terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Nomeação de mulheres ao conselho saudita merece aplauso, mas obstáculos a elas continuam


Aslan Pela primeira vez na história da Arábia Saudita, mulheres foram nomeadas para o Conselho Consultivo ou Shura saudita, o corpo tradicionalmente composto apenas por homens que elabora as leis, debate as questões principais e fornece conselhos ao rei.

Pode parecer um passo modesto.

Não há ministras no Gabinete e as mulheres permanecerão segregadas dos homens dentro do conselho, com sua própria área de assentos e uma porta separada.

O conselho não eleito tem papel apenas consultivo: ele propõe as leis, mas o rei detém poder legislativo exclusivo.

Mas as mulheres escolhidas, e outras pessoas, estão chamando as nomeações de um grande avanço.

"Este progresso enorme, rápido e digno de nota significa que a sociedade saudita e seu corpo governante estão finalmente prontos para reconhecer e respeitar as vozes e direitos das mulheres", disse Khawla Al Kuraya, professora de patologia e diretora do Centro Nacional Rei Fahad para Câncer Infantil e Pesquisa.

Kuraya é uma das 30 mulheres – oriundas da elite da sociedade saudita e que inclui duas princesas reais – nomeadas pelo rei Abdullah na semana passada para integrarem o conselho de 150 membros, que se reúne na capital, Riad.

O decreto do rei, que estipulou que de agora em diante as mulheres devem compor 20% do conselho, ocorre em meio a sinais contraditórios sobre os direitos das mulheres no reino.

As mulheres ainda são proibidas de dirigir e, desde novembro, novos procedimentos eletrônicos foram introduzidos para endurecer o monitoramento compulsório das mulheres que viajam para fora do reino por seus guardiões do sexo masculino.

Ainda assim, os defensores das mulheres, que incluem alguns homens, têm esperança de que a abertura no conselho possa levar a outros avanços.

"Este é um grande passo para introdução de mais reformas a respeito de igualdade de gênero por todo nosso cotidiano", disse Khalid Al-Khudair, fundador do Glowork.net, um site de recrutamento para mulheres na Arábia Saudita.

"A presença delas como conselheiras do rei conduzirá as novas leis na direção certa, com leis trabalhistas adequadas para permitir que as mulheres trabalhem em novos setores e indústrias."

"Isso pode significar que veremos as mulheres dirigindo em breve", acrescentou Khudair.

A mudança no conselho segue várias medidas econômicas que visam aumentar a participação feminina na força de trabalho.

Desde agosto do ano passado, o Ministério do Trabalho tem aberto progressivamente mais vagas de trabalho para mulheres no setor de varejo, notadamente ao ordenar a substituição dos assistentes do sexo masculino nas lojas que vendem lingerie, abaias (veste islâmica) e joias.

Mounira Jamjoom, uma especialista em pesquisa da consultoria Booz em Riad, disse: "A decisão de integrar as mulheres no processo político é oportuna, e ao fornecer estabilidade nas políticas, o governo pode promover uma promessa humana considerável na região – suas mulheres cada vez mais educadas e ambiciosas".

Em 2011 as mulheres foram impedidas de votar nas eleições municipais – o fórum mais alto, apesar de ocasional, de democracia em um reino que não conta com instituições nacionais eleitas. Mas o rei prometeu que elas seriam autorizadas a votar e concorrer nas próximas eleições municipais, planejadas para 2015.

"A Arábia Saudita é o país mais conservador do Golfo no que se refere aos direitos das mulheres, de modo que a nomeação de mulheres para a Shura, apesar de em curto prazo seu impacto ser simbólico, em longo prazo seu impacto é significativo", disse Najla Al Awadhi, ex-parlamentar dos Emirados Árabes Unidos e uma das primeiras mulheres do Legislativo de lá.

"Este passo por parte do rei saudita começa a minar as barreiras institucionais e psicológicas na sociedade saudita, que historicamente não aceita o papel das mulheres na vida pública onde questões nacionais são debatidas e moldadas", ela acrescentou. "De modo que a presença de mulheres sauditas lá é fundamental."

A nomeação de mulheres para o conselho também criará exemplos para as mulheres mais jovens em uma sociedade onde é esperado que as mulheres fiquem longe das atenções.

"Nós seremos parceiras na construção de nosso país e isso é uma mudança fenomenal em comparação há apenas 10 anos", disse Muna AbuSulayman, uma consultora de desenvolvimento saudita que foi uma popular apresentadora de televisão e secretária-geral da Fundação Alwaleed Bin Talal, o braço filantrópico da Kingdom Holding Company. "É um grande passo no entendimento de que os direitos das mulheres são, realmente, direitos humanos."

As mulheres poderão integrar quaisquer comitês do conselho, incluindo o econômico, de família e de relações exteriores.

"Diferente da crença popular, eu não acredito que assuntos especificamente relacionados às mulheres serão o principal foco das mulheres na Shura", disse Kuraya.

"Em vez disso, como membros, nós teremos o direito de levantar e tratar de uma série diversa de questões de interesse da sociedade saudita como um todo."

Um comentário:

  1. Na poderosa aura internacional da inteligência das nações, a Arábia Saudita é um zero à esquerda. O é pela história que a vitimou e a fez uma pobre parasita bilionária do petróleo. O árabe é inconsciente de sua ingenuidade e inocência, que o empurram para vidas nababescas e estranhas. Há uma lenda que o então polêmico, turbulento e irreverente presidentão americano George Bush certa vez teria dito que os Estados Unidos monitoram tão somente o petróleo naquela região. Os petrotrilhões são filtrados nos bancos da América do Norte e retornam outros petrobilhões para aquela península...:)

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