quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Mísseis iranianos usados em Gaza dão ânimo ao governo em Teerã

Funcionários da defesa civil de Israel analisam estrago de casa atingida por foguete palestino

Acima da movimentada via Niayesh no oeste da capital iraniana, um imenso outdoor está pendurado em um viaduto para lembrar aos motoristas sobre a capacidade dos mísseis iranianos. Os carros passam sob a imagem de um míssil verde em um lançador e um texto em persa dizendo “Destino: Tel Aviv”.

Poucos notam o outdoor, já que os iranianos comuns estão ocupados demais lidando com a alta dos preços e a escassez ocasional provocada por uma economia em dificuldades. Mas os mísseis e a tecnologia de armas do Irã estão recebendo bastante atenção centenas de quilômetros de distância, em Gaza, o que dá aos clérigos que governam o país raras boas notícias naquele que tem sido um longo e péssimo ano.

O ataque israelense contra a faixa costeira palestina, e a retaliação pelo Hamas com mísseis fornecidos pelo Irã que colocam as grandes cidades de Israel ao alcance pela primeira vez, representaram uma virada de mesa para a República Islâmica. Com a declaração de cessar-fogo em Gaza, e com o presidente do Egito, Mohammed Morsi, recebendo aplausos por mediar o acordo, parte da euforia em Teerã foi contida. Mas os ganhos diplomáticos para o Irã provenientes do combate permanecerão.

Antes de Gaza, o Irã estava cambaleando devido a uma série de reveses, e não apenas pelo endurecimento recente das sanções do Ocidente, que cortaram as exportações de petróleo e provocaram forte desvalorização da moeda nacional.

Os clérigos tiveram que suportar a indignidade de Morsi, que, ao falar em uma conferência em Teerã, praticamente esmagou os sonhos há muito desejados de uma parceria estratégica. Morsi criticou o apoio do Irã à sua única aliada regional, a Síria, em sua condenação brutal de sua guerra civil.

Até mesmo o Hamas, um antigo parceiro ideológico do Irã, deu abertamente as costas a Teerã e Damasco e ficou do lado da aliança de reinos muçulmanos sunitas contra o governo sírio. Países mais novos e mais dinâmicos, como o Qatar e o Egito, despontaram para assumir a liderança nos assuntos na Síria e em Gaza, fazendo com que a mensagem de resistência sem concessões do Irã parecesse estagnada.

Então, há uma semana, quando Israel respondeu aos foguetes e mísseis disparados de Gaza, todos os agentes regionais foram devolvidos mais ou menos aos seus papéis tradicionais, começando por Morsi, que liderou o esforço de cessar-fogo como o país sempre fez quando Hosni Mubarak era o presidente. O emir do Qatar, o xeque Hamad bin Khalifa Al Thani, que em outubro fez uma visita sem precedente à Faixa de Gaza se apresentando como novo benfeitor do Hamas, aguardou quatro dias para fazer uma declaração sobre os combates entre Israel e os palestinos.

Ao longo de toda a batalha, os mísseis projetados pelo Irã, os Fajr-3 e os Fajr-5, que permitiram ao Hamas e outro movimento baseado em Gaza, a Jihad Islâmica, atingirem o interior de Israel, fizeram os israelenses fugirem para abrigos antibombas. Apesar de apoio político e dinheiro ajudarem, disseram os líderes palestinos, a tecnologia de armas do Irã ajuda muito mais.

“As armas da resistência, incluindo essas do Hamas, são iranianas, da bala ao míssil”, disse Ziad al Nakhla, vice-líder da Jihad Islâmica, para a TV “Al Manar” libanesa no Cairo, na terça-feira (20). “Se não fosse por essas armas, as armas do exército israelense teriam passado por cima dos corpos de nossas crianças”, ele acrescentou, elogiando os “grandes sacrifícios” feitos pelo Irã para o “envio” dessas armas para Gaza.

As autoridades iranianas não se intimidaram em receber os créditos pelas mudanças no campo de batalha, apesar de analistas terem notado que o reconhecimento da transferência de armamento pode levar a represálias.

“Nós dizemos com orgulho que apoiamos os palestinos, militar e financeiramente”, disse o chefe do Parlamento iraniano, Ali Larijani, aos repórteres locais nesta semana. “O regime sionista precisa perceber que o poderio militar palestino vem do poderio militar iraniano.”

Larijani até mesmo mencionou os outros problemas enfrentados pelo Irã, que de repente pareceram perder importância.

“Nós podemos ter inflação, desemprego e outros problemas econômicos em nosso país”, ele disse. “Mas estamos mudando a região, e isso será uma grande realização.”

O mais alto comandante da Guarda Revolucionária Islâmica, Mohammad Ali Jafari, foi ainda mais direto.

A tecnologia de mísseis, ele disse, “foi transferida para a resistência e um número ilimitado desses mísseis está sendo fabricado”.

Mas os analistas dizem que a celebração em Teerã pode não durar muito. Os líderes do Hamas não pouparam elogios a Morsi por seu papel na mediação do cessar-fogo, dizendo que ele representou bem os interesses do grupo. E o Egito poderia fechar os túneis usados para o contrabando dos mísseis para Gaza.

Todavia, eles disseram, o combate ajudou bastante a reparar os danos à imagem regional do Irã causados pelo conflito sírio.

“Esta guerra uniu novamente o Irã e o Hamas, e o debate em torno da questão síria acabou”, disse Hamid-Reza Taraghi, que chefia o departamento internacional do influente Partido da Coalizão Islâmica.

No final, os líderes do Irã acreditam que o poderio militar é a única medida de sucesso, e eles têm pouca fé que acordos de cessar-fogo e diplomacia conseguirão algo duradouro. Para os iranianos comuns, entretanto, o programa de mísseis do Irã e os eventos em Gaza são problemas distantes, e muitos disseram que o triunfo pode ter vida curta.

“Talvez a curto prazo o Irã aumente sua influência entre os palestinos, mas a política muda rápido atualmente”, disse Allahgoli Abbaspour, um lojista de 53 anos. “Os palestinos precisam de sua independência, mas eu duvido que eles algum dia a conseguirão. Não que os iranianos comuns tenham algo a dizer a respeito.”

11 comentários:

  1. “Talvez a curto prazo o Irã aumente sua influência entre os palestinos, mas a política muda rápido atualmente”, disse Allahgoli Abbaspour, um lojista de 53 anos. “Os palestinos precisam de sua independência, mas eu duvido que eles algum dia a conseguirão. Não que os iranianos comuns tenham algo a dizer a respeito.”======= Dúvido q algum dia os Palestinos tenham liberdade...falr + o quê? sds.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. A existência de Israel carece da criação de um estado palestino. Os árabes em Israel logo-logo serão maioria.

      Excluir
  2. Nao deixe o EXTREME VER ESA NOTICIAS pelo bem da saude dele kkkkkkk

    ResponderExcluir
  3. Os mísseis usados em Gaza tinham alcance de apenas 75 km, e destruíram o que de expressivo em Israel? O Irã virou uma espécie de símbolo de fé em quem acha possível ver EUA e Israel derrotados... mais fora mostrar capacidade de guerra de guerrilha através de Hezbollah, Hamas e grupos xiítas no pós guerra do Iraque no restante o Irã não mostrou nada. Se esses mísseis de 75 km não destruíram nada importante de infra-estrutura militar e política de Israel, qual evidência existe de que mísseis com mais de 1000 km de alcance poderão fazer algo contra Israel além de enfiar a população civil israelense em bunkers?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Na verdade não são mísseis, mas sim foguetes.

      Um foguete iraniano quando cai sobre uma casa israelense faz um estrago daqueles. O trunfo dos mísseis iranianos usados pelos palestinos não é sua destruição, mas sim o fator psicológico. Antes somente cidades como Ashkelon e Dimona estavam ao alcance dos foguetes palestinos, agora Sderot, Jerusalém e Tel Aviv já entraram ao alcance dos mísseis.

      Não creio que você comparou um foguete obsoleto iraniano com um míssil balístico moderno, capaz de burlar os sistemas de defesa israelense?

      Excluir
    2. Duvido que o iron dome teria aquela taxa de sucesso com misseis balisticas reais. Os foguetes que o Hamas usou de fabrico iraniano devem estar longe de teem a capcidade dos atuais misseis iranianos. O iron dome nao parece ser um sistema fiavel contra esses misseis.

      Excluir
  4. Agora observem não é os EUA nem Israel que acusam o Irã de se meter na guerra entre Israel e Hamas e sim o próp´rio Irã qu8e admite, a partir do momento que o Irã mesmo confessa que apoia diretamente inimigos de Israel, qual argumento racional existe para impedir um ataque de Israel contra o Irã? Eu falo argumento racional não o velho argumento anti-israel eu digo argumentos baseados na lucida razão. A partir do momento que um país abertamente assume ser responsável por ataques contra outro país, esse país automaticamente se torna alvo legitimo para ser atacado por quem atacou é pura lógica.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Pera lá... Do mesmo modo que o Irã apoia o Hamas e Hizbollah, Israel mata cientistas iranianos em solo iraniano e apoia as guerrilhas terroristas iranianas People's Mujahedin of Iran e o Jundallah. Quem começou com os atos de hostilidades foi Israel, não o Irã.

      O Irã não é um alvo legitimo do estado terrorista de Israel, mas se Israel quer ir a guerra, por que ainda não fez? Ah, já sei, não tem como projetar poder, né? Falam tanto do poder militar de Israel, que tirando os ICBM, eles não tem armas estratégicas...rs

      Excluir
  5. AI O BLOG DEVIA FALAR MAIS DO PODER DE ISRAEL!
    OLHEM ESSA REP ISRAEL RESISTIU A 44 MILHÕES DE ATAQUES CIBERNETICOS, QUALQUER COISINHA DO IRÃ VIRA MANCHETE E PORQUE SE FALA NADA DO PODER DE ISRAEL?
    http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI6311977-EI308,00-Israel+diz+ter+repelido+milhoes+de+ataques+ciberneticos.html

    ResponderExcluir
  6. MIchel, você falou tudo. Sempre alguns judeus ou descendente Israelenses que defendem Israel em todas as atrocidades que o Israel cometem. Para eles Israel tem direito para tudo. Desde cometer atentados em outros países como o que aconteceu com os cientistas iranianos que o Israel assassinou e matanças indiscriminadas de civil Palestinos, principalmente mulheres e crianças.

    Como retaliação, Irã fornece míssil e armas para Hamas e os judeus e Israelenses acham isso ruim? ??. Querem que Israel ataque o Irã militarmente agora?
    Dizem que Israel tem o direito de se defender e os outros não tem?

    Israel não tem condições nenhuma de enfrentar o Irã numa guerra aberta sem apoio dos EUA. Israel será humilhado se tentar fazer isso. Claro que israel pode jogar uma bomba no irã, mas conseguir dominar o espaço aéreo Iraniano e lançar grandes ataques é quase impossível. Israel não tem recursos para isso e nem homens suficientes para ariscar uma guerra de grande proporções contra o Irã.

    Tem muita gente subestimando o governo Iraniano. Irã é um
    país milenar..

    ResponderExcluir
  7. Tô gostando...continuem. Sds.

    ResponderExcluir