sexta-feira, 15 de março de 2013

Alemanha reprime salafistas após descoberta de "complô assassino"

Hans-Peter Friedrich, ministro do Interior da Alemanha

Depois de batidas policiais a grupos salafistas na quarta-feira (13) no Estado alemão de Renânia do Norte-Vestfália, que frustraram um aparente complô salafista para atacar importantes membros do partido regional de direita populista Pro-NRW, os conservadores alemães pedem novas ações contra os extremistas islâmicos.

Wolfgang Bosbach, um membro destacado do Partido Democrata Cristão (CDU) da chanceler Angela Merkel e especialista em política interna do partido no Parlamento, gostaria de facilitar a deportação de extremistas religiosos.

"É incompreensível por que a lei de deportação se aplica aos perpetradores de violência com motivação política e não a fanáticos de motivação religiosa", disse ele em uma entrevista ao diário "Neue Osnabrücker Zeitung", publicada na quinta-feira (14).

Como muitos dos salafistas em questão também são cidadãos alemães, ele pediu que se faça mais para investigar e, quando necessário, processar os extremistas.

O pedido veio um dia depois que a polícia prendeu quatro islâmicos que estavam supostamente planejando um ataque a Markus Beisicht, chefe do Pro-NRW. Dois dos que foram levados em custódia foram detidos perto da casa de Beisicht, onde aparentemente realizavam um reconhecimento em preparação para um ataque. Um terceiro foi detido em Bonn, onde a polícia também encontrou uma arma de fogo e material explosivo. O quarto suspeito foi detido em Essen. Três deles têm passaportes alemães, enquanto o quarto é albanês, segundo o escritório do promotor público em Dortmund.

Visivelmente abalado
Além das armas, a polícia encontrou uma lista com os nomes de oito membros do Pro-NRW marcados em vermelho, incluindo o de Beisicht. O investigador-chefe Rainer Pannenbäcker se recusou a dizer se a polícia suspeita que os ataques contra os outros da lista eram iminentes. Mas o próprio Beisicht disse, em uma breve aparição diante de seguidores na quarta-feira à noite, que todos os marcados na lista foram informados e colocados sob proteção policial.

Em um vídeo daquele evento, Beisicht parece visivelmente abalado, mas também decidido. "Não é uma situação boa, certamente, ter a polícia estacionada na frente de sua casa", disse ele, antes de acrescentar: "Isso mostra que eles são muito piores do que os apresentamos. Nós nunca vamos capitular aos inimigos da liberdade".

Beisicht ficou famoso na Alemanha no ano passado quando o Pro-NRW lançou um concurso de caricaturas do islã e depois exibiu os "vencedores" diante de edifícios muçulmanos, antes das eleições estaduais em maio passado. Os eventos irromperam em violência em duas ocasiões, parcialmente em consequência de salafistas de toda a Alemanha que viajaram para a região para apoiar as manifestações. Em um evento em Bonn em 5 de maio, tumultos entre salafistas e a polícia destacada para proteger os manifestantes do Pro-NRW resultaram em ferimentos contra 29 policiais. Dois deles acabaram no hospital com graves ferimentos de faca.

Desde então, ameaças contra o Pro-NRW vindas do meio islâmico se tornaram comuns. Pouco depois da violência de maio passado, um vídeo produzido por um islâmico na região de fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão pedia que os muçulmanos caçassem e matassem membros do Pro-NRW.

Perseguindo os salafistas
"Na maior parte, porém, as ameaças foram abstratas", disse o porta-voz do partido, Markus Wiener, que diz que seu nome também está na lista encontrada na quarta-feira. "Mas essa é uma nova dimensão, com armas e explosivos. Estamos claramente chocados", ele disse. "Mas vamos continuar lutando."

Notícias do ataque frustrado ao Pro-NRW surgiram imediatamente depois que a polícia invadiu cerca de 20 apartamentos pertencentes a membros de grupos salafistas, assim como um local de encontro de grupos na Renânia do Norte-Vestfália e no Estado de Hesse. Embora não tenham sido feitas prisões, os policiais confiscaram computadores, telefones, material de propaganda e uma pequena quantidade de dinheiro.

Além disso, o ministro do Interior alemão, Hans-Peter Friedrich, proibiu três grupos salafistas. As batidas não foram ligadas ao complô do Pro-NRW, segundo as autoridades.

Um dos grupos, o DawaFFM, foi visado devido a seu "uso de propaganda cheia de ódio e agitação orientada para a violência" para atacar valores ancorados na Constituição alemã. O outro grupo foi banido parcialmente devido a suspeitas de que estava coletando dinheiro para grupos islâmicos que operam na Síria.

Em seus comentários ao "Neue Osnabrücker Zeitung", Bosbach disse que as proibições foram "um passo na luta contra o salafismo". Mas as "proibições não fazem a ideologia radical desaparecer", acrescentou.

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