terça-feira, 18 de dezembro de 2012

El País: Reconhecimento diplomático a rebeldes sírios não trouxe aparato militar aos insurgentes


A Síria sofre uma dura guerra civil que é ao mesmo tempo um conflito regional, uma disputa armada entre o Irã e os xiitas contra a Arábia Saudita e os sunitas. De como ela acabe - e seu final não virá só com a queda de Bashar  Assad e seu regime - dependerá o equilíbrio de forças e a estabilidade na região.

Depois de 21 meses de levante contra essa feroz ditadura e de brutal achatamento dos rebeldes pelas forças do regime, as coisas estão se voltando contra este, em uma escalada tanto diplomática quanto militar. No terreno, os rebeldes vão avançando e no cenário nacional a oposição, finalmente unida em torno da Coalizão Nacional das Forças de Oposição e da Revolução Síria, foi reconhecida como único interlocutor válido por uma centena de países - reunidos na quarta-feira (12) em Marrakech, começando pelos EUA na trilha marcada pelos europeus.

Por enquanto esse reconhecimento diplomático não tem consequências militares para o Exército Livre da Síria, embora mine a ideia de uma saída política para o conflito frente a uma luta de morte. Na medida em que os rebeldes se tornam mais fortes, o regime utiliza armas mais mortíferas. Primeiro foi a artilharia pesada; depois a aviação; e agora, segundo a acusação dos EUA, mísseis Scud. Assad deve saber que não poderá usar armas químicas sem atrair a devastação contra ele e os seus.

O mundo assiste quase impávido a essa chacina. Os ocidentais não se propõem, apesar de que deveriam fazê-lo, instaurar uma zona de exclusão aérea que permitisse aos rebeldes respirar e afogar Assad. Porque a Síria não é a Líbia.

Não há, portanto, aval da ONU pela oposição da China e de uma Rússia que, no entanto, vai-se convencendo da inevitabilidade da queda de Assad. E a Síria dispõe de sistemas antiaéreos potentes. Além disso, o Ocidente duvida enviar armas para os rebeldes por medo de que caiam nas mãos de jihadistas estrangeiros ligados à Al Qaeda, muito ativos nesta guerra, com os quais terá de lidar depois. São Arábia Saudita e Catar os que estão equipando com armas modernas o ELS.

A não intervenção tem limites. O reconhecimento da oposição síria deveria ser acompanhado do envio controlado de armas para os que lutam em campo contra el Assad. Os ocidentais, parecendo cansados, avançam para um envolvimento envergonhador. Talvez cheguem tarde.

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