Mitt Romney, candidato republicano derrotado por Barack Obama nas eleições presidenciais dos EUA |
Às vezes você tem de atravessar o deserto para chegar à Terra Prometida. É assim para os republicanos nesse momento. Os republicanos estão presos numa posição miserável no fim de 2012, mas, se lidarem direito com as coisas, podem fazer de 2013 um ano excelente – tanto para suas perspectivas de revitalização quanto para o país.
Primeiro, eles têm de reconhecer como as coisas estão ruins para eles. As pesquisas mostram que a grande maioria dos norte-americanos está inclinada a culpar os republicanos caso o país saia do "precipício fiscal". A comunidade empresarial, que precisa de um acordo para ganhar confiança, vai se voltar contra eles. O pessoal da segurança nacional e as empresas de defesa, que odeiam a perspectiva de sequestro, vão se voltar contra eles.
Além disso, um impasse no orçamento nestes termos confirmaria todos os estereótipos ruins dos republicanos. Eles aumentarão os impostos da classe média para servir aos ricos – prejudicando o clube da esquina para beneficiar o clube de campo. Se os republicanos fizerem isso, poderiam muito bem estampar o comentário dos "47%" de Mitt Romney em camisetas e usá-las para o resto de suas vidas.
Então, os republicanos têm de perceber que vão se recolher na questão dos valores dos impostos. A única questão é o que receberão em troca. O que eles deveriam exigir é isso: que o ano de 2013 seja gasto montando um pacote de reforma fiscal e de benefícios pró-crescimento que coloque o país numa situação financeira sólida até 2040.
Republicanos deveriam ir para a Casa Branca e dizer que estão dispostos a aumentar os impostos para 36% ou 37% e que estão dispostos a renunciar a uma batalha pelo teto da dívida este ano.
Esta é uma grande concessão política, mas não é muito econômica. O presidente Barack Obama precisa do aumento das taxas para mostrar a aos liberais que ele teve uma "vitória", mas o fato é que aumentar a receita aumentando as taxas não é muito pior para a economia do que aumentar as receitas fechando brechas, o que os republicanos já admitiram.
Mas a grande demanda seria esta: que em 15 de março de 2013, ambos os partidos lançariam projetos de lei de impostos e benefícios endossados pelos líderes no Congresso que reduziriam a dívida para 60% do PIB até 2024 e 40% até 2037, como marcado pelo Escritório de Orçamento do Congresso. Esses projetos de lei funcionariam tramitariam pelo habitual processo legislativo, como manda a Constituição. Se um grande acordo não for alcançado até 15 de dezembro de 2013, então haveria cortes automáticos na defesa e nos benefícios e aumentos de impostos automáticos.
Ambos os partidos dizem estar convictos sobre a reforma fundamental dos impostos e benefícios. Este acordo iria forçá-los a pensar além da janela de orçamento de dez anos e colocar planos viáveis sobre a mesa para resolver os problemas orçamentários de longo prazo, enquanto ainda há tempo. Nada mais de esperar o outro ir a público com algo sério. O debate resultante forçaria os eleitores a enfrentarem a verdade elementar – de que só podem ter um governo tão grande quanto estão dispostos a pagar. Isso obrigaria funcionários eleitos a encontrarem uma solução de longo prazo pró-crescimento tão grande quanto a Simpson-Bowles.
Os republicanos poderiam dizer ao país: ei, nós não gostamos de aumentar os impostos. Mas entendemos que quando uma nação está executando uma dívida de US$ 16 trilhões que está explodindo ano após ano, todos precisam estar dispostos a fazer concessões e sacrifícios. Entendemos que a grande coisa que impede o avanço país é que o sistema político não funciona. Queremos enfrentar coisas grandes agora.
O ano de 2013 seria então gasto no terreno natural dos republicanos (reforma de impostos e benefícios) em vez de no terreno dos democratas (expansão de programas do governo). Os democratas terão de submeter uma visão de longo prazo para o país que ou reduza os benefícios ou aumente os impostos sobre a classe média, violando as promessas de campanha de Obama. Republicanos teriam que enfrentar seus próprios mitos e evasões, e se tornar um verdadeiro partido de reforma e modernização.
A concessão de 2012 sobre as taxas de imposto seria ofuscada pelo debate sobre o futuro fiscal de 2013. O mundo veria que os Estados Unidos estão combatendo seus problemas de uma forma diferente da Europa. O poder político em cada partido sairia das mãos dos extremistas doutrinários para os negociadores práticos.
Além disso, o pacote inevitável agradaria os republicanos. A Câmara aprovaria um projeto de lei conservador. O Senado aprovaria um de centro-esquerda. O compromisso entre os dois seria de centro-direita.
É inútil fazer um acordo de curto prazo se os programas de benefícios ainda estão estruturados para levar nossos filhos à falência. Republicanos e democratas podem fazer de 2013 o ano da verdadeira Grande Barganha.
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