quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

El País: Conflito na Síria aponta para inevitável intervenção norte-americana

Rebeldes sírios em Aleppo 

Barack Obama deu passos modestos,  mas inconfundíveis para a aceitação de uma realidade inevitável: a guerra na Síria não tem um final feliz, próximo ou simples sem maior envolvimento militar dos EUA e seus aliados ocidentais e árabes.

O governo americano traçou a linha vermelha de uma intervenção militar no uso de armas químicas por parte do regime de Bashar  Assad. "O uso de armas químicas é e seria totalmente inaceitável, e se cometerem o trágico erro de usar essas armas, de fato, ocorreriam trágicas consequências por isso", disse Obama na segunda-feira (3). "Os EUA preparam planos diante dessa contingência ", acrescentou o porta-voz da Casa Branca.

O conflito da Síria, com seu trágico saldo de mortes e graves efeitos desestabilizadores no Oriente Médio, atingiu um ponto em que Obama não pode se manter impassível sem pôr em perigo não só o futuro da Síria, como a influência dos EUA na região. Inclusive sem a entrada em jogo de armas químicas, Washington poderá ver-se obrigada a agir de forma mais agressiva se não quiser perder o controle dos acontecimentos nesse país.

O jornal "The New York Times" informou na semana passada que se abriu um debate no governo sobre até onde chegar na Síria, desde a entrega de armas aos rebeldes até a intervenção militar direta. Esta última opção está por enquanto descartada, mas é possível que volte a estar sobre a mesa, pelo menos quando for preciso considerar, no estilo dos Bálcãs, uma força de interposição para garantir um eventual cessar-fogo.

Os EUA já conseguiram, graças a sua pressão diplomática, a unidade formal dos grupos rebeldes sírios dentro da Coalizão Nacional de Forças Revolucionárias e de Oposição da Síria. Ainda existem dúvidas sobre quem exerce o controle desse conglomerado, mas o governo americano se dispõe a lhe conceder seu reconhecimento oficial, coisa que poderia fazer na próxima conferência internacional sobre o conflito sírio, que se realizará no próximo dia 12 em Marrocos.

O reconhecimento abriria a porta para o abastecimento de armas, de forma direta ou indireta, através de seus aliados na região. A entrega de armas equilibraria a guerra, mas não garantiria uma vitória dos rebeldes e muito menos que a balança das forças de oposição não acabe se inclinando a favor dos grupos islâmicos mais radicais. Esta é uma das grandes preocupações dos EUA e a principal razão pela qual precisa tomar as rédeas. Quanto mais durar o conflito e mais longe se mantiverem os EUA, maior o risco de que os extremistas ganhem posições na Síria, com o que isso pode representar em Israel, Líbano, Jordânia ou Iraque.

A via militar não está isenta de riscos. Seria preciso empreendê-la com a oposição de China e Rússia, sem a aprovação, portanto, do Conselho de Segurança da ONU e com a dúvida sobre a posição do Egito. Em troca, os EUA contariam com um forte apoio da opinião pública internacional, com importantes aliados no mundo árabe e muçulmano, especialmente a Turquia, e com a cooperação militar de seus sócios europeus. Mas, sobretudo, só uma intervenção militar abre para os EUA um papel no futuro da Síria e coloca o país em condições de tentar uma transição ordenada.

Um comentário:

  1. Eu ainda acho q ñ, apesar de estarem agindo nas sombras...Sds.

    ResponderExcluir