quinta-feira, 4 de abril de 2013
Taiwan poderia dar lições à China?
A sociedade chinesa está em ebulição. Décadas de rápido crescimento sob o governo de um único partido deixaram sua população mais rica, mas ela sente dolorosamente a falta de liberdade e segurança, sua incapacidade de proteger sua prosperidade.
Um homem forte, ciente de que sua saúde está em declínio, decide seguir o fluxo da história mundial à medida que os países asiáticos se democratizam, liberalizando sua nação. De repente, a verdade está nos lábios de todos assim que as restrições à mídia e à liberdade de expressão são removidas. Questões sociais germinando há anos coalescem em grupos da sociedade civil que passam a defender os direitos trabalhistas, os direitos das mulheres, os direitos das minorias étnicas, os direitos do consumidor, a proteção ambiental e mais. Partidos políticos alternativos são legalizados. As pessoas votam. Nasce uma democracia.
Não, não se trata de um filme de ficção científica sobre a China em 2017, mas aproximadamente o que aconteceu em Taiwan em 1987, quando o líder do partido Kuomintang, Chiang Ching-kuo, filho do antigo ditador Chiang Kai-shek, suspendeu a lei marcial, colocando um fim ao controle exercido por seu partido e por seu aparato de segurança sobre a República da China, que eles transferiram para Taiwan em 1949 após fugirem dos comunistas na China continental.
Algo assim poderia acontecer na China? E, mais importante, quem seria o homem forte que tomaria a decisão?
Em muitos níveis, há semelhanças entre Taiwan em 1987 e a China hoje. Ambas são chinesas no sentido de que o chinês é a língua falada e a cultura chinesa é majoritária, independente de como isso seja definido. A China hoje, como Taiwan na época, está repleta de questões onde muitas pessoas desejam ver mudanças, da educação e poluição até a corrupção. Muitos não querem uma democracia plena, inseguros do que isso significaria para o país, mas querem ter voz ativa em sua sociedade. Alguns desses pontos de vista são compartilhados por importantes líderes no governo e no partido. Mas a diferença chave é que, em 1987, Taiwan tinha um homem forte cujo poder, assim como sua saúde, estava em declínio. Era um momento de mudança.
Os homens fortes da China –pois atualmente eles são um grupo, não um indivíduo– não veem seu poder em declínio.
"A China não está em declínio. A China está em ascensão e é muito orgulhosa e arrogante", disse Michael Hsiao, diretor do Instituto de Sociologia da Academia Sinica, em Taiwan.
"Não há escassez de homens fortes na China. A cada 10 anos eles organizam e planejam para os homens fortes", ele disse. (Essa transição de liderança acabou de ser concluída, em um processo cuidadosamente administrado que teve início em novembro passado e terminou em março.)
O período de "declínio do homem forte" é o único momento para uma mudança?
É uma oportunidade, disse o dr. Hsiao.
A China teve seus momentos de "declínio do homem forte" –pelo menos duas vezes, disse o dr. Hsiao, apontando para os últimos anos de Mao Tsé-tung e Deng Xiaoping. "Mas o que acontece a seguir? Na China, um grupo de homens fortes assume." São os sete membros do Comitê Permanente do Politburo, que dirige o país e trabalha por consenso.
"Em 1987, a legitimidade da dinastia Chiang estava abalada", disse o dr. Hsiao. Chiang Ching-kuo sabia que seria impossível uma terceira geração continuar dirigindo Taiwan.
"Se ele quisesse ser preservado pela história, ele teria que se voltar a liberalismo", ele disse.
Mas de modo crucial, diferente de Taiwan, onde movimentos sociais clandestinos conhecidos como "partido de fora" estavam coalescendo, a sociedade civil da China atualmente é fraca, mantida assim deliberadamente pelo partido, que sabe que se trata do locus potencial de mudanças sociais e políticas. Todo dia por todo o país surgem pessoas e grupos pedindo por mudanças, apenas para serem silenciados. Os grupos que persistem são frequentemente cooptados, disse o dr. Hsiao. Muitos dos intelectuais da China são "cínicos" a respeito da democracia, algo que os impede de serem realmente úteis para consegui-la, ele disse.
Basicamente, disse Mark Harrison, um especialista em Taiwan da Universidade da Tasmânia, o poder é diferente aqui.
"O Partido Comunista Chinês exerce poder de formas mais sofisticadas e complexas do que o Kuomintang quando estava no controle total", disse o dr. Harrison por telefone, da Austrália. "Na China, o PCC é a aparência do poder. Ele é o poder. E é difícil para essa força universal pensar fora de si mesma."
Colocando de outra forma, há muitas semelhanças entre Taiwan em 1987 e a China em 2013, mas também há muitas diferenças.
Assim, uma reforma é provável? "Poderia ocorrer", disse o dr. Hsiao, "mas exigiria que um grupo de pessoas dentro do centro do poder dissesse: 'Vamos fazer algo, mas eu protegerei os seus interesses'."
"O centro do poder nunca liberalizará a menos que a pressão seja real", ele disse. "E na China, eles não acham que a pressão é real, porque não é organizada."
Por que reformar? Isso seria necessário, à medida que o país fica mais rico?
"A China pode estar se tornando mais rica, mas a desigualdade está crescendo", disse o dr. Hsiao.
"E um senso de relativa privação também pode ser uma força a favor da revolução", ele disse. "As pessoas podem dizer: 'Ok, vocês deixaram os pobres menos pobres, mas deixaram os ricos muito ricos e não há uma distribuição justa'. Esse é o motivo para uma reforma. E o que piora a desigualdade no dia a dia? A corrupção política."
Logo, Xi Jinping é um homem forte? "Mesmo se fosse durão e forte, eu não acho que ele poderia agir sozinho", disse o dr. Hsiao. "Se ele se posicionasse como um homem forte a favor de reformas, então seus pares se sentiriam ameaçados."
E esse é o problema de um grupo forte. Ele está atado por seu poder e seus números.
Taiuan é CHINA e ponto final...cedo ou tarde serão reincorporados a China continental..de um jeito ou de outro...Depois disto...bem , o mundo poderá tremer c o avanço das 'hordas' do Dragão..bem,+ isso e coisa p 15/25 anos...Quem viver verá. Sds.
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