terça-feira, 2 de outubro de 2012

O homem de Israel em Washington


"Se pudermos evitar a guerra aumentando a consciência internacional sobre a ameaça iraniana, estaremos cumprindo nossa responsabilidade"

Michael B. Oren
Com o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, envolvido em uma disputa pública incomum com o governo Obama sobre o Irã, o homem de Netanyahu em Washington, Michael B. Oren, tem visitado escritórios por toda a cidade.

Ele recorreu ao Capitólio para controle de danos. Passou horas com repórteres defendendo a tese de Israel contra Teerã. Foi a uma festa de Rosh Hashana, comemorar o Ano Novo judeu, na casa do vice-presidente Joseph Biden, e recebeu o chefe de gabinete da Casa Branca e centenas de outras autoridades em sua casa.

Grande parte disso foram os assuntos cotidianos conduzidos por um embaixador israelense. Mas com Oren, nascido e criado em Nova Jersey, há uma diferença: ele representa um primeiro-ministro que enfureceu a Casa Branca.

"Ele está em uma situação muito difícil, porque seu emprego é manter as comunicações abertas entre dois governos que assumiram posições contrárias, e no entanto não podem admitir que são adversários", disse David Rothkopf, presidente do Grupo de Política Exterior, colega de quarto de Oren na faculdade e até hoje um bom amigo.

Questionado se estava tendo um dia difícil após Netanyahu criticar duramente o governo Obama por se recusar a definir "linhas vermelhas" para o avanço nuclear do Irã que provocariam um ataque militar americano, ele respondeu, como um zumbi: "Oh, não".

Em sua mesa na embaixada israelense fortemente guardada, seu rosto era uma máscara. "Você quer saber de um dia duro?", disse Oren. "Há dias em que os foguetes estão caindo em uma cidade no sul de Israel. Há dias em que você está preocupado sobre armas que chegam às mãos erradas, quando centenas de vidas estão em jogo."

Os amigos dizem que Oren, 57, está em sincronia com as preocupações do primiê sobre o Irã. "Nós esperamos enquanto eles declararam sua intenção de nos destruir quase todos os dias", disse Oren. "É esperar demais."

Ele mostrou fotos de sua mulher e seus três filhos, um dos quais está no serviço militar israelense. "A última coisa que queremos é a guerra", disse ele. "Parte de nossa responsabilidade é tentar evitar a guerra. E se pudermos evitar a guerra aumentando a consciência internacional sobre a natureza da ameaça iraniana estaremos cumprindo nossa responsabilidade."

Netanyahu acredita que os iranianos estão tão perto de fazer uma bomba nuclear que Israel em breve não conseguirá detê-los, mas os EUA afirmam que conseguirão detectar e evitar que o Irã ultrapasse esse ponto.

O papel de Oren é moldar e levar a opinião de Netanyahu para Washington. E ele tem o currículo certo para isso. Criado em uma família judia conservadora em West Orange, Nova Jersey, Oren trabalhou em um kibbutz aos 15 anos, estudou nas Universidades Princeton e Columbia, emigrou para Israel e serviu no Exército israelense. Foi nomeado embaixador três anos atrás, e para isso abandonou a cidadania americana.

Questionado se Netanyahu está blefando ou vai ordenar um ataque ao Irã neste outono, Oren respondeu: "Estou por fora disso".

Ele brincou sobre como a tensão do posto o envelheceu. "Eu tenho só 32 anos", disse, "e fiquei com essa aparência em três anos."

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