quarta-feira, 22 de maio de 2013

"Olho por olho, dente por dente" dita a relação entre Paquistão e Índia

Escultura de areia é deixada em janeiro na praia de Puri, no Paquistão, com mensagem pedindo paz entre Índia e Paquistão. Os dois países disputam a região da Caxemira

Sarabjit Singh teve direito a um funeral de Estado. No dia 3 de maio, a pira onde jazia seu cadáver foi acesa na presença das mais altas autoridades da Índia, entre elas o próprio Rahul Gandhi – herdeiro da dinastia -, que abraçava uma irmã sua às lágrimas.

Indiano de confissão sikh, Sarabjit Singh, de 49 anos, era espião. Ele era agente infiltrado no Paquistão. Encarcerado durante 22 anos em uma prisão de segurança máxima de Lahore, a metrópole do Punjab paquistanês, ele havia sido condenado à morte por ter cometido atentados em solo paquistanês em 1992, que resultaram em 14 mortes.

Mas não foi a Justiça do país no qual ele havia se infiltrado que o executou, no dia 26 de abril. Foram seus companheiros de cárcere no presídio de Lahore. Armados com barras de ferro e tijolos, eles não lhe deram nenhuma chance.

A Índia, é claro, não ficou indiferente. Foi o Estado paquistanês que soltou os carrascos na cova!, berraram os manifestantes indianos, queimando bandeiras verdes de lua crescente e estrela branca, as cores do vizinho e inimigo hereditário.

E as represálias não demoraram. No dia seguinte à morte de Sarabjit Singh, um prisioneiro paquistanês detido em um presídio do Estado indiano de Jammu-e-Caxemira foi atacado por um "companheiro de prisão". Saunallah Ranjha, 52, condenado à morte por terrorismo em solo indiano, era um presidiário conhecido. Ele usava um barrete, uma longa barba tingida de ruivo e tocava flauta. Seu agressor o atacou com golpes de ferramentas de jardinagem. Olho por olho, dente por dente.

O caso diz muito sobre a aspereza que continua a envenenar as relações entre a Índia e o Paquistão, esses dois Estados rivais que nasceram em 1947 dos escombros sangrentos do Império Britânico das Índias. Mas o episódio também diz muito sobre a guerra não declarada entre os dois vizinhos.

Segundo a imprensa indiana, há 750 indianos detidos no Paquistão, contra 350 paquistaneses encarcerados na Índia, incluindo todas as categorias (espiões, ex-prisioneiros de guerra, terroristas, pescadores que atravessaram a fronteira marítima etc.).

O ressentimento de terem sido "abandonados" pelo Estado indiano
O número dá uma pequena ideia dessa parte obscura do conflito. Conheciam-se relativamente bem os grupos jihadistas paquistaneses que vieram atacar na Índia, como o comando que banhou Mumbai em sangue no final de novembro de 2008 (166 mortos). Sabia-se menos sobre as manobras inversas, as da Índia no Paquistão.

Ou mais especificamente, embora não se ignorasse que o Research Analysis Wing (RAW) – a agência indiana de espionagem e de ação externa – operava no Paquistão, foi na ocasião do caso Sarabjit Sing que descobriram que um pesado mal estar rodeava o destino dos agentes que voltavam ao país depois de terem sido soltos das prisões paquistanesas.

Chega a pairar como uma insatisfação sindical dentro dessa comunidade de sobreviventes. De volta ao país, eles remoem o ressentimento de terem sido "abandonados" pelo Estado indiano, para usar as palavras de Surjeet Singh, ex-agente libertado em 2012 após 27 anos de cárcere.

Muitos deles não são necessariamente um "Colonel Vinod", o James Bond indiano dos romances baratos, herói patriota à caça do malvado "Captain Hamid". Eles são meio que a plebe do [serviço secreto francês] Action, cidadãos anônimos recrutados nos distritos da fronteira e treinados em urdu e islamismo, escreve a publicação semanal "India Today" do dia 20 de maio, em uma esclarecedora reportagem sobre "Os outros Sarabjit Singh".

De volta para a Índia, eles exigem serem tratados da mesma forma que os militares para poderem receber uma aposentadoria decente. Uma luta difícil. Uma associação desses ex-agentes secretos entrou com uma ação na Justiça. Um dos líderes do grupo, Vinod Sawhney, teve seu apelo reproduzido pela mídia: "Fomos enviados a Lahore e a Islamabad para vender amendoins?"

Um comentário:

  1. Vão acabar cegos e desdentados...é o planeta poderá ir a ruina por causa deles, cuidado c essas ações....sds.

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