segunda-feira, 10 de setembro de 2012

El País: Estudo aponta guerra de tronos das forças geopolíticas para 2030


O mapa das potências mundiais está em plena revisão. O centro de gravidade do poder está mudando de lugar com a perda de força do Ocidente. Caminhamos na direção de uma nova ordem ou desordem mundial

Em meados de julho, quando François Hollande expressou sua vontade de salvar o grupo automobilístico francês Peugeot-Citroën, um comentarista chamado Ulf Poschardt, indignado, fez uma brincadeira no jornal alemão de direita “Die Welt”. O desejo de Hollande de resgatar uma indústria que, segundo Poschardt, produziu seu último bom produto, o Citroën DS, em 1955, constituía um regresso à “economia planejada” e, ainda pior, uma “provocação” para a Alemanha. Esta foi a conclusão a que Poschardt chegou: a França não é uma boa parceira para a Alemanha, assim Merkel deveria buscar outros. Ele sugeria “os poloneses, os ingleses, os escandinavos, os bálticos e os holandeses”.

Será que a União Europeia acabará se desfazendo? Hoje, essa hipótese já não é descartável. A Inglaterra bem poderia sair no referendo com o qual sonha David Cameron, e a Alemanha, uma vez que a Espanha, Itália, Grécia e Portugal voltem à sua condição anterior à construção europeia, bem poderia seguir o caminho que seus políticos e jornalistas conservadores citam com cada vez menos constrangimento: constituir, com alguns vizinhos da Europa central, oriental e setentrional, um clube baseado num euro forte e uma disciplina orçamentária de aço. Paris ficaria assim no limbo e Berlim seria a capital de uma nova potência alemã, desta vez, financeira e econômica.

Pode ser que isso aconteça ou pode ser que não. A futurologia geopolítica é tão pouco confiável como as previsões das agências de qualificação norte-americanas. Lembrem que em 1980 era moda dizer que o PIB do Japão superaria o dos Estados Unidos em 2010, e não foi assim, a economia japonesa estagnou. Agora o Goldman Sachs diz que, até 2050, a China será a primeira potência econômica mundial, relegando os Estados Unidos ao segundo lugar. A Índia ocuparia o terceiro lugar, o Brasil, o quarto, e o México, o quinto. Não haveria um único país europeu entre os cinco primeiros.

Talvez nossos filhos vejam isso, talvez não. O certo agora é que a “nova ordem mundial” surgida da queda do muro de Berlim, o naufrágio do império soviético e o final da Guerra Fria, foi de breve duração, apenas os anos 90 do século passado. Contrário ao que foi profetizado antes, o século 21 não será indiscutivelmente americano, com os Estados Unidos como única potência de um mundo unipolar. O século 21 só tem uma dezena de anos e já é multipolar. Com os Estados Unidos começando a aceitar suas limitações e uma União Europeia em debandada, o Ocidente capitalista, democrático e atlântico, o herdeiro dessa “carga do homem branco” da qual Rudyard Kipling falava, vai perdendo autoridade diariamente, enquanto o centro de gravidade planetária se desloca para a Ásia e surgem surpresas na América Latina, Oriente Próximo e até na África.

Portanto, estamos em plena desordem mundial e o que pode se prever razoavelmente para os próximos tempos se assemelha mais a uma nova Idade Média, a uma espécie de guerra de tronos com múltiplos reinos, senhores e cidades de forças mais ou menos semelhantes, competindo implacavelmente uns com os outros sem que nenhum consiga se impor com firmeza.

A última foto triunfalista do período anterior foi a da cúpula do G-8 realizada na Alemanha, em junho de 2007. Às margens do Báltico, reuniram-se os líderes dos Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Inglaterra, Itália, Canadá e Rússia para prometer ajuda paternalista à pobre África. Aquele foi o retrato de despedida da breve época nascida com a queda do muro de Berlim. No outono de 2008, a quebra do Lehman Brothers desencadeou uma crise financeira mundial brutal, e, com ela, acelerou a tendência que já estava presente: a queda do Ocidente e a ascensão do resto do mundo.

Agora as reuniões do G-8 deram lugar às de um grupo chamado G-20, onde os ocidentais já não podem dar lições aos demais e onde os chineses, brasileiros, indianos e sul-africanos dão bronca nos Estados Unidos por sua dívida descomunal, na Europa por sua nulidade para acabar com a crise do euro e em ambos por conta de suas barreiras protecionistas.

Com os impérios espanhol, português, francês e britânico, e logo com o norte-americano, o Ocidente dominou o mundo durante cinco séculos. Os ocidentais chegaram a teorizar que isso era uma lei natural, no pior dos argumentos, de uma superioridade racial, ou, no melhor, de uma superioridade democrática. Mas o sol da História não se detém: hegemonia já percorreu seu caminho pelo Oeste e volta a lançar-se para o Leste.

Os fatos falam por si só. Os chineses investem na África e América Latina e emprestam dinheiro aos norte-americanos e europeus. O horizonte urbano de Xangai representa hoje a modernidade e transforma Nova York num monumento do século passado. Os maiores arranha-céus estão nos Emirados Árabes do Golfo, e a maior indústria cinematográfica, na Índia. As informações e opiniões das redes televisivas Al Jazeera (árabe), NDTV (Índia) e CCTV (China) chegam a mais gente que as norte-americanas CNN e Fox e a britânica BBC. O homem mais rico do planeta é o mexicano Carlos Slim. A cultura pop japonesa é quase tão pujante como a norte-americana. A Turquia voltou a ter mais peso nos assuntos do Oriente Próximo que a Europa.

O que sairá de tudo isso? Qual será o mapa mundi econômico e geopolítico das próximas décadas? Postos a aventurar, é razoável imaginar que, mantendo as tendências atuais, Estados Unidos, China e Índia serão os principais senhores da Guerra dos Tronos, os que competirão no que será seu principal cenário: o asiático. E tampouco é descabelado prever que, liderando suas respectivas regiões e com sua quota de influência global, Brasil, África do Sul, Turquia, os países árabes do Golfo e a Rússia serão relevantes no grande jogo.

Quanto à Europa, a Inglaterra parece destinada a culminar sua tendência a se transformar numa pitoresca província dos Estados Unidos, e a Alemanha, a se transformar na cabeça de um pequeno clube continental forte no financeiro e econômico, mas não tanto no político e no militar. Para os hispânicos, o prêmio de consolação é que serão um grande ator humano, linguístico e cultural de todas as Américas. Em meados deste século, constituirão um quarto ou até um terço da população do território compreendido entre o Rio Bravo e o Canadá, transformando os Estados Unidos num país bilíngue. De modo que a latinidade estará presente em três das primeiras economias do planeta (Estados Unidos, Brasil e México).

Os Estados Unidos começaram a se angustiar com sua possível decadência no final dos anos 70 e começo dos 80, com o Vietnã, Watergate, a estagflação, a crise dos reféns de Teerã e a pujança econômica japonesa. Em 1984, Ronald Reagan devolveu um otimismo que foi confirmado por sua vitória na Guerra Fria. Entretanto, como escreveu em 2008 o cientista político Parag Khanna em The New York Times Magazine, “a era unipolar sob hegemonia norte-americana só durou na verdade a década de 90”, os tempos de Bill Clinton. No arranque do século 21, com George W. Bush na Casa Branca, o colosso perdeu boa parte de seu capital ao arruinar suas finanças federais, lançar-se à desastrosa aventura do Iraque e se transformar no epicentro da grande crise financeira mundial.

Até 2005-2006, com os Estados Unidos atolados no Iraque, já começou a se falar em todas as partes do mundo multipolar que surgia por trás do breve intervalo de monólogo norte-americano. Em 2008, o jornalista da Newsweek Fareed Zakaria publicou um livro, “The pos-American World” [“O Mundo Pós-Americano”], onde também afirmava isso. A mundialização não ia ser uma americanização.

Zakaria fez essas previsões antes da catástrofe de Wall Street. Agora Barack Obama habita a Casa Branca constatando com lucidez que a influência de seu país recua no cenário global. Tanto no político, cultural e moral – o poder brando teorizado por Joseph Nye – como no econômico – perda de peso relativo no PIB mundial e índices descomunais de déficit comercial, orçamentário e dívida pública. Dessa constatação e de sua disposição deriva uma atitude menos arrogante e agressiva.

Mas, atenção, os EUA ainda estão muito longe de um colapso semelhante ao do Império Romano. Eles têm ativos poderosos: um sistema financeiro que, ainda que desprestigiado, é a primeira referência mundial; uma grande produção industrial; marcas e empresas implantadas em todas as partes; universidades de prestígio; uma incessante oferta televisiva e cinematográfica; a genialidade tecnológica do Vale do Silício; um mercado de trabalho atrativo para talentos estrangeiros e uma capacidade inesgotável de se levantar das quedas. E por último, mas não menos importante, é uma potência militar sem igual (quase a metade dos gastos militares planetários são dos EUA).

“Os Estados Unidos não são um colosso impotente, o que acontece é que as coisas estão voltando à normalidade, estão deixando de ser um império universal para ser um grande país, e isso é bom”, diz o historiador Paul Kennedy. Seu calcanhar de Aquiles, na opinião de Kennedy, é o fato de “contar perigosamente com os outros Estados para financiar seus déficits. O poder militar não pode descansar sobre esses pés de barro, não pode depender indefinidamente de credores estrangeiros”.

Global Trends 2030 é um estudo gigantesco sobre as tendências mundiais desde hoje até 2030 que está sendo realizado por think-tanks norte-americanas e que será divulgado integralmente depois das eleições de novembro. Em seus presságios econômicos mais otimistas, os Estados Unidos, com um crescimento médio de 2,7% entre 2010 e 2030, confirmaria sua perda de peso econômico relativo, passando sua participação no PIB do G-20 de um terço para um quarto. Nos mais pessimistas, uma explosão da eurozona provocaria uma crise financeira deste lado do Atlântico e uma nova recessão de consequências imprevisíveis.

A Europa se transformou, pois, num problema para si mesma, para os Estados Unidos e para o resto do mundo. O triste é que há não muito tempo era vista como a solução. Em 2004, o economista norte-americano Jeremy Rifkin publicou um livro intitulado “The European Dream” [“O Sonho Europeu”], no qual afirmava que a visão europeia (associação de Estados democráticos, combinação de livre-mercado com proteção social, defesa do meio ambiente, ação internacional pacífica e gosto pela qualidade de vida) não ia tardar a eclipsar o Sonho Americano no cenário global. E em 2008, o professor indo-americano Parag Khanna previu no artigo que publicou na The New York Times Magazine que os Estados Unidos teriam que compartilhar a hegemonia no século 21 com a China e com uma UE à qual enchia de elogios.

Agora, incapaz de resolver uma crise do euro que já revelou como foi disparatado criar uma união monetária sem governo econômico comum, a União Europeia parece agonizar. Os velhos interesses nacionais a corroem na hora do maior teste. E para o resto do mundo ela projeta a imagem de uma fortaleza fechada para as mercadorias, pessoas e ideias do resto do planeta, uma gerontocracia que dá muitas lições moralistas e sempre se acovarda diante da ação, um clube incapaz até mesmo de socorrer de modo contundente seus membros mais frágeis e dirigido por uma Angela Merkel cuja única visão consiste em impor ao restante o dogma orçamentário alemão.

A crise empobrece as populações europeias e a política de austeridade a todo custo destrói a mais importante contribuição do Velho Continente à humanidade depois da 2ª Guerra Mundial: o capitalismo com proteção social de democratas cristãos e social democratas. Por que tudo isso parece não afetar a Merkel? Em maio de 2010, o filósofo Jürgen Habermas ofereceu uma explicação no Die Zeit. A Alemanha, dirigida por elites políticas que continua sendo “os titulares grosseiros do Bild”, perdeu a vocação europeia ao mesmo tempo que o complexo de culpa, e se fechou numa “mentalidade egocêntrica”.

“A Europa não se dá conta de até que ponto perdeu toda a importância aos olhos do resto do mundo.” Esta frase provocadora, pronunciada por Kishore Mahbubani, diretor da Escola de Administração Pública de Cingapura, é hoje muito citada para enfatizar a crescente irrelevância do Velho Continente, algo que não cai nada bem para os EUA. Porque, evidentemente, a recessão europeia pesa sobre sua decolagem econômica, e porque Obama desejava retirar seu país do primeiro plano de todos os conflitos e deixar alguma coisa sobre os ombros europeus.

A China começou a mudar em 1978 com a chegada de Deng Xiaoping ao poder, autor da célebre frase: “Que importa se o gato for branco ou preto, o importante é que cace ratos”. Começaram assim as reformas econômicas que transformariam o gigante asiático num país capitalista com um governo autoritário do Partido Comunista. Agora a China é a grande fábrica do mundo, conta com uma classe média forte, é um grande cliente das matérias primas da África e da América Latina e um grande investidor e credor internacional, dispõe de uma moeda de prestígio, o yuan, e vai controlando, como fornecedor ou comprador, a produção mundial dos chamados metais raros como o lítio, essenciais para as novas indústrias. Ela também investe muito em pesquisa: seus cientistas fazem progressos significativos próprios em áreas como a informática, a indústria aeroespacial, as energias verdes, a engenharia metalúrgica, a biologia molecular. Diz-se que a China poderia superar os Estados Unidos em 2020 como primeira potência científica do planeta.

Em paralelo, o orçamento das Forças Armadas chinesas cresce a um ritmo de dois dígitos por ano e Pequim está cada vez mais presente no cenário internacional – no econômico, é claro, mas também no político e diplomático. Entretanto, avança com cautela. A China não quer despertar o fantasma de que aspira à hegemonia mundial, não se propõe como líder alternativo aos EUA. Pelo menos, ainda não. Hu Jintao, seu presidente, proclama urbi et orbi que sua política externa está baseada na “construção comum de um mundo harmonioso”.

A ascensão da China representa um desafio ideológico ao Ocidente. Seu modelo de prosperidade econômica sem democracia e direitos é uma alternativa de 'modernidade' ao ocidental? É o que a China sugere baseando-se em seu crescimento dos últimos quinquênios e em sua relativa resistência à crise atual, e assim começa a ser visto em outras partes. O regime chinês é, sem dúvida, autoritário, mas também mais flexível do que poderia se imaginar: ele toma com rapidez e eficácia decisões importantes e complexas em matéria econômica, mima suas elites e sua nova classe média e não carece de sensibilidade para detectar os humores do povo. Se este modelo é sustentável? Será não será cobrado um preço muito alto por seus problemas evidentes: a falta de liberdades e direitos, a corrupção quase institucionalizada, o aumento das desigualdades, a dependência das companhias estrangeiras lá estabelecidas?

A Ásia, a grande reserva de capitais e de mão de obra barata e preparada do planeta, será no século 21 o equivalente ao que a Europa foi no 19 e a América do Norte no 20. China, Japão e Índia já são, respectivamente, a segunda, terceira e sexta economia do mundo. Cingapura, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos sobem na classificação mundial de detentores de divisas fortes e vão fazendo seus investimentos em bancos e empresas ocidentais. Mas quem liderará o continente asiático? Nenhum dos três aspirantes óbvios – China, Japão e Índia – têm uma legitimidade indiscutível, e suas rivalidades mútuas são enormes.

Considerado há seis ou sete quinquênios o maior concorrente potencial dos EUA, o Japão está praticamente desaparecido nesta crise. Está há mais de uma década pagando o preço da bolha financeira e evidenciando suas carências: estancamento econômico, envelhecimento da população e instabilidade política. Agora quer ser menos dependente dos EUA e dirige seus olhos para a Ásia.

A Índia acrescenta a sua proposta de crescimento econômico (9%) alguns valores, democracia e pluralismo, que levaram Obama a dizer que é “uma potência mundial responsável” e “uma líder na 'Sai”. Seu despertar arrancou em 1991, quando o governo abandonou o modelo estatal, e está baseado na satisfação das necessidades do imenso mercado nacional. A suas empresas colossais, como a automobilística Tata Motors e a telefônica Bharti Airtel, a Índia acrescenta uma série de pequenas e médias empresas que fabricam produtos têxteis, mecânicos, informáticos e agrícolas que são úteis e baratos para sua população. Exaltado nos filmes de Bollywood, o herói nacional é hoje o jovem empreendedor.

A Índia pensa no futuro. Para se proteger geopoliticamente conta com a arma nuclear, e para não voltar a passar fome investe massivamente em terras de cultivo latino-americanas e africanas. Suas vantagens são uma população jovem e anglofônica, um mercado local sedento de tudo, sua habilidade para ser a base de serviços externalizados e seu sistema democrático. Seus obstáculos, a persistência de uma grande pobreza e analfabetismo, infraestrutura calamitosa, muita corrupção, uma burocracia complexa e um sistema fiscal ineficaz.

O Brasil já joga no cenário global. Sua atitude é de uma segurança crescente que foge, entretanto, da arrogância e do confronto. Está se transformando num grande produtor de hidrocarbonetos ao mesmo tempo em que é líder mundial de biocombustíveis. Já é membro do G-20 e aspira a uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU. Aos poucos vai se distanciando dos Estados Unidos sem provocar uma crise séria. Partidário da cooperação transversal entre países do Sul, vai multiplicando sua presença na América Latina, Oriente Próximo e África. Aliou-se à Índia e África do Sul nas negociações comerciais internacionais, atacando as barreiras aduaneiras norte-americanas sobre o aço e as subvenções agrícolas europeias. E tem uma aliança estratégica com a China. As economias chinesa e brasileira são bastante complementares: o Brasil vende minerais, madeira, carne, leite e soja, enquanto a China investe em infraestrutura e indústrias brasileiras.

O Brasil já não é o eterno “país do futuro” do qual falava Stefan Zweig. A vitrine desta emergência, associada com a presidência de Lula da Silva (2003-2010) e hoje com a de sua sucessora, Dilma Rousseff, será a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 que acontecerão no país.

Se o México se juntará a eles em algum momento? Não são poucos que preveem isso. Ao atual grupo dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), os futurólogos acrescentaram os chamados Next 11 (os próximos 11), no qual estão México, Coreia do Sul e Turquia. E o México, segundo algumas análises, teria inclusive potencial para estar entre os cinco primeiros do ranking mundial em meados deste século.

À imagem e semelhança da internet, seu grande instrumento de comunicação, a globalização está se transformando numa rede de redes, numa teia de aranha com um novo desenho, diversos centros e relações intrincadas. Ou numa Guerra de Tronos.

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