quinta-feira, 4 de julho de 2013

Novo líder egípcio pode ser apenas uma figura decorativa, dizem especialistas

Em cadeia de rádio e TV, o general Abdul Fattah al-Sisi falou que o Mohamed Mursi não governava mais o país
Um blog de notícias árabe o chamou de "homem misterioso", outro disse que há "pouca informação" conhecida sobre ele, e o maior jornal estatal publicou uma biografia que resumia sua carreira em menos de 150 palavras.

Como ministro-chefe do Supremo Tribunal Constitucional egípcio, Adli Mansour deverá suceder o derrubado presidente Mohammed Mursi e liderar o Egito durante um período interino indefinido após ser empossado na quinta-feira (4).

O presidente Mohamed Mursi foi deposto nesta quarta-feira (3) por um golpe militar apoiado por grande parte da população. O ministro da Defesa do Egito e comandante das Forças Armadas, Abdeh Fattah al Sissi, disse na TV que está suspensa a Constituição do país.

Com mais de 20 anos como vice-ministro-chefe do tribunal, Mansour foi nomeado ministro-chefe após a aposentadoria de seu antecessor na semana passada --no mesmo dia em que as manifestações irromperam por todo o Egito exigindo a renúncia de Mursi.

Mansour agora se vê em uma posição que pode permitir que ele exerça um papel central na redação do próximo capítulo da tumultuada revolução do Egito. Mas sem presença anterior na cena pública ou política do Egito, muitos especialistas dizem que Mansour pode servir como pouco mais que uma figura decorativa.

"Ele é supérfluo, apenas um presidente honorário", disse Negad El Borai, um advogado e ativista de direitos humanos. "Ele é apenas um funcionário."

"Eles o convocaram e ele respondeu", disse El Borai, acrescentando que os militares do Egito serão os verdadeiros árbitros do poder no próximo período.

Segundo um roteiro anunciado pelos militares na quarta-feira (3), Mansour está autorizado a fazer declarações constitucionais, formar um governo tecnocrata interino e criar um comitê para revisar a Constituição.

"Ele é alguém que vem de um corpo que trabalha em forma de colegiado", disse Nathan J. Brown, professor de ciência política e assuntos internacionais da Universidade George Washington. "Dado seu histórico, formação, inclinação e posição, ele provavelmente se verá como alguém que fará o que for preciso legalmente para assegurar que o processo político avance e o Estado egípcio funcione."

Brown, que estudou o judiciário egípcio e se encontrou com Mansour em várias ocasiões, o descreveu como agradável e sorridente, mas bastante reservado.

Como as decisões do Supremo Tribunal Constitucional são emitidas em nome de todo o tribunal, é difícil identificar quais foram as posições de cada juiz. Consequentemente, pouco se sabe sobre as inclinações políticas de Mansour. Segundo Brown, como juiz ele demonstrou a tendência de ser conciliador e não confrontante.

Segundo o "Al Ahram", o jornal semioficial do Egito, Mansour ajudou a elaborar a lei para a eleição presidencial que levou Mursi ao poder. E ao longo dos últimos meses, o Supremo Tribunal Constitucional reconheceu e trabalhou com uma nova Constituição elaborada sob a liderança de Mursi.

"Ele não tentará fazer grandes mudanças nem tentará governar em qualquer senso ativo ou dizer ao Gabinete o que fazer", disse Nathan. "Se você puder ver sua foto oficial, aquele é ele. Sorriso agradável, boca fechada."

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