terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Alemães mantêm investigação sobre massacre nazista de 1944 em região francesa

 Oradour-sur-Glane

Investigadores alemães foram pela primeira vez até Oradour-sur-Glane (Haute-Vienne) na terça-feira (29). Nesse vilarejo onde 642 vítimas foram massacradas no dia 10 de junho de 1944 por uma divisão blindada SS "Das Reich", havia policiais militares posicionados na entrada das ruínas, impedindo qualquer intrusão.

Sob chuva fina, um magistrado e um comissário de polícia da Alemanha, ajudados por seus colegas franceses, fizeram observações. Como em qualquer outro caso criminal. Sessenta e oito anos após os acontecimentos, a visita a priori é surpreendente, mas na Alemanha os crimes de guerra não prescrevem, ao contrário da França, onde o limite é estabelecido em trinta anos, desde uma lei de 2010.

É difícil imaginar que depois de tanto tempo seja possível encontrar novos indícios. Mas os investigadores querem "entender como era a disposição do recinto", o que "permite validar ou invalidar as declarações" dos supostos autores. Foram efetuadas anotações fotográficas e topográficas.

"O local é um indício a partir do momento em que se pode situar, visualizar as distâncias, o posicionamento de tal ou tal pessoa", explica Aurélia Devos, vice-procuradora de Paris, chefe do departamento de crimes contra a humanidade.

Como parte de uma ajuda penal internacional mútua, ela acompanhava os dois representantes de Andreas Brendel, o procurador de Dortmund, especializado nos crimes nazistas.

Na Alemanha, é ele que está conduzindo as investigações sobre os autores do massacre de Oradour e buscando determinar as responsabilidades de sobreviventes.

Em 1953, em Bordeaux, um tribunal militar francês havia condenado à morte à revelia o general Heinz Lammerding, considerado o principal responsável, mas a Justiça alemã nunca o entregou às autoridades francesas. Este faleceu em 1971, sem nunca ter sido verdadeiramente incomodado. Desde o julgamento de Bordeaux, ninguém foi incomodado por aquilo que é considerado a maior matança cometida pelos nazistas na França contra populações civis, onde morreram 247 crianças.

"Simbolicamente muito forte"
A reunificação alemã em 1990 viria a mudar as coisas. Um historiador encontrou nos arquivos da Stasi (serviços secretos da ex-Alemanha Oriental) documentos que permitiram reabrir o inquérito. No final de 2011, a Justiça alemã revistou o domicílio de seis homens, com idades de 85 e 86 anos, suspeitos de terem participado do massacre.

Mas nenhuma prova decisiva foi encontrada e, quando ainda estavam em condições de depor, os suspeitos negaram sua participação. Então o inquérito foi reavivado em Oradour, e seu seguimento ainda desperta muitas emoções

"Simbolicamente, é muito forte", comemora o prefeito, Raymond Frugier. "O fato de que a Justiça continua seu trabalho 68 anos depois e que um procurador alemão seja encarregado do caso prova que as mentalidades evoluíram muito".

No entanto, a ida de investigadores alemães até o local de um massacre perpetrado na França não é novidade. O mesmo procurador Brendel foi em 2008 até Maillé (Indre-et-Loire), onde 124 dos 500 habitantes foram mortos pelos nazistas, no dia 25 de agosto de 1944. Mas ao contrário da comuna de Haute-Vienne, onde a cena do crime foi "congelada", o vilarejo de Maillé foi reconstruído.

Por um acaso do cronograma judiciário, essa reabertura do inquérito sobre Oradour coincide com a véspera do 80º aniversário da chegada de Hitler ao poder na Alemanha.

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