segunda-feira, 20 de maio de 2013

Nigéria passa à ofensiva contra o fundamentalismo islâmico

Soldados nigerianos 
Com um gesto sério e preocupado, o presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, anunciou na terça-feira a declaração de situação de emergência em três Estados do nordeste - Yobe, Adamawa e Borno. Os recentes ataques da seita islâmica radical Boko Haram neste último, com dezenas de mortos, representam uma ameaça contundente à própria integridade territorial do país, o mais populoso da África, com 160 milhões de habitantes, e o maior produtor de petróleo do continente. Pela primeira vez, Jonathan admitiu que esse grupo tomou o controle de uma parte de Borno. "É uma declaração de guerra", disse o presidente, que anunciou o envio de mais tropas para o norte.

A Boko Haram foi fundada no início da década passada pelo carismático líder islâmico Mohamed Yusuf. A partir de uma ideologia extremista contra o Ocidente e desenvolvendo vínculos com outros grupos semelhantes que atuam na África, como a Al Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI) e a Al Shabab (Somália), a Seita, como também é conhecida, foi se alimentando do descontentamento e da falta de horizontes dos jovens do norte da Nigéria, de ampla maioria muçulmana. Seus ataques se dirigiam não só contra as forças de segurança, mas sobretudo contra igrejas e comunidades cristãs.

Em 2009, o governo do presidente Umaru Yar'Adua lançou uma ofensiva contra a Boko Haram e conseguiu matar Yusuf. Um daqueles jovens descontentes recrutados pelo líder se apressou a substituí-lo. Tratava-se de Abubakar Shekau, igualmente empenhado em estender sua visão radical da xariá, ou lei islâmica, a toda a Nigéria, e talvez inclusive mais violento. Depois de superar algumas dissensões, a Boko Haram, que é considerada responsável pela morte de cerca de 3.600 pessoas desde 2009, voltou a mostrar sua violência.

Desde a ascensão ao poder de Goodluck Jonathan, cristão e do sul, em 2010, a seita lhe declarou guerra. O presidente tentou enfrentar a ameaça terrorista que vem do norte sempre com mão dura. De fato, enquanto aos insurgentes do delta do Níger, no sul, ofereceu a possibilidade de uma anistia, se entregarem as armas, no norte se opõe. E a escalada de violência vai aumentando.

Hoje, pela primeira vez, está em jogo a própria integridade territorial da Nigéria. É o que acaba de dizer o presidente Jonathan, mas já o admitiu há duas semanas o general nigeriano Austin Edokpayi. A Boko Haram controla uma parte do estado de Borno. As comparações com o ocorrido no ano passado no norte do Mali estão na mente de todos. De fato, a Boko Haram participou da ocupação do Mali ao lado de seus aliados da AQMI e do Movimento pela Unidade da Jihad na África Ocidental (Muyao). Shekau enviou várias dezenas de combatentes que colaboraram na tomada de Gao.

4 comentários:

  1. Michel, qual dos países africanos possui as melhores forças armadas?

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Espero q consigam conter esses fundamentalistas, ñ importa a religião, sds.

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