quinta-feira, 21 de março de 2013

Visita de Obama a Israel evidencia silêncio inútil sobre a Palestina

Obama e Netanyahu

Barack Obama chegou na quarta-feira (20) a Israel-Palestina depois que seus porta-vozes baixaram cuidadosamente as expectativas sobre o conflito, para apontar, em troca, a contenda com o Irã. Por que o presidente americano viaja no começo de seu segundo mandato, quando, por não poder mais optar pela reeleição, se supõe que teria as mãos mais livres para atuar? Porque um presidente americano não pode adiar indefinidamente a visita a seu mais íntimo aliado, e ainda não o havia feito; porque não tem nem sinal de plano de paz para comunicar ao mundo.

Eis porque considera que qualquer iniciativa de paz deve proceder dos interessados, com o que evoca o secretário de Estado de Bush pai, James Baker 3º, quando disse ao primeiro-ministro israelense Isaac Shamir que lhe telefonasse - acrescentando o número da Casa Branca - quando tivesse algo a propor; porque entrevistando-se com Mahmud Abbas pretende dar um pouco de ar ao presidente palestino em seu eterno confronto com o Hamas, e assim ratificar que Washington continua defendendo a solução dos dois Estados. Mas até a maior inação, quando provém de um ator imprescindível como os EUA, tem consequências autônomas.

E essas modestas preocupações presidenciais servem perfeitamente aos interesses do chefe de governo israelense, Benjamin Netanyahu, que mal conseguiu formar um governo sem ultraortodoxos, com cinco partidos que reúnem 68 assentos em um Parlamento de 120 e têm em comum apenas a paralisia total diante da questão palestina. O "status quo" é por isso o melhor que o chefe do Likud poderia pedir. Graças à colaboração da Autoridade Palestina, reina uma relativa calma nos territórios ocupados; o isolamento internacional que Israel poderá sofrer é plenamente suportável, enquanto contar com o apoio americano e mantiver excelentes relações comerciais com a UE, que lhe permitem reexportar como próprios os produtos do campo palestino; e, desde que Abbas não ameace levar Israel diante do tribunal de Haia, o recente ingresso da Palestina como observador na ONU não representará problema algum. A jogada do líder da Autoridade Palestina como protesto pela virtual morte do processo de Oslo, como uma espécie de réplica caseira da Primavera Árabe, é só um placebo.


O núcleo da coalizão continua sendo formado pelo Likud de Netanyahu e o Israel Beiteinu de Avigdor Lieberman, que retêm as pastas de Relações Exteriores, Interior e Defesa, mas os grandes fazedores de reis são os colonos. Uri Ariel, ex-presidente do Conselho de Assentamentos, dirigente do Barit Yehudi e mortalmente contrário a qualquer negociação com os palestinos, é o novo ministro da Habitação, ao mesmo tempo que Netanyahu anuncia seu propósito de situar um milhão de colonos nos territórios ocupados, contra os 500 mil hoje estabelecidos. E, para fechar o círculo, Yair Lapid, líder do partido laico Yesh Atid, assume a pasta das Finanças instalado na mais completa indiferença diante do processo de paz.

A distração iraniana provavelmente traz incorporado algum preço que Netanyahu preferiria não pagar, como a garantia de que nos próximos meses não atacará o Irã para destruir sua indústria nuclear - supostamente inclinada à fabricação de armas atômicas - enquanto os EUA entenderem que há margem para ação diplomática. O fato de Obama ter garantido na semana passada que faltava pelo menos um ano para que Teerã tivesse condições de fabricar a bomba faz pensar que esse é o prazo mínimo de espera que pede a Israel. Mas, refinando um pouco mais, nem o Irã nem os EUA vão se apressar a pôr suas últimas propostas na mesa antes de junho, com a realização de eleições presidenciais no país dos aiatolás. Mas nem sequer nesse terreno os palestinos têm o que ganhar.

Mesmo que não se fale em Oriente Médio, o conflito não deixará de estar na mente de todos. Netanyahu distrairá sua impaciente espera aprovando assentamentos, o que tornará ainda menos provável uma retomada das negociações; Mahmud Abbas se verá pressionado por sua opinião pública para fazer algo, talvez na direção de Haia; o "Hamastão" terrorista de Gaza poderia violar a trégua acordada em 21 de novembro passado e lançar seus foguetes contra as cidades israelenses, com as devastadoras represálias habituais de Jerusalém; e o Irã, se tiver dúvidas, poderá chegar à conclusão de que só a arma nuclear é garantia para o futuro.  Por tudo isso, é impossível não tratar do contencioso da Palestina; porque mesmo se calando o conflito se agrava.

2 comentários:

  1. Opa se reuniram , "time -x" para descer o sarrafo no Irã e pulverizar seu exercito faz de conta.

    XTREME

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  2. Por uma nova intifada....e p ontem...lamentável.Sds.

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