quarta-feira, 24 de outubro de 2012

China remaneja cúpula das Forças Armadas


Movimento está vinculado à mudança de líderes do Partido Comunista e do governo, que deve ser anunciada no congresso marcado para o dia 8

A China remanejou na terça-feira os altos escalões das Forças Armadas, algumas semanas antes da troca de liderança que costuma acontecer a cada dez anos. Segundo algumas fontes, o comandante da Força Aérea que está deixando o cargo foi promovido a vice-presidente do mais alto organismo de tomada de decisões das Forças Armadas.

O general Ma Xiaotian, de 63 anos, foi nomeado comandante da Força Aérea, no lugar do general Xu Qiliang, de 50 anos, informou a emissora estatal CCTV. Ma era um dos rostos mais visíveis das Forças Armadas, em geral reservadas, e costumava falar nos fóruns no exterior e conduzia as conversações com detentores de altas patentes do setor de Defesa dos Estados Unidos com a finalidade de cultivar a confiança entre as duas maiores economias do mundo. A emissora não informou o que ocorreu com Xu.

Entretanto, pelo menos três fontes independentes ligadas aos altos escalões da liderança e ao Exército de Libertação Popular afirmaram que Xu seria cotado para desempenhar o cargo de um dos dois vice-presidentes do poderoso Comitê Central Militar. Em geral, o governo chinês não comenta a política da elite e as mudanças de pessoal antes de divulgar um anúncio oficial.

A carreira de Xu na Força Aérea indica que ele poderá defender os interesses da Aeronáutica no centro do poder, incluindo o desenvolvimento do primeiro caça Stealth chinês.

Xu é um dos oito membros da comissão militar, chefiada pelo presidente Hu Jintao, que é também o mais alto representante do Partido Comunista. Hu deverá deixar o cargo de líder do partido durante um Congresso que começa no dia 8 e a presidência, durante a sessão anual do Parlamento em março de 2013.

Sucessão. Quase certamente, o sucessor nomeado, o vice-presidente Xi Jinping, assumirá ambos os cargos. No entanto, algumas fontes e analistas discordam quanto à possibilidade de Hu seguir o exemplo do seu predecessor Jiang Zemin, que ficou durante dois anos no comando das Forças Armadas depois de se demitir do cargo de líder do partido.

Hu, de 69 anos, não divulgou os seus planos para a aposentadoria, mas, ao contrário do que ocorre no Ocidente, onde ex-presidente e ex-primeiros-ministros costumam voltar para o anonimato, os líderes chineses procuram manter sua influência a fim de evitar possíveis repercussões políticas negativas no futuro e preservar o seu legado.

O feito mais notável de Hu foi procurar manter relações amistosas com Taiwan - ilha relativamente democrática e autônoma, que Pequim considera como território chinês -, depois que os vínculos bilaterais se deterioraram em razão da realização de exercícios de guerra chineses considerados ameaçadores, às vésperas das históricas eleições presidenciais taiwanesas, em 1996.

No entanto, o Exército de Libertação Popular, com um efetivo de 2,3 milhões de homens, o maior do mundo, agitou a região com uma ambiciosa modernização supervisionada por Hu, que incluiu o lançamento do primeiro porta-aviões do país.

Também há tensões entre a China e o Japão a respeito de um grupo de ilhotas desabitadas no Mar do Leste da China, bem como entre a China e vários países do Sudeste Asiático que reivindicam partes do Mar do Sul da China.

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