sexta-feira, 14 de junho de 2013

Rússia se alinha com EUA em apoio à espionagem maciça

Putin
Em questões de segurança entendida como atividades policiais, de serviços secretos e militares, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, se apresenta como um homem com o qual os EUA e seus aliados podem contar, independentemente de suas diferenças no que se refere a democracia e liberdade.

Em uma entrevista na terça-feira (11) no RT (o complexo de canais de televisão estatais em inglês, espanhol e árabe, destinados a propagar o ponto de vista russo no exterior), Putin foi interpelado sobre Edward Snowden, o jovem que revelou programas de vigilância das comunicações pela internet. Segundo o presidente russo, Snowden nada disse que "não se soubesse" quando revelou que os serviços de segurança dos EUA espionam as comunicações eletrônicas dos cidadãos.

Putin afirmou que "em condições da luta contra o terrorismo internacional isso adquire um caráter global" e que "esses métodos de trabalho são necessários". Depois de se referir à importância do "controle" por parte da sociedade, Putin afirmou que na Rússia não se podem escutar as conversas sem "a correspondente autorização dos juízes", por isso escutar com autorização é "normal" e escutar sem ela é "ruim". O que o presidente não disse é que na Rússia, segundo especialistas independentes nesse país, os serviços de segurança têm juízes que aprovam todos os seus pedidos de escuta.

Sendo assim, qual seria o resultado se Snowden pedisse asilo político na Rússia? Uma coisa é ser o protagonista de um programa de entrevistas na RT, como fez Julian Assange, e outra muito diferente é viver e integrar-se na Rússia, com um quadro de liberdades e direitos que diferem do ocidental. Por enquanto, nenhum alto funcionário prometeu asilo a Snowden. O ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, negou-se a especular sobre o tema e afirmou que se Snowden pedir examinarão a questão. No mesmo sentido se expressou o chefe de imprensa de Putin, Dmitri Peskov, e o chefe do comitê internacional da Duma, Aleksei Pushkov, disse que recebê-lo equivaleria a dar asilo político e que os EUA ficariam histéricos.

Como veterano da segurança, Putin entende o uso de diversos tipos de armamento, desde aviões teleguiados aos mísseis intercontinentais sem carga nuclear, passando pelas cargas nucleares de baixa intensidade, mas em todas essas modalidades mostra-se favorável a uma regulamentação internacional. No caso dos aviões teleguiados, salientou que é necessário elaborar regras que minimizem o número de vítimas.

Referindo-se ao norte da África, Oriente Médio e Síria, Putin chamou atenção para as contradições e a falta de previsão da política ocidental. E novamente salientou o tema da segurança: o Iraque é instável e não tem segurança sobre a manutenção de sua integridade territorial, o Iêmen é instável, a Tunísia também. Na Líbia há confrontos étnicos entre tribos e guerra pelos recursos energéticos. No mínimo, disse Putin, medindo suas palavras, a região está mergulhada em um estado de "indefinição e conflito".

Putin referiu-se ao grupo Jabat al Nursa, uma das organizações chaves de oposição armada na Síria, que foi declarado terrorista por sua colaboração com a Al Qaeda pelo Departamento de Estado americano. Segundo o presidente, os EUA não têm resposta quando lhe perguntam se esse grupo participará do futuro governo. Putin disse que quando pergunta aos americanos se "por acaso vão pegar um jornal e esmagá-lo como se fosse uma mosca", eles respondem: "Não sabemos". "Isso não é uma piada, mas uma coisa séria", afirmou.

Depois de várias digressões filosóficas sobre as diferenças culturais e de compreensão do mundo entre EUA e Rússia, Putin afirmou que os EUA foram durante um tempo o único império depois da desintegração da União Soviética e que, como tal, não querem reconhecer seus equívocos porque seria dar sinais de fragilidade. Na realidade, Putin extrapolava um modelo de comportamento oriental que não é alheio ao comportamento russo. Seja como for, Rússia e EUA querem dialogar e ambos estão convencidos de que não há outra saída. Outra coisa é como cada um deles articula a segurança com a liberdade e a democracia.

Um comentário:

  1. Caro sr.Putin

    Eu penso as mesmas coisas que vc falou, espionar sempre, com tanto que ñ venha espionar minha Pátria, BRASIL.

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