quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Le Monde: À beira da recessão, Japão aposta em Mianmar

Acima o primeiro-ministro do Japão, Yoshihiko Noda (esq.), e o presidente de Mianmar Thein Sein

Em outubro, paralelamente aos encontros do Fundo Monetário Internacional e do Banco mundial em Tóquio, o Ministério das Finanças japonês organizava uma importante reunião sobre Mianmar. Era a chance do país de mostrar seu interesse por uma nação recém-aberta aos investimentos e com a qual o Japão deposita grande expectativa - tanto o é que cancelou três quintos da dívida de Mianmar, e anunciou a retomada dos empréstimos em ienes a partir de janeiro de 2013.

Já as empresas nipônicas estão se apressando para aproveitar um potencial considerado enorme. A gigante da construção Shimizu reabrirá em Yangun o escritório que havia fechado em 1999. A casa de comércio Itochu, cujo presidente Masahiro Okafuji encontrou o presidente birmanês, Thein Sein, no início de novembro, quer explorar ali as jazidas de tungstênio e de terras-raras. A Fast Retailing, matriz da Uniqlo, estaria considerando instalar ali pontos de produção.

Os japoneses estão contando com a imagem relativamente positiva que o Japão tem em Mianmar. Ne Win, dirigente entre 1962 e 1988, fez parte dos trinta jovens treinados pelo império nipônico durante a Segunda Guerra Mundial para formar o núcleo do exército de independência que lutava contra o ocupante britânico. Embora no final do conflito os trinta tenham se aproximado dos britânicos, os laços com o Japão nunca  se romperam completamente.

A partir de 1955, o Japão começou a ajudar Mianmar, que podia contar com sólido apoio em Tóquio, sobretudo junto a Nobusuke Kishi, primeiro-ministro entre 1957 e 1960. A assistência se intensificou nos anos 1970 e 1980, antes de voltar a diminuir após o golpe de Estado em Mianmar, perpetrado em 1988.  Depois, enquanto as nações ocidentais aumentavam o número de sanções e a junta militar à frente de Mianmar se aproximava da China, Tóquio se esforçou para manter uma ligação privilegiada com os birmaneses.

O Japão quer aproveitar essas boas disposições para dinamizar sua economia hoje em dificuldades, uma vez que o produto interno bruto (PIB), segundo os dados revelados na segunda-feira (12), recuou 0,9% - 3,5% no período de um ano -  entre julho e setembro.

Onda antijaponesa
As principais causas desse recuo são a queda no consumo (-0,5%), dos investimentos (-3,2%) e sobretudo das exportações (-5%), principalmente para a China. Exacerbadas desde setembro, as tensões bilaterais em torno das ilhas Senkaku, chamadas de Diaoyu em Pequim, afetaram fortemente a atividade dos grupos japoneses nesse país. A gigante dos cosméticos Shiseido, no local desde 1981 e cujos produtos seriam utilizados pela esposa do futuro presidente Xi Jinping, bem como as montadoras de carros Nissan e Toyota ou ainda a Panasonic, viram suas atividades caírem por causa da onda antijaponeses. Tanto que hoje esses grupos, que ainda por cima precisam menos de uma China onde os custos salariais aumentaram, estão prospectando em outras partes. Mianmar, Malásia e Tailândia lhes interessam muito.

Por ora, a morosidade da economia mundial e o nível elevado do iene deverão continuar a influenciar em sua atividade, assim como na do Japão. No plano interno, a economia japonesa deverá sofrer as consequências da suspensão, no final de setembro, dos subsídios aos veículos pouco poluentes e da inação de um governo concentrado nas eleições legislativas que poderão acontecer já no final de 2012.

Nesse contexto, um plano de retomada da atividade dotado de 400 bilhões de ienes (R$ 10,3 bilhões) foi anunciado em outubro e deverá gerar 0,1% de crescimento. Mas os métodos de sua implementação ainda estão por definir. Entre outubro e dezembro, o Japão deverá ter um segundo trimestre consecutivo de queda do PIB, sinônimo de recessão. A quinta em quinze anos.

2 comentários:

  1. Simples:
    1) O Japão ker enfiar goela abaixo seus eletronicos, por ora ninguem compra mais;
    2) Explorar=escravizar a mão de obra barata p/tentar conseguir vender suas parafernalias mais baratas;
    3) Soh fica lah ateh os EUA chegarem;
    4) Quem manda lah eh a CHINA, pois a saida p/o Golfo de Bengala interessa a China como alternativa contra a India;
    5)...
    Japão sempre em mente q vcs AINDA são ocupados pelos EUA, ateh conseguiram acabar c/o nacionalismo de vcs na marra (no mundo soh podem 3 nacionalistas: EUA/IV Reich/OTAN) e não vai ser agora c/os EUA duros como estão q vcs vã tomar sua frente. Acorda Japão, vcs viraram as costas p/Asia em 1945.

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    1. O Japão virou as costas para Ásia? O Japão nunca foi bem-quisto na região e sempre teve uma postura imperialista. O Japão sempre foi um problema e não uma solução para Ásia. Curiosamente, foi depois do controle americano que o Japão passou a não fazer mais caca.

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