quarta-feira, 15 de maio de 2013

Obama ataca 'circo' sobre atentados na Líbia e endurece com Receita

Corpo do embaixador  americano J. Christopher Stevens é carregado por líbios após o mesmo ser agredido até a morte por extremistas

O presidente Barack Obama, que atualmente está tendo que enfrentar os adversários republicanos – que voltaram com carga total –, além de novas questões sobre a conduta de seu governo, repudiou, na segunda-feira (13), o frenesi em relação à forma como os EUA lidaram com os atentados do ano passado em Benghazi, na Líbia, tachando a reação de "espetáculo" político – mas o presidente fez coro com republicanos e democratas, que têm demonstrado indignação sobre a divulgação de informações segundo as quais o Internal Revenue Service (IRS, a Receita Federal dos EUA) teria selecionado grupos conservadores para realizar um escrutínio especial.

Obama chamou os relatórios do IRS de "ultrajantes" e "contrários às nossas tradições", somando seu protesto aos dos republicanos e isolando a agência, após a Câmara dos Deputados ter agendado uma audiência para a sexta-feira (17), quando provavelmente ocorrerá uma extensa revisão sobre as ações da agência por parte dos parlamentares norte-americanos.

"Eu não tenho paciência com esse tipo de coisa", disse Obama durante uma entrevista coletiva conjunta realizada na Casa Branca com David Cameron, primeiro-ministro da Grã-Bretanha. "Eu não vou tolerar isso. E tenho certeza de que vamos descobrir exatamente o que aconteceu nesse caso".

Quatro meses depois do início de seu segundo mandato, Obama se encontra sob crescente ataque dos republicanos, que acusaram o governo de intimidação política e falta de transparência. Kathleen Sebelius, secretária de Saúde e Assistência Social de Obama, recebeu críticas nos últimos dias, ao solicitar doações de empresas para pagar pelo lançamento, no ano que vem, da nova lei de assistência médica.

Na noite de segunda-feira (13), a agência de notícias "Associated Press" informou que o Departamento de Justiça havia obtido secretamente dois meses de registros telefônicos de seus jornalistas. Para os editores da agência, a medida do Departamento de Justiça é uma "intromissão enorme e sem precedentes" em seu trabalho de captação de notícias – e os republicanos rapidamente tiraram proveito dessa informação.

Reação calculada
Aparentemente, a contundente condenação da Receita Federal norte-americana por Obama foi projetada para evitar quaisquer efeitos negativos para o governo, ao mesmo tempo em que republicanos e democratas solicitavam audiências e investigações sobre o assunto. Mas, em relação a Benghazi, Obama parecia irritado e exasperado em ter que enfrentar uma enxurrada contínua de acusações que ele considera recicladas e movidas por interesses partidários.

"Nós não temos tempo para jogar esse tipo de jogo político aqui em Washington", disse Obama, afirmando que qualquer investigação deveria se concentrar nas quatro pessoas que morreram na Líbia e na melhor forma de prevenir futuros ataques. "Nós desonramos os mortos quando transformamos coisas como essa em um circo político".

"De repente, três dias atrás", ele acrescentou, "esse tema voltou a circular como se houvesse algo de novo em relação a ele. E não há nada de novo aí".

Algumas horas mais tarde, em uma festa beneficente organizada pelo Partido Democrata em Nova York, Obama lamentou o "hiperpartidarismo de Washington" e disse que esperava que os republicanos tivessem se mostrado mais dispostos a cooperar após sua reeleição no ano passado.

"Eu pensei que a nossa vitória sobre os republicanos em 2012 poderia brecar esse tipo de entusiasmo oposicionista, mas isso ainda não aconteceu", disse Obama a simpatizantes na casa de cinco andares do magnata do cinema Harvey Weinstein, localizada no bairro do West Village. "Mas eu sou persistente. E eu vou continuar tentando".

Tea Party na mira
Os comentários de Obama sobre o IRS deixaram a agência e sua liderança sozinhas para responder às acusações de que seus funcionários haviam apresentado exigências adicionais aos membros do Tea Party e de outros grupos conservadores que solicitaram isenção do pagamento de impostos entre 2010 e 2012 – apesar de nenhum desses grupos ter tido sua solicitação de isenção negada.

Os líderes da Comissão de Levantamento e Fiscalização de Fundos do Congresso dos Estados Unidos de ambos os partidos anunciaram que o diretor em exercício do IRS, Steven T. Miller, assim como o inspetor-geral do departamento fiscal do Departamento do Tesouro, apareceriam na primeira audiência.

Aparentemente, a investigação do Congresso está focada em um cronograma detalhado de eventos que tiveram início no começo de 2010 – quando os funcionários do IRS em Cincinnati passaram a utilizar palavras-chave como "Tea Party" e "patriota" para peneirar os candidatos a isenção de impostos – e avançaram até a sexta-feira passada (10), quando o chefe da divisão de organizações isentas de impostos do IRS, Lois Lerner, se desculpou.

Em 14 de março de 2012, em meio a uma onda de reportagens contendo alegações de assédio pela Receita Federal, um grupo de senadores republicanos enviou uma carta a Douglas Shulman, comissário do IRS à época, perguntando se grupos membros do Tea Party estavam sendo tratados de maneira diferente dos outros candidatos ao status de isenção fiscal. Em 26 de abril de 2012, Miller, que na época era vice-comissário do IRS, enviou sua resposta aos republicanos, na qual garantiu que todos os candidatos estavam recebendo o mesmo tipo de tratamento por parte do IRS.

Mas funcionários do Congresso dos EUA que investigavam o assunto disseram que, em 29 de março do mesmo ano, Miller enviou altos funcionários do IRS a Cincinnati para que eles analisassem a acusação de assédio. Nesse mesmo dia, o inspetor-geral do Tesouro informou à agência que ele estava iniciando uma investigação.

Em 26 de abril de 2012, o superior de Lerner, Joseph H. Grant, foi informado sobre a questão por funcionários que haviam retornado de Cincinnati. Esses funcionários informaram Miller sobre a situação em 3 de maio de 2012, disseram assessores do Congresso na segunda-feira (13).

Os membros do Legislativo que estavam tentando obter informações foram mantidos no escuro. Em 18 de junho, senadores republicanos escreveram para altos funcionários do IRS para solicitar mais informações. Miller respondeu em 11 de setembro, novamente sem dizer nada sobre a crescente polêmica.

Líbia em debate
Enquanto isso, na segunda-feira passada (13), a agitação em relação ao ataque em Benghazi dava poucos sinais de diminuir. O deputado federal Darrell Issa, um republicano da Califórnia que lidera a Comissão de Supervisão e Reforma do Governo na Câmara, disse que estava tentando obter o depoimento de Thomas R. Pickering, ex-embaixador dos EUA, e do ex-almirante Mike Mullen, autores de um relatório elaborado por um painel conhecido como conselho de análise de prestação de contas.

Em uma carta endereçada a Pickering e Mullen, Issa citou as acusações de que a análise deles era "incompleta" e "falha". Os republicanos do Congresso se aproveitaram do testemunho de altos funcionários do Departamento de Estado na Líbia para levantar novas dúvidas sobre as decisões tomadas pelo governo antes do ataque e sobre suas explicações após o incidente.

"O presidente pode querer que os norte-americanos acreditem que não há nada aí, mas ele não pode esconder os fatos", disse Brendan Buck, porta-voz do presidente da Câmara dos Deputados, John A. Boehner. "Após quatro norte-americanos terem morrido nas mãos de terroristas, o governo foi menos do que claro e direto sobre como isso aconteceu. E eles continuam negando os pedidos para a divulgação de novas informações".

Pickering, em entrevista por telefone concedida na segunda-feira (13), defendeu pelo segundo dia consecutivo o trabalho do painel, formado por cinco membros, e disse que ele e Mullen concordaram em depor perante a comissão de Issa.

Especificamente, Pickering apoiou a decisão do painel de não questionar Hillary Clinton, a secretária de Estado à época dos ataques em Benghazi, quando discutiu suas conclusões preliminares com ela perto do final de sua análise, para a qual foram entrevistadas mais de 100 pessoas.

Hillary 'toma' culpa
Em outubro de 2912, Clinton assumiu publicamente a responsabilidade pelo ataque em Benghazi, mas Pickering disse que a obrigação do painel era atribuir responsabilidades a indivíduos específicos, que tomaram as decisões sobre as medidas de segurança adotadas no local.

A instauração do painel foi autorizada por uma lei de 1986, destinada a reforçar a segurança das missões diplomáticas dos EUA. Essa lei exige que um painel seja criado sempre que alguém morrer ou sempre que forem registrados ferimentos graves ou a destruição significativa de propriedades norte-americanas durante missões diplomáticas no exterior.

Clinton imediatamente acatou as 29 recomendações da análise após o painel ter divulgado seu relatório, em dezembro passado.

Desde então, o Congresso dos EUA aprovou US$ 1,4 bilhão em recursos para realizar as mudanças sugeridas, que incluem a contratação de centenas de agentes de segurança diplomática adicionais e de guardas dos fuzileiros navais (Marines) para as embaixadas, além da implantação de melhorias no treinamento concedido aos funcionários que assumirem postos em locais perigosos e da reformulação dos procedimentos de nomeação para aumentar o número de profissionais experientes e bem-treinados que servem em funções de alto risco.

Respondendo às acusações dos republicanos, segundo as quais o governo havia tentado acobertar o fato de que os ataques de Benghazi estavam relacionados a ações terroristas, Obama observou que enviou o chefe do Centro Nacional de Contraterrorismo para fornecer informações aos membros do Legislativo três dias depois que Susan Rice, a embaixadora dos EUA na ONU, apareceu dando entrevistas em talk shows dominicais.

"Quem é que realiza algum tipo de acobertamento ou esforço para diminuir a importância de eventos como esse durante apenas três dias?", perguntou ele. "Essa coisa toda desafia a lógica".

4 comentários:

  1. A interferência e os pretextos para atacarem a Líbia, é que foi um circo e muito mal armado diga-se de passagem, só caiu no papo furado usado para guerra, quem é muito trouxa. Em relação ao atentado contra o embaixador americano, muito bem feito, ou os EUA acham que são queridos pelos jihadistas que armam e apoiam? Quem conhece alguma coisa sobre esses grupos, sabe que EUA, UE, Canadá, Austrália, e o restante da panelinha internacional, representam tudo que esses militantes mais odeiam.



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  2. Pois é, e qtas crianças morreram nos bombardeios da OTAN/EUA? Pouco importa! Agora os 4 santos americanos mortos na Líbia deve ser pq DEUS anda falhando contra os EUA. Vejamos, as 9 crianças afgãs que morreram em bombardeio dos EUA, não tem valor como vida, em compensação 1 semana depois as duas que morreram no atentado, mal explicado, de Boston, foi um DEUS nos acuda. As locutoras da globo por pouco não pediram um minuto de silêncio a nós telespectadores ou então só faltaram nos pedirem para chorar um pouco, como se fossemos carpideiras da globo sem salários. O que esse Obama e o resto dos americanos deveriam ver, é que os EUA transformaram o MUNDO em um Coliseo Americano para matanças de nos animais-humanos, eles com bigas e leões e nós desarmados pedindo morte rápida para em encurtar o sofrimento. Isso é que eu chamo de "circus".

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    1. ^^^^ Isso da mídia ocidental chega a ser patético de tão ridículo, ninguém pode detonar uma miserável de uma bomba dentro dos EUA, já na Síria, pode até comer coração de soldado que passa como mais um crimisinho de guerra comum. O que mais me chamou atenção, foi como foram bem recebidos no ocidente, os atentados contra mesquistas em Damasco, que mataram líderes religiosos, aliados de Bashar Al Assad (em um dos atentados morreram 50 pessoas, todos eles civis fieis que estavam rezando nenhum alvo militar) Depois reclamam dos jihadistas odiarem o ocidente,e que esse atentado foi feito por eles mesmo, pq como vai querer que eles também tenham algum apreço pela vida de ocidentais, se muçulmanos morrerem é a coisa mais banal no mundo ocidental? Agora se vc matar dois ou três americanos ou europeus, vc passa a ser um monstro, terrorista, e por ai vai.

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  3. Isso mesmo amigo. Chega ser ridículo a atenção que a Rede Globo deu para esse atentado em Boston. Uma semana inteira falando só nisso. Enquanto isso, os Eua financiam terroristas para lutar na Síria , onde fazem atentado contra civis e militares. Além dos bombardeios no Afeganistão que mata dezenas de pessoas cada vez. A mídia trata isso como fato isolado ou como se vida dessas pessoas não tem valor algum.

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