quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Aproximação de Buenos Aires com Teerã irrita judeus argentinos

Asociación Mutual Israelita Argentina (AMIA) fica completamente destruída após atentado terrorista 

Dezoito anos se passaram desde que um homem-bomba atingiu com uma caminhonete Renault carregada de explosivos a sede do centro comunitário judeu da capital argentina, matando 85 pessoas. Desde então, as investigações têm avançado erraticamente. Mandados de prisão emitidos pela Interpol levaram a lugar nenhum. Os suspeitos ligados ao ataque estão envelhecendo e começaram a morrer.

Mas na ilusória busca por justiça para as vítimas do atentado, que foi um dos ataques antissemitas mais letais ocorridos desde a Segunda Guerra Mundial, poucos acontecimentos têm irritado tanto os líderes judeus da Argentina quanto a decisão do governo do país que, nas últimas semanas, vem tentando melhorar suas relações com o Irã – nação que tem blindado nos escalões mais elevados de seu establishment político vários dos acusados por promotores argentinos de terem autorizado o ataque.

Cada país tem suas razões internas para se relacionar com outras nações. À medida que o crescimento econômico da Argentina desacelera, uma dessas razões tem sido encontrar no Irã um cliente robusto para suas commodities agrícolas – o volume dos produtos comercializados entre as duas nações disparou mais de 200% nos últimos cinco anos, saltando para mais de US$ 1,2 bilhão.

O Irã, por sua vez, busca atenuar seu isolamento diplomático, expandindo os laços amistosos que forjou com outras nações da América Latina, mais especificamente a Venezuela, a Bolívia e o Equador.

“Nós não conseguimos compreender isso”, disse Guillermo Borger, presidente da Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), entidade que foi bombardeada em 1994. “O mundo está fechando suas portas para o Irã, e nós estamos dando a esse país a chance de dizer que a Argentina é, de alguma forma, sua amiga agora. Os iranianos não deixaram de afirmar que seus cidadãos são inocentes. Então, por que a Argentina deveria dialogar com eles?”

A reação tem sido muito diferente em Teerã, onde os líderes saudaram a mudança diplomática da Argentina. “Esperamos que essa ação judicial seja descartada e não seja apresentada novamente”, disse Hamid Reza Taraghi, que dirige o departamento internacional do influente Partido da Coalizão Islâmica, referindo-se à investigação que é supervisionada por promotores de Buenos Aires. “Essa medida vai ajudar a aliviar a pressão internacional sobre o nosso país”.

Tanto o ex-presidente da Argentina, Nestor Kirchner, quanto sua viúva, Cristina Fernández de Kirchner, que o sucedeu, ofereceram um grande apoio às investigações relacionadas ao atentado. A abordagem dos dois contrastou com a de Carlos Saul Menem, que era presidente na época do atentado e é formalmente acusado de obstruir as investigações. Menem, agora senador, negou a acusação.

A investigação foi marcada por acusações de corrupção, atrasos e incompetência, mas Alberto Nisman, promotor especial que assumiu o caso em 2005, parece ter injetado uma dose de vigor no caso. Ele acusou o Hezbollah, grupo libanês que tem fortes laços com o Irã e a Síria, de realizar o bombardeio, e autoridades iranianas de planejá-lo e financiá-lo.

Apesar disso, Argentina e Irã estão retomando suas relações – do modo informal, fizeram isso durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, em setembro passado; e novamente, em outubro, durante negociações formais em Genebra, na Suíça. Outra rodada de negociações está prevista para o final de novembro.

Nem todos entre os judeus da Argentina – país que detém a maior comunidade da América Latina, com cerca de 250 mil pessoas – se opõe às negociações. Em uma entrevista, Sergio Burstein, que apoia Kirchner e é líder de um grupo que representa parentes das vítimas mortas no atentado, disse que as negociações ofereceram um “lampejo de esperança” para a possibilidade de o Irã vir a entregar suspeitos para serem julgados na Argentina.

Da mesma forma que uma aura de mistério ainda encobre muitos aspectos do atentado, dúvidas e sigilo encobrem as atuais negociações bilaterais. O Ministério das Relações Exteriores da Argentina rejeitou pedidos de sobreviventes do ataque e de líderes judaicos da Argentina, apresentados através do escritório de Nisman, promotor da investigação sobre o atentado, para obter informações sobre as negociações.

O ministro das Relações Exteriores da Argentina, Hector Timerman, que está conduzindo o esforço diplomático com o Irã, também se negou a atender uma solicitação de entrevista sobre as negociações, que começaram após o Irã ter se recusado repetidamente a cumprir uma ordem da Argentina para a expedição de mandados de prisão internacionais para nove pessoas. Entre os suspeitos estão o ex-presidente iraniano Ali Akbar Hashemi Rafsanjani e o ministro da Defesa do Irã, o general Ahmad Vahidi.

Embora os investigadores argentinos e norte-americanos tenham concordado há muito tempo que o atentado suicida foi realizado por um militante do Hezbollah, Nisman, o promotor responsável pelo caso, alegou que a decisão de atacar a Amia foi tomada durante uma reunião realizada em 1993 na cidade iraniana de Mashhad, na presença de Rafsanjani.

Outros envolvidos na investigação sobre o atentado, incluindo James Bernazzani, ex-agente do FBI que foi chefe do departamento da agência que cuidava do Hezbollah, têm contestado a ligação explícita com o Irã.

Em entrevista concedida por telefone, a partir dos Estados Unidos, Bernazzani, que ajudou os argentinos em suas investigações, criticou o cruzamento circunstancial de registros telefônicos realizado pelos investigadores argentinos, que, na realidade, não chegaram a interceptar essas ligações. E esse cruzamento de chamadas serviu para acusar Mohsen Rabbani, adido cultural iraniano na Argentina em 1994, de envolvimento na coordenação do atentado.

Além disso, Bernazzani questionou o uso pelos investigadores argentinos do testemunho de um desertor iraniano cuja confiabilidade tem sido questionada. “Embora eu tenha muitos motivos para suspeitar da cumplicidade iraniana devido à relação do país com o Hezbollah, esses motivos não resistem aos padrões adotados pelo FBI”, disse ele. “Precisamos de provas, e o que conseguimos provar é que o indivíduo que estava naquela van era filho de um líder patriota do Hezbollah”.

É claro que Ibrahim Hussein Berro, o libanês de 21 anos identificado por meio da análise de DNA como o homem-bomba que dirigia a van Renault, está morto. Acredita-se que outro suspeito, Samuel Salman El Reda, um colombiano que os promotores argentinos acusam de coordenar a célula do Hezbollah que realizou o atentado, esteja vivendo no Líbano.

Enquanto isso, os iranianos ligados ao caso parecem se sentir imunes aos mandados de prisão emitidos contra eles. Em entrevista concedida em outubro passado a um jornal brasileiro a partir da cidade iraniana de Qom, Rabbani, o ex-adido cultural do Irã na Argentina, zombou das investigações argentinas e proclamou sua inocência. Vahidi, ministro da Defesa do Irã, viajou em 2011 para a Bolívia, que faz fronteira com a Argentina.

Adriana Reisfeld, presidente do Memória Ativa, grupo que representa os parentes das pessoas mortas no atentado, disse ter pouca expectativa de que ao reatamento diplomático com o Irã leve a um encerramento justo para o caso.

“Tudo o que quero agora é chegar o mais perto possível da justiça”, disse Reisfeld, cuja irmã foi morta na explosão. “Nós não podemos deixar o caso Amia ser arquivado nem ser esquecido”.

2 comentários:

  1. Por acaso os EUA/OTAN/iSSrae/ONU estao investigando as 650.000-Iraq;200.000-ex-Libia; no KOSOVO quem manda agora sao DOIS JUDEUS: sra. Albright e o sr.gen Wesley Clark-roubando carvao e quem se reponsabiliza p/bandido do 1o. ministro q negociava orgaos de criancas Servias; bombardeios por drones no Pakistao; ...; enfim e as atrocidades praticadas por iSSrael desde 1948 passando por Sabra e Chatila ... ateh o bombardeio de armazens, universidade, hospitais, Genin c/bombas de fosforo-frgamentacao (proibiram os reporteres de entrarem = Werhmacht no Gueto de Varsovia), ..., Gaza e Cisjordania ... e aih! Pelo visto isso aih eh o porco falando do toucinho. Serah q os rabinos nao contaram pra vcs q o DEUS eh o mesmo p/todos nos e q a lei do carma diz q a "SEMEADURA EH LIVRE E MAS COLHEITA EH OBRIGATORIA".

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  2. pronto! é agora que a cristina kirchner vai ter a carreira destruída de vez!!
    já não bastava o escândalo dela contra os barões da mídia, agora tem a ''coragem'' de fazer amizade com o irã??
    essa nem os persas apostavam!! uahauahauaha

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