bairro voluntário que atirou e matou Trayvon Martin, um adolescente negro desarmado, isso poderia provocar distúrbios raciais por todo o país. Zimmerman alegou que atirou no jovem de 17 anos em defesa própria, após um confronto noturno em seu condomínio fechado, apesar da orientação da polícia de não persegui-lo. Zimmerman alegou que Martin o socou e bateu sua cabeça contra o chão durante uma briga, antes dele disparar contra o jovem, em defesa própria. Os promotores retrataram Zimmerman como um aspirante a policial que perseguiu Martin devido à sua cor.

Protestos em sua maioria pacíficos ocorreram por todo o país após o veredicto. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, alertou contra permitir as paixões se inflamarem. "Se eu tivesse um filho, ele seria parecido com Trayvon", disse o presidente Obama no domingo, em uma declaração. "Eu sei que este caso provoca fortes paixões. E após o veredicto, eu sei que essas paixões podem estar ainda mais inflamadas. Mas somos uma nação de leis, e um júri se manifestou."

Assim como nos Estados Unidos, um dos principais focos dos editoriais e da cobertura na Alemanha é a controversa lei "Stand Your Ground" ("defenda seu pedaço") da Flórida, que os críticos apelidaram de lei "atire primeiro". Introduzida em 2005 e adotada por outros 20 Estados americanos, ela diz que qualquer pessoa que tema ser ferida ou morta não precisa recuar de um perpetrador potencial, mesmo se houver a possibilidade de fazê-lo com segurança. Isso também deixa para os promotores o ônus de provar sem qualquer dúvida que o atirador temia ser ferido ou morto.

'Tempos do Velho Oeste'

Apesar de importantes políticos alemães não terem comentado o caso, isso não impediu pelo menos um à margem de fazê-lo.

Falando para a "Deutschlandradio", a equivalente alemã da rádio "BBC", Dietmar Bartsch, o vice-líder da bancada parlamentar do Partido de Esquerda, de extrema esquerda, disse que as leis americanas necessitam urgentemente de reforma. "São leis no espírito dos tempos do Velho Oeste", ele disse. "É incompreensível e fico furioso, mas ainda há esperança de que a Justiça Federal reabra o caso."

Um punhado de jornais alemães também publicou editoriais na segunda-feira fazendo críticas à lei da Flórida, que eles argumentam que promove o vigilantismo de formas que são perigosas para a sociedade.

Um comentário no esquerdista "Die Tageszeitung" ataca a "absurda" lei "Stand Your Ground" da Flórida, descrevendo a decisão como "previsível", mas mesmo assim "escandalosa".

"Com esta combinação de preconceitos racistas, controle frouxo de armas e vigilantismo ancorado na lei, incidentes como a morte de Trayvon Martin acontecerão de novo e de novo. (...) Pode ser que o carisma de um presidente negro e declarações de vários líderes de opinião afro-americanos pedindo calma impeçam grandes distúrbios, como os vistos após o veredicto de Rodney King em 1992. Mas as coisas não ficarão bem a longo prazo. Se a paz na sociedade significa algo nos Estados Unidos, então leis como a 'Stand Your Ground' pertencem à lata de lixo da história, e a coexistência deve ter uma base diferente do que por meio de uma dissuasão excessivamente armada."

A emissora de rádio pública "Deutschlandfunk" declarou:

"Leis desse tipo atendem ao lobby das armas, que argumenta que o direito ilimitado à posse de armas é indispensável quando se trata de autodefesa. Assim, apesar de neste caso individual a decisão ter sido legalmente apropriada e sem falta, ela ainda gera sérias perguntas. Se os políticos continuarem a embaçar a autodefesa como codificada na lei 'Stand Your Ground', os autoproclamados protetores da lei também serão empoderados no futuro a tomar decisões ruins, que às vezes terão um resultado mortal. A morte de Martin foi e continua sendo uma tragédia, e os políticos estaduais na Flórida são parcialmente responsáveis por ela."

O jornal "Süddeutsche Zeitung" também critica o vigilantismo nos Estados Unidos:

"Neste caso, os americanos discutiram em excesso sobre a influência da cor da pele de uma pessoa a ponto de outra ideia ter sido em grande parte ignorada –a dos riscos e excessos do vigilantismo. Muitos americanos só se sentem seguros se forem autorizados a portar uma arma carregada, e o caso Zimmerman mostra a que isso leva. Amadores com suspeitas desenvolvidas de modo rudimentar e que superestimam sua capacidade percorrem bairros, espalhando no final a insegurança que deveriam coibir."

O jornal regional "Stuttgarter Zeitung" escreveu:

"Um adolescente negro vestindo casaco com capuz em um bairro de classe média só pode significar problema. Mas isso coloca a discriminação em destaque –suspeita baseada apenas na cor da pele de uma pessoa, em suas roupas ou no seu gosto musical. O fato de existirem policiais que tendem a visar homens jovens afro-americanos mais do que homens jovens brancos é incontestável. Que os traficantes de drogas de pele negra têm a tendência de serem processados mais severamente é um fato estatístico. E o fato de que os afro-americanos nos Estados do Sul americano serem sentenciados à morte com mais frequência que os brancos também não mudou desde que Obama se tornou presidente."

Um comentário:

  1. Até la nos EUA os negros querem cada vez mais??
    Agora porque um retardado que nem branco é resolveu atirar em um negro quem tem que pagar o pato e ouvir mais uma aula sobre racismo somos nós brancos?
    Quem sabe os dados que apontam que a maioria dos crimes são cometidos por negros também não seja racista né?
    Ou então é a folha que eles usam nos documentos já que ela é branca..

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