quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Obama assume segundo mandato com desafio de resgatar diplomacia


A diplomacia morreu. A diplomacia eficaz - do tipo que produziu o avanço de Nixon com a China, o fim da Guerra Fria em termos norte-americanos, ou o acordo de paz de Dayton na Bósnia - exige paciência, persistência, empatia, discrição, ousadia e uma vontade de conversar com o inimigo.

Esta é uma época de impaciência, mutabilidade, palavrório, mente pequena e uma falta de vontade de falar com os malvados. Os direitos humanos estão na moda, o que é uma coisa boa, é claro, mas o espaço para a diplomacia realista --do tipo que produziu a paz na Bósnia em 1995-- diminuiu. A "real politica" do falecido Richard Holbrooke não era para os mais sensíveis.

Há outras razões para a morte da diplomacia. Os Estados Unidos perderam a sua posição dominante, sem que nenhuma outra nação tenha subido para tomar seu lugar. O resultado é um mundo de ninguém. É um lugar onde os EUA atuam como um chefe cauteloso, alternadamente incentivando os outros a assumirem a liderança e se preocupando com a perda de autoridade. A Síria tem sido uma lição pouco edificante ao longo da crise, enquanto a diplomacia está morta. A Argélia mostra como os mortos se empilham quando a conversa é descartada como uma perda de tempo.

A violência, do tipo que a diplomacia antes resolvia, mudou. Como William Luers, ex-embaixador na Venezuela e diretor do Projeto Irã, disse num e-mail: ela acontece "menos entre Estados e mais nas relações com terroristas". Um resultado é que "os militares e a CIA têm estado no comando ao lidar com governos em todo o Oriente Médio e nas relações de Estado com Estado (Paquistão, Afeganistão, Iraque)". O papel dos diplomatas profissionais foi espremido.

De fato, a própria palavra "diplomacia" se tornou fora de moda no Capitólio, onde suas associações covardes - barganhas, concessões, flexibilidade e outras parecidas - são evitadas por deputados que nos dias de hoje preferem rufar os tambores pós-11 de setembro do confronto, dureza e inflexibilidade: tudo isso pode parecer bom, mas muitas vezes não leva a lugar algum (ou a longas guerras intratáveis) a um grande custo.

Stephen Heintz, presidente do Rockefeller Brothers Fund, escreveu em um e-mail dizendo que "quando a política nacional se transforma em polarização e paralisia, o impacto sobre a possibilidade diplomática torna-se excessivamente restritivo". Ele citou Cuba e o Irã como exemplos; eu acrescentaria Israel-Palestina. Estas questões críticas da política externa são vistas menos como desafios diplomáticos do que como fontes potenciais de capital político interno.

Então, quando eu me perguntei o que esperava que o segundo mandato de Barack Obama inaugurasse, minha resposta foi uma nova era de diplomacia. Não é muito tarde para o presidente fazer jus àquele prêmio Nobel da Paz.

É claro que os diplomatas fazem muitas coisas valorosas em todo o mundo, e até no primeiro mandato houve algumas mudanças significativas. Como por exemplo, em Burma, onde a diplomacia paciente dos EUA produziu uma abertura, e no ioiô do novo Egito, onde o engajamento dos EUA com a Irmandade Muçulmana foi importante. Mas se espera muito mais e se levanta a questão de quando os EUA farão a mesma coisa com a ramificação da organização palestina Hamas.

Mas Obama não teve um grande avanço. O marasmo diplomático norte-americano está se aproximando de seu 20º ano.

Há algumas razões modestas para pensar que pode-se abrir uma rachadura na tampa do caixão da diplomacia. Este é um segundo mandato; Obama está menos endividado com os caprichos estridentes do Congresso. A direita republicana, que nunca recua um centímetro, está mais fraca. Obama escolheu dois profissionais experientes (John Kerry e Hagel Chuck, indicados para secretário de Estado e secretário de defesa) que viram guerras suficientes para detestá-las e têm uma experiência profunda do mundo. Eles sabem que a paz envolve riscos. Eles sabem que as coisas podem ser feias. As grandes guerras estão diminuindo. Os comandantes militares podem ceder algum espaço para os diplomatas.

O avanço diplomático não é conduzido com os amigos. É realizado com o Talibã, o aiatolás e o Hamas. Implica aceitar que, a fim de obter o que deseja, você tem que dar alguma coisa. A questão central é: o que eu quero tirar do meu rival e o que eu preciso dar para obter o que quero? Ou, colocando da maneira que Nixon colocou ao buscar um terreno comum com a China Comunista: o que nós queremos, o que eles querem, e o que ambos queremos?

Obama tentou um monte de enviados especiais no primeiro mandato. Não funcionou. Ele precisa dar poder ao seu secretário de Estado para fazer o trabalho pesado sobre o Irã e Israel-Palestina. Luers sugeriu que "uma ideia para uma nova diplomacia seria Hagel e Kerry levarem senadores de ambos os partidos para viagens ao exterior e lugares problemáticos. Isto costumava ser uma prática comum. Seja ousado com o Senado e tente levá-los."

Para a diplomacia suceder, o ruído tem de ser silenciado. Hoje em dia, há um monte de cidadãos-diplomatas pouco práticos por aí divagando sobre soluções sonhadoras para Israel-Palestina e questões semelhantes. A mídia social e a hiperconectividade trazem enormes benefícios. Elas ajudaram a inflamar a onda de libertação conhecida como Primavera Árabe. Elas são as multiplicadoras das forças pela abertura e cidadania. Mas elas podem desviar a atenção da diplomacia focada e de "real politica", que trouxe os grandes avanços de 1972, 1989 e 1995. Chegou a hora de mais um avanço.

3 comentários:

  1. Michel, fazendo uma pergunta diferente do assunto do post, qual tua opinião sobre os supostos ataques às torres gêmeas e ao pentágono? Tu acha que foram orquestrados pelo governo dos EUA ou realmente foram ataques terroristas nos quais o governo nada teve a ver?

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    1. Bom, os militantes islâmicos, especialmente a Al-Qaeda se gabam de tal feito. Mas esse assunto é meio suspeito. Se não foram orquestrados pelos EUA, no mínimo eles sabiam que os ataques iriam aconteceram e não fizeram nada para impedir. O ex-premiê da Itália e também ex-presidente italiano, Francesco Cossiga, disse certa vez que a CIA e o Mossad estava por de trás dos atentados. No dia dos ataques, cerca de 3.000 judeus não foram trabalhar. No mínimo devemos descreditar da versão oficial dos fatos.

      http://www.corriere.it/politica/07_novembre_30/osama_berlusconi_cossiga_27f4ccee-9f55-11dc-8807-0003ba99c53b.shtml

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    2. Tem a questão do pentágono também, cuja avaria não corresponde à que seria causada por um avião, mas por um míssil.

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