sexta-feira, 28 de setembro de 2012
[VÍDEO] Kavkaz-2012
Veja no vídeo acima o que aconteceu de melhor nas manobras militares estratégicas “Kavkaz-2012”, a que aconteceu de 17 a 23 de setembro no sul da Rússia, e a qual contou com a participação de 8 mil militares, 200 veículos militares, 100 peças de artilharia, 10 navios de combate, dentre outras armas.
Índia comprará 40 caças “Super Sukhois” da Rússia
Acima um Su-30MKI da Força Aérea Indiana (IAF) |
O acordo pode ser anunciado durante a visita do presidente russo, Vladimir Putin, à Índia, em novembro.
O custo de aquisição das 40 aeronaves é de cerca de US$ 3.7 bilhões e as entregas podem ser concluídas até 2015.
Atualmente a Índia tem cerca de 5 esquadrões de caças Su-30MKI, cada um com 20 caças. Os indianos planejam atualizar todos esses caças para o padrão “Super Sukhoi”.
A variante “Super Sukhoi” inclui um cockpit novo, um novo radar (possivelmente AESA), utiliza tecnologia furtiva em seu design. Desse modo, essa variante poderá ser considerada de 4,5ª geração. Espera-se que essa versão receba uma maior vasta gama de armas, caso da bomba Brimstone e do míssil ar-ar Meteor, bem como as novas variantes do míssil de cruzeiro supersônico BrahMos.
A nomenclatura correta desse novo Su-30 ainda é desconhecida da mídia.
Polônia abre concorrência para a aquisição de helicópteros multifuncionais
Acima um S-70i Black Hawk; Esse helicóptero é fabricado pela PZL Mielec, subsidiária polonesa da Sikorsky |
A Polônia planeja gastar cerca de US$ 3 bilhões na aquisição de novos helicópteros multifuncionais para suas Forças Armadas em um futuro próximo, assim noticiou o jornal polonês Rzeczpospolita.
Ainda segundo o jornal Rzeczpospolita, a Polônia cancelou uma concorrência anterior em detrimento de uma nova, a qual terá a participação da empresa americana Sikorsky que está oferecendo o S-70 Blackhawk, o consórcio franco-alemão Eurocopter e a empresa italiana AgustaWestland que oferece o seu AW149.
“As Forças Armadas querem comprar 70 helicópteros e não 26 como anteriormente. A concorrência será concluída até o final do ano e um acordo (com a empresa vencedora) deverá ser assinado em maio de 2013”, disse o vice-ministro da Defesa da Polônia, Valdemar Skrzypczak.
A concorrência anterior, anunciada em 29 de março de 2012, estabelecia a aquisição de 16 helicópteros de transporte tático para o Exército Polonês, 4 helicóptero de guerra anti-submarina (ASW) e 3 helicóptero de busca e resgate (SAR) marítimo para a Marinha Polonesa e 3 helicópteros SAR igualmente para a Força Aérea, todos do mesmo modelo.
A Polônia também deseja que os helicópteros sejam montados em solo polaco.
Ex-desertores voltam a integrar o Exército Árabe Sírio
Khaled Abdel Rahman al-Zamel e seus homens em coletiva de imprensa |
“Decidimos voltar ao Exército e cooperar com o ministério para Reconciliação Nacional”, disse o comandante do comando, Khaled Abdel Rahman al-Zamel, que estava acompanhado de uma dezena de combatentes da oposição.
“Todos nós somos sírios e rechaçamos uma crise que começou com o derramamento de sangue”, explica o capitão”, que pediu para que os outros rebeldes deixem de lutar contra o governo.
Anteriormente Khaled Abdel Rahman al-Zamel, encabeçou um comando do Exército Livre Sírio, comando esse que era formado por ex—militares do Exército Árabe Sírio.
Le Monde: Netanyahu comete 'gafe' ao expressar preferência por Mitt Romney
Netanyahu e Mitt Romney |
Em Jerusalém, ele costuma ser chamado de “Bibi, o americano”. Binyamin Netanyahu usa e abusa de seus talentos linguísticos: voz grave, um pouco abafada, ao estilo dos locutores de chamadas da CNN, ele fala um inglês americano melodioso, perfeito, quase untuoso. E supõe-se que todos saibam disso. Na antecâmara do gabinete do primeiro-ministro, “muitas vezes se ouve falar mais inglês do que hebraico”, nos dizia um jornalista do jornal “Haaretz”.
Nascido em 1949, o chefe do governo israelense passou quatorze anos nos Estados Unidos. Ali ele concluiu seus estudos secundários, antes de servir cinco anos em uma unidade de elite em Israel. De volta aos Estados Unidos, ele foi admitido no prestigioso Massachusetts Institute of Technology (MIT), onde fez mestrado. Passou por Harvard, antes de trabalhar para uma das consultorias mais renomadas, a Boston Consulting Group. Ele logo entrou para a vida pública: dois anos na embaixada de Israel em Washington, antes de dirigir, entre 1984 e 1988, a delegação de seu país na ONU, em Nova York.
Ele se sente em casa, na Costa Leste. A mídia o disputa. Ele é o israelense mais conhecido nos Estados Unidos, o político estrangeiro mais à vontade em um estúdio de televisão. Em Jerusalém, Bibi Netanyahu se faz de especialista em política americana, aquele que conhece os Estados Unidos como pessoa, aquele que pode chamar pelo primeiro nome qualquer presidente de comissão na colina do Capitólio.
No entanto, ele acaba de cometer uma enorme gafe, um deslize sem precedentes. Mais do que uma falha, um gesto muito feio que poderia pesar muito no futuro de suas relações com o governo americano. Na semana passada, Bibi interferiu na campanha eleitoral dos Estados Unidos. Ele quis usá-la para fazer pressão sobre Barack Obama, procurou se aproveitar do fato de que o candidato republicano, Mitt Romney, criticou a suposta fraqueza de Barack Obama na questão iraniana, para obter concessões do atual presidente.
Não muito elegante, por si só. Mas, mais grave, isso equivale a tomar partido abertamente de Mitt Romney, a desejar a derrota de Barack Obama, ou seja, desafiar um homem que de qualquer forma tem chances de passar mais quatro anos na Casa Branca. Também não muito hábil.
Netanyahu pede por duas coisas. Ele quer que o Irã seja colocado diante de “linhas vermelhas”: a República Islâmica não deve poder ir além de um certo limiar no caminho da nuclearização militar. Se ela o ultrapassar – e, para Bibi, já é o caso - , então Israel deve receber sinal verde de Washington para uma operação militar ou, ainda melhor, conduzi-la juntamente com os Estados Unidos.
Obama não quer se comprometer com “linhas vermelhas”. Ele já deixou clara sua posição: os Estados Unidos não aceitarão que o Irã obtenha a arma nuclear. Ele recomenda paciência a Israel – por enquanto.
O primeiro-ministro israelense o refutou brutalmente: “Aqueles que se recusarem a estabelecer linhas vermelhas ao Irã não terão nenhum direito moral de brandir um sinal vermelho a Israel”, lançou Netanyahu, dirigindo-se a Obama.
Vários premiês israelenses já tiveram diferenças com a Casa Branca. Nos anos 1960, Levi Eshkol passou por cima da oposição de John F. Kennedy e de Lyndon B. Johnson ao programa nuclear israelense. Ronald Reagan não queria que Menahem Begin atacasse o reator nuclear iraquiano Osiraq em 1981.
Mas nenhum desses conflitos se deu em praça pública, relata Ari Shavit, no jornal “Haaretz”. Pelo contrário: até Bibi, cada chefe de governo israelense sempre tomou o cuidado de cultivar um apoio bipartite a Washington.
Já Netanyahu procurou mobilizar a opinião pública a seu favor. Ele apareceu na televisão americana para defender sua posição – o que equivalia a atacar a de Obama. Em plena campanha eleitoral. No momento em que Mitt Romney estigmatiza a fragilidade da política iraniana do presidente; no momento em que o republicano acusa o democrata de ter faltado com empatia por Netanyahu!
Por qualquer um dos lados que se veja a história, ela se resume a uma fórmula: Bibi “vota” em Mitt. E Mitt retribui à altura. Isso porque as posições de Romney sobre o conflito israelense-palestino são as de Netanyahu. Diante dos financiadores de seu partido na Flórida, Romney explicou, em meados de setembro, que a criação de um Estado palestino ao lado de Israel não era possível.
“De qualquer maneira, acredito que os palestinos não querem a paz”, disse o candidato republicano às eleições do dia 6 de novembro. “Eles querem a destruição e a eliminação de Israel (...) Vocês precisam reconhecer que isso vai continuar sendo um problema sem solução”.
A conclusão de Romney é a mesma de Bibi. Este garante que não tem interlocutor palestino. Ele continua ativamente com os assentamentos nos territórios ocupados, e acredita que a desestabilização atual do mundo árabe lhe proíbe qualquer iniciativa em relação aos palestinos. Ele defende esse falso statu quo que consiste em aumentar continuamente as colônias israelenses na Cisjordânia.
Obama não cedeu à ofensiva do primeiro-ministro sobre a questão das “linhas vermelhas” iranianas. O caso não melhorou as relações dos dois. Eles não se entendem desde o começo: Bibi recusou o pedido de Obama por uma suspensão dos assentamentos na Cisjordânia. A Casa Branca, contrariada, não muito corajosa na circunstância, deixou de lado a questão israelense-palestina. Barack Obama nunca fez nenhuma visita oficial a Jerusalém.
Mas tudo isso não impediu em nada os Estados Unidos de Obama de se comportarem como fidelíssimos aliados de Israel. Pelo contrário. Eles levaram a cooperação militar a um nível inédito. “Não me lembro de um apoio tão grande como esse no plano estratégico”, garantiu recentemente o ministro israelense da Defesa, Ehud Barak. A administração Obama lutou contra qualquer deslegitimização de Israel na ONU.
O “voto” de Bibi em Mitt não é só surpreendente. É também tão ingrato quanto arriscado.
El País: Na ONU, Obama traçou as linhas vermelhas para as reações antiliberais no mundo árabe
Afegãos queimam uma bandeira americana em Ghanikhel por causa do filme "A Inocência dos Muçulmanos" |
Onde não há deuses não há blasfêmia. A blasfêmia é filha da divindade, uma manifestação estritamente religiosa que reforça com sua transgressão a força do sagrado. Castigar a blasfêmia é próprio de sociedades teocráticas, organizadas segundo as leis dos deuses, e não dos humanos.
Certamente, é preciso que os poderes públicos protejam a pluralidade religiosa e promovam o respeito às crenças de todos. Pertencem a um âmbito pessoal no qual ninguém tem o direito de se intrometer. Mas as liberdades de consciência e de expressão são um bem superior que não cabe degradar em nome de religião alguma. Ninguém pode castigar um suposto delito de difamação religiosa sem afetar diretamente o coração da liberdade. Mas induzir ao respeito não significa obrigação de respeitar, como defender o direito à blasfêmia não significa obrigação de blasfemar.
E isso é assim porque estamos falando de liberdades e direitos individuais. Os deuses e os livros sagrados, as religiões e os dogmas, assim como os personagens históricos e os mitos, as pátrias e as bandeiras, não têm direitos nem deveres como têm os cidadãos individuais. Não se pode atentar contra a honra de Buda ou de Confúcio, de Napoleão ou de Garibaldi, de Jesus Cristo ou da Santíssima Trindade.
Os violentos que reclamam a honra maculada de seus profetas ou de seus livros, ou que chegam até a assassinar em seu nome, exercem uma chantagem intolerável. Esse seria o caso se se transformasse em delito punível a publicação das vinhetas de Maomé que fez o jornal dinamarquês "Jyllan Posten" em 2005, a difusão no YouTube do infame vídeo californiano sobre Maomé ou a atual campanha satírica sobre o islã de "Charlie Hebdo".
Será difícil convencer os dirigentes de muitos países islâmicos onde a blasfêmia é hoje punida penalmente, inclusive com a morte. Obama o tentou com seu discurso de terça-feira diante da Assembleia Geral da ONU, embora se possa temer que de pouco servirá sua pedagogia sobre a liberdade de expressão, dirigida a governos e regimes que tiram benefícios dessas proibições em duas direções, no controle sobre os meios de comunicação e no apaziguamento dos islâmicos mais radicais e violentos.
Obama exemplificou o problema com sua defesa da liberdade para insultar o presidente dos EUA. O insulto ao soberano é uma atividade que antigamente, quando era de origem divina, também pertencia ao território da blasfêmia e era castigada severamente. Hoje, porém, a liberdade de blasfemar contra o chefe de Estado é a garantia da sociedade livre. O mesmo fez uma sentença célebre da Suprema Corte com o símbolo máximo da nação que é a bandeira.
Esse é o paradoxo: quem hoje em dia queima bandeiras com as listras e as estrelas em todo o mundo islâmico não comete delito algum, segundo a jurisprudência e os códigos americanos.
Tudo isso é uma discussão medieval, perfeitamente em dia graças à campanha organizada pelos poderes religiosos de bom número de países islâmicos, que promovem uma legislação internacional contra a denominada difamação da religião. Até 2011 esses problemas eram elucidados sem discussão pública nas masmorras e delegacias das ditaduras árabes, mas agora são debatidos nos parlamentos e nas comissões constitucionais como resultado da chegada impetuosa dos partidos islâmicos ao poder, dispostos a demonstrar a verdade de seu lema e mito de que o islã é a solução para tudo.
O único limite à liberdade de expressão é a incitação à violência. Não é o caso das imagens de Maomé. Tampouco do humor mais ou menos grosso e irreverente com o islã ou o cristianismo. Nem sequer é o caso da vulgar produção videográfica utilizada como desculpa para uma campanha de violência. Para a jurisprudência americana, não o é sequer o negacionismo dos crimes contra a humanidade, à diferença do que ocorre em alguns países europeus.
Obama traçou as linhas vermelhas. Não as que lhe pedia Benjamin Netanyahu sobre a arma nuclear iraniana, mas outras mais importantes, exigidas pelas reações antiliberais nas democracias árabes. Se as traspassarmos, ficarão indultados outros sistemas de censura que se praticam em muitos países, como a China, em nome da estabilidade e para evitar as provocações. Não há diversidade cultural que valha em relação a estes valores universais que surgem espontaneamente em todas as civilizações, onde há homens e mulheres que reivindicam seus direitos acima dos deuses e dos mitos.
Na ONU, Franco diz que Guerra do Paraguai foi um "holocausto"
Presidente acusou Mercosul de ingerência e questionou Brasil
Federico Franco discursa na Assembléia Geral da ONU |
"Da memória do meu povo não se apagou ainda o holocausto da Tríplice Aliança, que destruiu meu país", disse, em referência à união de Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai no conflito, um dos mais sangrentos da história do continente.
Franco usou seus 18 minutos de discurso para "ilustrar a comunidade internacional" a respeito do processo-relâmpago de impeachment do então presidente Fernando Lugo, no mês de junho.
O Mercosul e também a Unasul (União de Nações Sul-Americanas) consideraram a destituição ilegal e suspenderam o Paraguai. Assunção diz que o julgamento político seguiu a Constituição.
Franco disse que o Paraguai não teve direito de defesa no Mercosul, cujos países atuaram como "tutores da democracia" como em outros períodos da história do país. Prometeu eleições presidenciais "exemplares" em 2013.
Sem citar o país, o presidente paraguaio questionou as pretensões de liderança global do governo brasileiro.
"Os que hoje querem ser atores principais da sociedade internacional terão de reconhecer que é impossível lográ-lo sem encontrar a unidade na reunião. As lideranças são construídas com o respeito ao direito internacional."
"Só assim teremos uma posição comum para a reforma do Conselho de Segurança", seguiu. O Brasil pleiteia uma vaga no conselho.
Governo vai aplicar R$ 9 bilhões para proteger instalações estratégicas
A usina hidrelétrica de Itaipú é considerada uma instalação "sensível" para o governo brasileiro e um potencial alvo para uma nação estrangeira |
Preocupado com a defesa de instalações sensíveis a ataques externos ou mesmo internos, o Exército iniciou a execução do Projeto Proteger, que estabelece o Sistema Integrado de Proteção de Estruturas Estratégicas Terresres (EETer). Os investimentos do Governo federal para o setor serão da ordem de R$ 9,9 bilhões, para aplicação em aproximadamente 12 anos. A meta é capacitar os militares para a execuçao de medidas de prevenção e/ou atuação em caso de necessidade.
“São mecanismos de defesa de instalações, serviços, bens e sistemas cuja interrupção ou destruição, total ou parcial, provocaria sério impacto social, ambiental, econômico, político, internacional ou à segurança do Estado e da sociedade”, explica o general de brigada José Fernandes Iasbech, do Escritório de Projetos do Exército (EPEx).
Também gerente do Proteger junto ao Quartel General do Exército, em Brasília, Iasbech exemplifica como estruturas de proteção especial, de interesse da defesa nacional, serviços como energia, comunicações, águas, transportes, finanças, setores cibernético, nuclear, espacial e ativos da informação.
Desafio
De acordo com o general, o desafio é equipar e capacitar a força terrestre para ações de prevenção e antecipação em defesa de estruturas que são relevantes para a defesa nacional. Uma sabotagem ou mesmo um outro tipo de ataque a instalações dessa natureza implicaria em sérios prejuízos para o País.
“O Proteger é um enorme avanço, desde a prevenção, que hoje não existe – e passará a existir, passando pela antecipação”, ressalta o oficial do EPEx, afirmando que a partir dessa preparação “o Exército estará capacitado para uma pronta resposta”
Os recursos financeiros previstos serão empregados na aquisição de sistema de comunicações, equipamento para tropas (viaturas, armamento não letal, proteção), bem como na adequação das instalações. O montante também prevê a compra de equipamentos, como embarcações, viaturas e armamentos, e o treinamento de 85 mil integrantes das forças militares. Segundo avaliação do Exército, todas essas estruturas estratégicas respondem por 92% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro , daí também a necessidade de uma proteção integrada.
Pontos Sensíveis
São 13.300 alvos estratégicos do “Proteger”. O mapeamento do Exército identifica os 689 pontos – usinas hidrelétricas, nucleares, termelétricas, refinarias, linhas de transmissão, gasodutos e portos – mais vulneráveis a ataques. Hoje, apenas 371 dos chamados pontos sensíveis são monitorados permanentemente pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), subordinado à Presidência da República.
Aperfeiçoamento
De acordo com o general Iasbech, o projeto não é mais que um aperfeiçoamento dos trabalhos de segurança integrada que o Exército sempre desenvolveu. “Não há um só palmo do território brasileiro que não esteja planejado, que não tenha a sua defesa planejada pelo Exército”
Ainda conforme o gerente militar, “hoje nós compreendemos que o avanço econômico do País demanda um aperfeiçoamento desse sistema e esse é o Sistema Proteger que estamos desenvolvendo”.
Brasil é o único dos Brics sem sistema de proteção
Ao defender o Proteger, o general de brigada José Fernandes Iasbech lembra que o Brasil é o único país integrante do Bric (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que não tem esse sistema integrado de proteção às estruturas estratégicas.
“O Brasil cresce vertiginosamente. O patrimônio cresce vertiginosamente. Precisamos adequar nossas tropas e o nosso treinamento para que se for determinado pelo Governo federal possamos agir com presteza e eficácia”, ressalta o oficial.
Exemplos
Para definir o Sistema Proteger o comando do Exército levou em consideração casos passados tidos como exemplares, como a invasão da CSN, a greve da refinaria de Paulínea e um curto na rede de Tucuruí, que não teve influência de grevistas, mas afetou boa parte do País. Uma invasão a qualquer um desses pontos sensíveis traria sérias consequências, dada a natureza e importância desses serviços para todo o Brasil.
Recop prevê recuperação da capacidade operacional
Dentro das prioridades estratégicas trabalhadas no Livro Branco de Defesa Nacional (LBDN), o Quartel General do Exército também criou um programa para a recuperação e modernização de equipamentos e tecnologias, o que deve ser efetivado ao longo de 10 anos, a um custo aproximado de R$ 11 bilhões. Trata-se do Projeto Estratégico de Recuperação da Capacidade Operacional (Recop)
O projeto prevê o reaparelhamento e adequação do Exército Brasileiro para dotar as unidades de produtos de defesa imprescindíveis ao emprego operacional.
O Recop inclui a modernização e revitalização dos meios de aviação do Exército, de carros de combate M60 Leopard e das viaturas blindadas M113. Junto a isso estão previstas aquisições de embarcações fluviais, viaturas, equipamentos e material de artilharia de campanha e armamento individual.
Nesse contexto, o fuzil ainda hoje em utilização pelo Exér-cito, o FAL (Fuzil Automático Leve), é o fabricado pela Imbel e tem mais de 30 anos de uso, totalmente obsoleto para o emprego militar. Ele deve ser substituído pelo IA2, desen-volvido e produzido no Bra-sil também pela Imbel e que atende aos Requisitos Opera-cionais Conjuntos (ROC) das Forças Armadas aprovados pelo Estado-Maior Conjunto da Marinha, Exército e Aeronaútica.
Militares treinam com equipamento alemão em Rosário
Oficial do Exército Holandês acompanha em tempo real os dados fornecidos pelo LFME |
Participaram da ação 10 alunos concluintes do curso avançado de tiro. Eles farão um relatório para o Exército Brasileiro, recomendando ou não a compra do equipamento.
– É um aparato caro, mas a relação custo-benefício pode ser interessante pela qualidade do treinamento – elogiou o comandante do centro de instrução, coronel Marcelo Ribeiro.
O teste foi feito com nove blindados Leopard, que, parados ou em movimento, atiraram em alvos móveis e fixos. Na torre de comando, os instrutores observavam o desempenho da equipe em relação ao funcionamento do sistema de armas, além de receber dados da condição do veículo e o índice de sucesso da missão.
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
Le Monde: China precisa investir em reformas para manter destaque internacional
Quando era governador da província de Guangdong no final dos anos 1970, Xi Zhongxun, que havia conduzido a luta revolucionária ao lado de Mao, meio século antes, fez uma constatação: é preciso se abrir para prosperar. Ele foi um dos que levaram esse conselho a Deng Xiaoping, o homem a quem a China deve por ser a segunda maior economia do planeta, três décadas depois.
Seu filho, Xi Jinping, estaria inspirado a seguir o conselho paterno. Às vésperas de assumir a liderança do partido único, dentro de algumas semanas, e do Estado chinês, na primavera de 2013, multiplicam-se os apelos por uma nova onda de reformas econômicas. O leque vai desde sugestões benevolentes até críticas ácidas, tendo por ponto em comum o questionamento do domínio do Estado. Seu poder era o motor das reformas e a chave do sucesso chinês há uma década, quando Hu Jintao e Wen Jiabao chegaram ao poder. Sua onipresença hoje se tornou um peso para o crescimento.
A equipe em exercício soube investir em infraestrutura essencial e na moradia social, projetos que contribuíram para a travessia controlada da tempestade dos cinco últimos anos. Mas o Partido Comunista aproveitou esse movimento para se reforçar e hoje se encontra reticente em fazer concessões por "interesses particulares", expressão que designa discretamente os lucros dos dirigentes do Estado no Partido. "Esse governo permitiu que a economia crescesse, mas ele tentou manter tudo intacto", acredita Andy Xie, ex-economista-chefe da Morgan Stanley na Ásia-Pacífico. "A chamada política da harmonia foi sinônimo de estagnação".
O plano de estímulo de 2008, por um tempo bem-vindo, foi criticado abertamente. A China tem aproveitado as estradas e linhas de trem-bala que surgiram desde então, mas esses gastos beneficiaram essencialmente as empresas públicas, cujos diretores são nomeados pelo comitê central. Muitos desses mastodontes públicos se aventuraram na especulação imobiliária, para multiplicar seus lucros, suscitando a ira do povo que tem dificuldades para encontrar moradia. Esse "espírito" da reforma é um movimento, controlado e progressivo, na direção de um fortalecimento do papel do setor privado, que está mais exposto à desaceleração.
Bem ciente dessas críticas, Wen Jiabao tem se esforçado para defender suas realizações. Entre 2003 e 2011, com média de crescimento de 10,7%, a China passou de sexta para segunda maior economia mundial, as patentes aumentaram 15,2 vezes, foram construídos 13 mil quilômetros de ferrovias etc. Se não houvesse gastos públicos, ressalta o atual primeiro-ministro, os operários teriam voltado para o campo e as fábricas teriam fechado.
Com 7,5% previstos pelo governo para este ano, o crescimento perdeu quase três pontos em dois anos. A recuperação que a maior parte dos banqueiros antecipava para o verão ainda está sendo esperada. Segundo Li Daokui, diretor do Centro sobre a China na Economia Mundial da Universidade de Tsinghua, o país ainda não entrou necessariamente em crise, mas o temor de que isso aconteça é tanto que será preciso mudar de direção. Esse ex-conselheiro do Banco Central acredita que o crescimento de seu país ainda não terminou. O PIB chinês por habitante continua sendo apenas 18% do valor americano. A China poderá chegar a 75% desse padrão de comparação até 2020. Mas, com uma condição, e com certa urgência: "se a China conseguir se reformar".
Para Li Daokui, o país não poderá ignorar o Estado de direito. "O ambiente jurídico vem se degradando há cinco anos", ele opinou durante a sessão de verão do Fórum Econômico Mundial, em meados de setembro. Esse tema não é mais privilégio da oposição política. As empresas chinesas têm buscado fazer valer seus direitos e não somente pela rede de favoritismo de seus diretores, que às vezes ficam de malas prontas caso as coisas degringolem... Também nesse caso é o papel do Partido que está em jogo. Os advogados ficam nervosos quando se trata de defender qualquer um que tenha relação com ele. "Não havíamos percebido que sem fundamentos legais não era possível gerir a economia", constata Li.
Resta determinar quais reformas, uma vez que o "modelo chinês" não é uma receita finalizada. Nem se cogita deixar de lado todo o poder estatal, a China acredita que a chave de seu sucesso econômico é não ter seguido o "Consenso de Washington": sem reforma das taxas de juros, um sério controle do câmbio, sem desmantelamento dos monopólios e, independentemente do que diga Pequim, sem plena abertura das barreiras comerciais.
Em um artigo publicado na revista "Caixin", o ex-economista-chefe do Banco Mundial, Justin Lin Yifu, afirma que é preciso encontrar o equilíbrio certo quanto ao papel do Estado. Pequim deve apoiar seus novos pioneiros tecnológicos no lugar de seus velhos privilegiados. Nos últimos anos, essas distorções com frequência beneficiaram as indústrias - e os oficiais - acostumadas a viver de sua renda, em detrimento da maioria dos chineses. Portanto, caberá a Xi Jinping apoiar a economia da China de amanhã, e não a de ontem.
China nega que está construindo um 2º porta-aviões
Acima o porta-aviões chinês Liaoning, antigo Varyag |
Reportagens da mídia ocidental dão conta que a China está construindo um segundo porta-aviões Xangai e que o mesmo seria lançado ainda esse ano.
“Tais relatos são imprecisos”, disse Yang.
O primeiro porta-aviões chinês foi entregue e comissionado pela Marinha do Exército de Libertação Popular (PLA) na última terça-feira.
O porta-aviões, batizado de Liaoning, é o ex-porta-aviões soviético “Varyag”, o qual não tivera seu processo de construção finalizado. Com o fim da URSS, o Varyag “caiu” em mãos ucranianas que tentou vender sem sucesso o porta-aviões inacabado para os governos da Rússia, China e Índia. Em 1998, a Rússia na condição de intermediário, conseguiu vender o Varyag para a Chong Lot Travel Agency. Essa empresa queria transformar o porta-aviões em um casino flutuante, mas no final das contas, a empresa chinesa acordou repassar o porta-aviões ao governo chinês, quebrando assim o contrato previamente assinado com a Ucrânia, contrato que deixava implícito que o porta-aviões não poderia ser usado para fins militares.
Originalmente o Varyag, agora Liaoning, foi concebido para deslocar entre 53 a 67 mil toneladas. O mesmo tem 304 metros de cumprimento e pode abrigar 26 aeronaves de asas fixas e 24 helicópteros. A propulsão do Liaoning é convencional, ou seja, ele não é movido a energia nuclear.
Leia também: Folha de SP: China põe em atividade seu 1º porta-aviões
As terras são russas, os agricultores chineses
Quando um investidor chinês comprou uma fazenda perto desta aldeia, alguns anos atrás, ficou tão contente que a chamou de Terra Dourada. O solo era rico, o sol e a chuva, abundantes. A terra, nas profundezas rurais da Rússia, também era muito despovoada.
Não é mais. Hoje, fileiras de estufas estão cheias de agricultores chineses que colhem tomates. E em uma estação com uma colheita abundante o capataz disse que poderia aceitar mais centenas.
O influxo de trabalhadores agrícolas chineses na Rússia reflete os crescentes laços comerciais e econômicos entre os dois países, um rico em terras e recursos, o outro em pessoas.
Depois da ruptura da União Soviética, os dois países lutaram para transformar essas forças complementares em verdadeiras oportunidades de negócios. Alguns empreendimentos de mineração estão tendo êxito, e companhias estatais obtiveram grandes contratos de petróleo, carvão e madeira que formam a espinha dorsal da relação econômica.
Embora os empreendimentos chineses na agricultura russa tenham sido em menor escala, poderão acabar sendo igualmente importantes -no mínimo por levantar as tensões sobre o papel dos imigrantes.
Segundo o Programa Mundial de Alimentos, a Rússia tem a maior reserva de terras aráveis do mundo ainda não aproveitadas. A população da Rússia é de 141 milhões, comparada com o 1,3 bilhão da China.
A China tem constantes preocupações para garantir alimento suficiente e encontrar trabalho para sua população rural. Algumas fazendas dirigidas por chineses na Rússia enviam suas colheitas de soja para a China, e enquanto cresce a presença de chineses no setor agrícola também aumenta o potencial de mais exportações de alimentos.
Enquanto os preços dos alimentos dispararam cinco anos atrás, o governo chinês abriu negociações para investir em terras russas. O programa entrou em vigor neste ano, com uma contribuição de US$ 1 bilhão da China Investment Corporation em um fundo conjunto russo-chinês que investe em agricultura e madeira na Rússia e outros países que faziam parte da União Soviética.
Sob um programa apoiado pelo governo russo, empresas chinesas também alugam cerca de 400 mil hectares de terras agrícolas e 800 mil hectares de florestas siberianas, onde os chinês extraem madeira para exportação.
Em alguns casos, investidores chineses estão comprando terra na Rússia. A Terra Dourada é uma das nove fazendas chinesas em Sverdlovsk, no centro da Rússia, segundo o Ministério da Agricultura local. Outras sugiram ao sul. Fazendas de legumes chinesas operam até perto de Moscou e São Petersburgo, a milhares de quilômetros da fronteira.
A mão de obra chinesa está mais que disposta a fazer a viagem em trens de terceira classe lotados através da Sibéria, partindo da Manchúria. É uma jornada em busca de oportunidade econômica, familiar para inúmeros trabalhadores migrantes em todo o mundo.
Li Hunlao, uma agricultora da região de Harbin, cidade no sudeste da China, explicou por que se aventurou tão longe de casa: "Eu vim pelo dinheiro, o que você acha?" Os salários de aproximadamente US$ 650 por mês são cinco vezes o que esses trabalhadores ganham na China, disse ela.
O governo russo estabeleceu a meta de aumentar o comércio com a China para US$ 200 bilhões por ano, contra US$ 80 bilhões em 2011. Em comparação, o comércio entre os EUA e a China foi de US$ 503 bilhões em 2011, segundo o Departamento do Comércio.
Alguns russos temem que a maior cooperação econômica leve a uma onda de imigrantes chineses ocupando territórios muito pouco povoados.
Mas Vladimir Balasanyan, um morador de Ostanino que trabalha como gerente na fazenda, disse que poucos russos querem empregos rurais hoje em dia.
No fim do outono, os trabalhadores montaram aquecedores de ferro nas estufas, prolongando a temporada de plantio por algumas semanas. Inevitavelmente, porém, o inverno russo chega e os chineses partem, refazendo a viagem pela ferrovia trans-siberiana até a próxima temporada.
*As informações são do jornal americano "The New York Times".
Alckmin troca comando da Rota após alta da violência
Salvador Madia havia assumido o cargo em novembro do ano passado
Secretário da Segurança Pública diz que foi uma mudança de rotina e que troca nada tem a ver com estatísticas
Salvador Madia |
O tenente-coronel Salvador Madia, que assumiu o cargo em novembro passado, deixa a função após o número de mortos pela Rota ter crescido 45% nos primeiros cinco meses deste ano em relação a igual período de 2011.
No último dia 12, suposto confronto entre policiais da Rota e suspeitos de integrarem a facção criminosa PCC resultou em nove mortes numa ação em Várzea Paulista.
O tenente-coronel Nivaldo César Restivo assumirá o lugar de Madia. Homem de confiança do secretário Antonio Ferreira Pinto (Segurança Pública), Madia é um dos réus do chamado "massacre do Carandiru", que deixou 111 presos mortos em 1992.
Na capital, o total de assassinatos dolosos (com intenção de matar) cresceu 15,2% em agosto deste ano em relação ao mesmo mês de 2011.
O secretário negou haver ligação entre os índices de criminalidade e a saída de Madia. Diz ser "ato de rotina", mesma alegação do comando da PM, que publicou ontem promoções e transferências de 75 tenentes-coronéis.
"A Rota não participa de taxa de homicídio. Por que não me perguntam sobre a remoção do comandante do batalhão de Itapecerica da Serra? Porque a Rota tem maior visibilidade", afirmou.
Questionado se Alckmin foi informado previamente da troca na Rota, disse: "A transferência é ato administrativo, que eu assino. Mas é claro que, quando faço alterações em funções importantes, conto com o aval do governador."
Ele negou que a troca tivesse relação com os 20 anos do massacre do Carandiru. "Isso é um absurdo", disse.
SURPRESA
O major Olímpio Gomes (PDT), membro da Comissão de Segurança da Assembleia, disse não acreditar na ligação entre criminalidade e a saída de Madia. "É uma surpresa porque faz menos de um ano que assumiu. Mas o coronel Nivaldo é um dos oficiais mais próximos ao secretário."
A Folha apurou que havia descontentamento de parte da Rota com a forma como o comando tratava os subordinados, entre eles o tenente Rafael Cano Telhada, filho do ex-comandante da Rota, o coronel da reserva Paulo Telhada.
E que a situação ficou insustentável após a divulgação ontem dos números com a alta da violência.
*As informações são do jornal paulista "Folha de São Paulo.
Exército dos EUA desenvolve colete especial para mulheres
Mulheres do Exército dos EUA terão a oportunidade de testar coletes militares mais curtos e desenhados especificamente para o corpo feminino, antes de partirem para o Afeganistão.
Os testes ocorrem com uma divisão feminina em Fort Campbell, no Kentucky.
A divisão havia sugerido pela primeira vez a ideia de uma vestimenta específica em 2009, após soldados mulheres terem reportado dificuldades para se agachar, entrar e sair de espaços apertados -como veículos militares- e posicionar seus rifles em seus ombros, segundo o major Joe Dillon.
O oficial, que gerenciou a produção das novas roupas, afirma também que o uniforme tradicional contém placas internas que causam incômodo nos quadris e coxas das mulheres, quando se sentam.
"Com um colete muito grande, se elas deixam o rifle no chão, é muito difícil abaixar e pegá-lo de volta, pois as placas internas se voltam para dentro. Com a nova roupa, elas ganham mais mobilidade e se sentem mais seguras", afirmou Dillon.
As mulheres já representam 14% do Exército americano e têm estado mais presentes em situações de combate desde o início das operações no Iraque e no Afeganistão, em 2001.
O uniforme está sendo utilizado por 19 soldados. Elas poderão propor alterações antes que a produção em larga escala tenha início.
*As informações são do jornal paulista "Folha de São Paulo.
Força invisível
Com a projeção alcançada no cenário internacional, destacadamente por ter se tornado a 6ª economia mundial e descoberto gigantescas reservas de óleo e gás no pré-sal, o Brasil se legitimou para assumir um protagonismo inédito.
Mas nenhum país se torna uma grande potência sem ter à altura uma estrutura de defesa condizente com sua pretensão. Não para promover guerras, mas para evitá-las, ao demover potenciais contendores tentados a subjugar a soberania de outras nações.
A criação do Ministério da Defesa, em 1999, foi a primeira relevante medida tomada para modernizar a estrutura nacional de defesa e evitar que continuem vulneráveis 15 mil km de fronteira seca, 8 mil km de litoral e espaço aéreo de dimensões continentais.
A segunda grande decisão política foi o encaminhamento ao Congresso Nacional da Estratégia Nacional de Defesa (END), concluída em 2008, que prevê investimentos no sistema de defesa, inclusive no que diz respeito aos recursos humanos que irão operá-lo.
Há três eixos no programa:
1) reorganização das Forças Armadas;
2) reestruturação da indústria brasileira de material de defesa;
3) implementação de uma política de composição de efetivos.
O texto do decreto que aprovou a END reconhece expressamente a inexistência de carreira civil como uma das principais vulnerabilidades do setor. Contudo, paradoxalmente, para superá-la, a END trata da criação de uma carreira de especialistas, sem incluir o aproveitamento dos civis que já fazem parte da Defesa.
Deve ser consenso que os profissionais civis das Forças Armadas também exercem um protagonismo estratégico. Afinal, o Exército, a Marinha e a Aeronáutica não dependem exclusivamente dos militares treinados para operar os tanques, canhões, caças e submarinos.
Os servidores civis que pertencem à estrutura do Ministério da Defesa são imprescindíveis às três Forças. São mais de 23 mil profissionais na ativa - mais de 15 mil deles no RJ - exercendo atividades que garantem o suporte logístico e administrativo indispensável às ações, aos estudos e aos treinamentos desenvolvidos pelos militares.
São cientistas, engenheiros, professores, médicos, enfermeiros, administradores e mecânicos que deveriam fazer parte de uma carreira única de Defesa. Nos países tecnológica e militarmente mais avançados, a presença do civil em apoio ao militar é considerada fundamental aos projetos de defesa.
Por isso, é incompreensível que o Estado brasileiro não promova sequer ações de incentivo à permanência dos civis nessa função pública estratégica. O último concurso público para cargos destinados às áreas de logística e administrativa ocorreu em 1994! Os civis adquiriram conhecimentos valiosos em pesquisas científicas, atividades acadêmicas e programas de construção, manutenção e reparo de submarinos, aeronaves e tanques de guerra, que não podem ser desperdiçados.
*As informações são do jornal carioca "O Globo".
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
Irã revela seu "Predator"
No último dia 18 de setembro reportamos que o Irã havia iniciado a fabricação de um UAV capaz de transportar mísseis, como bem disse no dia o Comandante do Corpo dos Guardiões da Revolução Iraniana (IRGC), o major-general Mohammad Ali Jafari. Hoje, em entrevista ao canal iraniano IRINN, o Comandante da Força Aeroespacial do IRGC, o general Ali Hajizadeh, revelou que seu país colocou em operação o UAV de reconhecimento e ataque nacional “Shahed 129”. Veja no vídeo acima imagens do novo UAV iraniano.
Irá apresentará “informações sensíveis” do seu S-300
Ministro da Defesa do Irã, o brigadeiro-general Ahmad Vahidi, disse que seu país divulgará em breve informações sensíveis sobre a produção do sistema “S-300 iraniano”, sistema de mísseis antiaéreos de longo alcance, que está em fase final de desenvolvimento no Irã.
“Os trabalhos referentes à concepção e a construção do sistema (S-300) estão em andamento e as informações relevantes serão divulgadas em breve, se Deus quiser”, disse Vahidi nesta quarta-feira.
No inicio desde mês, o comandante da base de defesa antiaérea de Khatam ol-Anbia, o brigadeiro-general Farzad Esmayeeli, disse que o Irã já concluiu um terço do projeto.
Força Aérea Russa receberá novo míssil de cruzeiro em 2013
Acima um bombardeiro estratégico russo Tu-95MS armado com mísseis Kh-555 |
O novo míssil atualmente está passando pela última fase de testes, porém é sabido que ele poderá atingir um alvo a 10,000 km de distância com precisão de 30 metros.
Atualmente os bombardeiros de longo alcance da Rússia estão dotados com mísseis de cruzeiro de longo alcance convencionais Kh-555, cuja a precisão é de 25 a 30 metros.
O míssil subsônico Kh-101 terá sua orientação provinda do GLONASS, análogo russo para o sistema de posicionamento global americano, o GPS. No entanto, caso não seja possível a orientação por GLONASS, o míssil poderá ter seu guiamento por orientação inercial.
Segundo o jornal russo, o novo míssil poderá atingir com extrema precisão alvos pequenos e móveis.
O Kh-101 terá um poder destrutivo maior que o míssil Kh-555. Haverá também uma versão capaz de portar uma carga nuclear, a versão Kh-102.
A capacidade de ataque de longo alcance é essencial para a Rússia, uma vez que esse país não possui bases no exterior e, portanto, não pode fornecer escolta para sua frota de bombardeiros, disse ao Izvestia Alexander Konovalov, do Instituto de Avaliação Estratégica da Rússia.
O grande tamanho do míssil fará com que o mesmo só seja aproveitado nos bombardeiros estratégicos Tupolev Tu-95MS e Tu-160. O bombardeiros Tu-22M3 continuarão a utilizar o Kh-555.
Rússia pretende instalar um esquadrão de caças MiG-31 no Ártico
Acima um Mikoyan-Gurevich MiG-31BM |
O Ministério da Defesa da Rússia planeja instalar em 2013 um esquadrão de caças interceptadores MiG-31 no aeródromo de Rogachyovo, na Ilha de Novaya Zemlya, no Ártico, informou uma fonte do departamento militar, a qual foi citada ontem pelo jornal russo Izvestia.
Esse esquadrão, o qual formará parte do sistema de defesa antimísseis da Rússia, será encarregado de proteger as fronteiras do país de um ataque aéreo desde o norte.
Em caso de necessidade, os MiG-31 terão que interceptar os aviões inimigos e os mísseis de cruzeiro com ogivas nucleares na zona que se estende desde o Mar de Barents (noroeste da Rússia) até o Mar de Leptev (costa da Sibéria Oriental).
Até 1993, o aeródromo de Rogachyovo abrigava um esquadrão de caças Su-27. Atualmente a Força Aérea Russa dispõe de uma centena de caças MiG-31 no serviço operacional.
Em Novaya Zemlya também fica localizado a principal aérea de testes nucleares da Rússia.
Recentemente a Rússia começou a modernizar seus caças MiG-31. Em comparação com as versões do MiG-31 Foxhound já existentes, o novo MiG-31BM não mudará suas características de voo. A velocidade de cruzeiro destas aeronaves gira em torno de 2.500 km/h, sendo que sua velocidade máxima é de 3.000 km/h. O raio de ação dos MiG-31 Foxhound é de 720 km de distância. Se estima que a Força Aérea Russa opera entre 137 e 146 caças desse modelo, sendo que mais 100 estão na reserva.
Zelin não identificou o míssil, mas especialistas creem que se trata do míssil RVV-BD, uma versão atualizada do K-37M, míssil com mais de 300 km de alcance, desenvolvido em 1994. O sufixo “BD” pode estar relacionada com as palavras russas “BOLSHOI” e “DALNOST” (longo alcance). Lamentavelmente, o desenvolvimento desse sistema foi suspenso por cerca de 15 anos devidos a problemas de financiamento.
Guerra civil da Síria impõe novo perigo ao frágil Iraque
Soldados curdos Peshmerga vigiam a fronteira iraquiana com a Síria na região da província de Ninawa |
A guerra civil na Síria está testando a frágil sociedade e a jovem democracia do Iraque, agravando as tensões sectárias, empurrando o Iraque mais perto do Irã e apontando suas falhas de segurança, apenas nove meses após a o término da longa e custosa ocupação dos EUA.
Temendo que os insurgentes iraquianos se unam aos extremistas na Síria para travarem uma batalha de duas frentes pela dominância sunita, o primeiro-ministro Nouri Al-Maliki recentemente ordenou aos guardas da fronteira ocidental que impedissem a entrada no Iraque de homens adultos, até mesmo maridos e pais com suas famílias, junto com milhares e refugiados que buscam escapar da dura guerra ao lado.
Mais ao Norte, as autoridades iraquianas têm outra preocupação, também relacionada com as batalhas do outro lado da fronteira. Aviões de guerra turcos aumentaram seus ataques contra os esconderijos dos insurgentes curdos nas montanhas, ressaltando a incapacidade do Iraque de controlar seu próprio espaço aéreo.
O endurecimento das posições antagonistas da Síria -que reverberam pelo Iraque- ficou claro para a Organização das Nações Unidas, quando o novo enviado especial para a Síria, Lakhdar Brahimi, fez uma avaliação fria do conflito ao Conselho de Segurança e disse que não via a perspectiva para uma melhora tão cedo.
Os efeitos da guerra na Síria chamaram a atenção para fatos inconfortáveis para as autoridades norte-americanas: apesar de quase nove anos de engajamento militar, um esforço que continua hoje com um programa de venda armas de US$ 19 bilhões, a segurança do Iraque ainda é incerta e sua aliança com o governo teocrático em Teerã está crescendo.
O governo iraquiano dominado pelos xiitas está tão preocupado com a possível vitória dos sunitas radicais na Síria que se aproximou do Irã, que compartilha um interesse similar e apoia o presidente sírio, Bashar Assad.
Já houve indicações que insurgentes sunitas no Iraque tentaram coordenar-se com combatentes sírios para gerar uma guerra sectária regional, segundo os líderes tribais iraquianos.
"Combatentes de Anbar foram para lá apoiar sua seita, os sunitas", disse o xeque Hamid Al-Hayes, líder tribal na província de Anbar, no Oeste do Iraque, que liderou um grupo de antigos guerrilheiros que trocou de lado e uniu-se aos americanos para combater a Al-Qaeda no Iraque.
Em resposta, os EUA tentaram assegurar seus interesses. O governo norte-americano pressionou o Iraque sem sucesso para que impedisse os voos do Irã que atravessam o espaço aéreo iraquiano para levar armas e combatentes para o governo de Assad, apesar de um porta-voz do governo iraquiano ter dito no final de semana que o Iraque ia começar a fazer buscas ao acaso de aeronaves iranianas, segundo a Associated Press.
Enquanto alguns líderes do Congresso ameaçaram cortar a ajuda ao Iraque se os voos não parassem, os EUA estão tentando apressar suas vendas de armas ao Iraque para garanti-lo como aliado, disse o general Robert L. Caslen Jr., comandante responsável pelo esforço dos EUA. Com a degradação da segurança regional, os EUA estão tendo dificuldades para entregar as armas -especialmente os sistemas antiaéreos- com rapidez suficiente para satisfazer os iraquianos, que em alguns casos estão procurando em outras partes, inclusive na Rússia.
"Eles querem uma parceria estratégica com os EUA, mas reconhecem a vulnerabilidade e estão interessados em se aproximar da nação que puder supri-los em suas necessidades o mais rápido possível", disse Caslen, que dirige um escritório do Pentágono aqui, sob a autoridade da embaixada norte-americana, que intermediou a venda de armas para o Iraque.
Os Estados Unidos estão fornecendo ao Iraque armas recauchutadas, gratuitamente, mas só chegarão em junho. Enquanto isso, os iraquianos pegaram os mísseis da Guerra Fria que encontraram em um ferro-velho na base aérea ao Norte de Bagdá e estão tentando consertá-los. Além disso, o Iraque está negociando com a Rússia para comprar sistemas de defesa aérea que possam ser entregues mais prontamente do que os comprados dos EUA.
"Os iraquianos reconhecem que não conseguem controlar o espaço aéreo e estão muito preocupados com isso", disse Caslen. Cada vez que jatos turcos entram no espaço aéreo iraquiano para bombardear alvos curdos, as autoridades iraquianas "veem, sabem e se ressentem" do fato.
Iskander Witwit, oficial reformado das forças aéreas iraquianas e membro do comitê de segurança do Parlamento, disse: "Se Deus quiser, vamos suprir o Iraque com armas que possam derrubar esses aviões".
Os militares norte-americanos se retiraram no final do ano passado, após o fracasso das negociações para a prorrogação de sua permanência, porque os iraquianos não concordaram em estender as imunidades legais. Quando os americanos partiram, o Iraque celebrou sua soberania, enquanto os oficiais nos dois países se perguntavam como suprir as deficiências militares iraquianas e procuraram formas de trabalhar juntos que não exigissem um debate público sobre imunidades.
O Iraque e os EUA estão negociando um acordo que possa resultar na volta de pequenas unidades de treinamento norte-americanas. A pedido do governo iraquiano, uma unidade de soldados de Operações Especiais foi recentemente enviada para o Iraque, segundo Caslen, para aconselhar sobre o combate ao terrorismo e ajudar com a inteligência.
Assim, apesar de o país se aproximar do Irã e contemplar a compra de armas da Rússia, ainda busca apoio militar dos EUA. Isso porque o Iraque está enfrentando uma insurgência potente, cujos ataques recentes levantaram questões sobre a capacidade das forças do Iraque de combate ao terrorismo de enfrentarem a ameaça.
O líder tribal de Anbar, Al-Hayes, disse que os insurgentes criaram unidades afiliadas à Al Qaeda sob o nome de Exército Livre do Iraque, para imitar a bandeira que os sunitas sírios estão usando. "Eles estão fazendo reuniões e estão recrutando", disse ele. O grupo também tem uma conta de Twitter e uma página de Facebook.
Unidades similares surgiram na província de Diyala e usaram uma exortação às armas da Síria como instrumento de recrutamento, de acordo com as autoridades locais. Quanto os combatentes morrem na Síria, as famílias locais fazem funerais em sigilo para não alertarem as forças de segurança dominadas por xiitas, que então saberiam que elas enviaram seus filhos para lutar na Síria. Um funeral recente para um combatente que morreu em uma batalha em Aleppo foi feito com o pretexto de morte por acidente de carro na Jordânia, de acordo com um membro da inteligência.
Enquanto os políticos ocidentais pensam em uma possível intervenção na Síria, a guerra do país gera preocupações pela possibilidade de se tornar um conflito sectário amplo, como o que envolveu o Iraque de 2005 a 2007.
Para os iraquianos que fugiram para a Síria e agora estão voltando, não por escolha, mas para salvar suas vidas, a Síria já é o Iraque.
"É exatamente como era no Iraque", disse Zina Ritha, 29, que voltou a Bagdá depois de vários anos em Damasco. Referindo-se ao Exército Livre da Síria, Ritha disse: "O FSA está destruindo as casas xiitas. Eles estão sequestrando as pessoas, especialmente os iraquianos e xiitas".
Em uma manhã recente, Ritha e sua sogra visitaram um centro de apoio aos iraquianos de retorno, onde famílias recebem um pagamento de 4 milhões de dinares iraquianos (aproximadamente R$ 7.000) do governo. Segundo disseram as pessoas no centro, não há segurança para os iraquianos na Síria. Os xiitas são atacados por rebeldes, os sunitas por forças do governo. E, a qualquer momento, podem ser alvos só por serem estrangeiros.
Abdul Jabbar Sattar, solteiro com 40 anos, é sunita. Depois de um bombardeio em Damasco que matou várias altas autoridades em julho, seu bairro aguentou bombardeios ininterruptos. Ele retornou ao Iraque com a roupa do corpo e pouco dinheiro, pois foi roubado quando fugiu.
"É a mesma situação que era no Iraque", disse ele. "Todos estão com medo uns dos outros".
EUA assumem postura rígida em relação à China
O presidente dos EUA, Barack Obama, cumprimenta o presidente chinês Hu Jintao durante um jantar na Casa Branca, Washington, EUA |
A paciência de Barack Obama com a China vem se esgotando há meses. E em novembro de 2010, o presidente norte-americano se demostrou farto. Num encontro com o presidente chinês, Hu Jintao, em Seul, na Coreia do Sul, Obama alertou que se a China não se esforçasse para coibir o comportamento beligerante da Coreia do Norte, ele teria de tomar medidas para proteger seu país da ameaça de um ataque de míssil nuclear.
Pela primeira vez, em meia dúzia de encontros formais, Obama pareceu conseguir transmitir sua mensagem para o imperturbável e rígido líder chinês. Hu deixou de lado seus pontos e pediu que Obama esclarecesse o que queria dizer, de acordo com duas pessoas que estavam na sala. A resposta do presidente incluiu uma dica clara de que os Estados Unidos teriam que enviar navios de guerra para os mares da China, um passo certamente contrário aos chineses, cada vez mais nacionalistas.
“Obama afastou o véu”, disse Jeffrey A. Bader, conselheiro-chefe do presidente sobre a China na época, que acrescentou que o aviso de Obama levou o presidente chinês a enviar um diplomata sênior para pressionar o líder da Coreia do Norte, Kim Jong Il.
A troca tensa foi um ponto de virada na complexa relação do presidente com a China, disseram Bader e outros funcionários, uma jornada que começou com a esperança de conciliação mas que caiu na desilusão depois que os chineses começaram a mostrar sua força em questões militares e comerciais de provaram ser um parceiro truculento numa série de termas globais.
Enquanto Obama concorre à reeleição, sua linha mais dura em relação à China está se mostrando em várias frentes. A Casa Branca entrou com dois grandes processos contra a China nos últimos três meses na Organização Mundial do Comércio, ambos movidos por Obama para os trabalhadores do setor automobilístico em Rust Belt. No mesmo dia da última ação comercial, o secretário de Defesa Leon E. Panetta anunciou planos em Tóquio para ajudar o Japão a lançar um novo sistema de defesa antimíssil, o que levantou suspeitas em Pequim.
Com Mitt Romney acusando Obama de não se erguer o suficiente diante dos líderes chineses, a China de repente se tornou um ponto de interesse da campanha presidencial, um que compreende tanto preocupações com a segurança e a economia e que coloca a prova a administração que o presidente fez deste complexo relacionamento.
O alerta direto de Obama em Seul foi um presságio do que pode terminar como a iniciativa de política externa mais consequente de sua presidência: a mudança do foco dos EUA dos campos de batalha no Iraque e Afeganistão para o Anel Pacífico, onde os Estados Unidos fizeram alianças com o Japão e a Coreia do Sul, abriram a porta para Myanmar e enviaram fuzileiros para a Austrália.
Enquanto o novo foco irritou aliados na Europa, a emergência de um contrapeso para uma China em ascensão foi recebida com entusiasmo na Ásia. “Várias vezes ouvi líderes – quer dizer, estou falando dos mais altos líderes – dizerem essencialmente: 'Que bom. Obrigado. Estou muito contente por vocês estarem aqui. Nós estávamos preocupados com os EUA'”, disse numa entrevista a secretária de Estado Hillary Clinton, que desempenhou um papel significativo ao moldar a abordagem do presidente em relação à China.
A virada de Obama na Ásia não era exatamente o que ele tinha em mente quando assumiu o governo. A mudança emergiu de forma irregular, depois de um primeiro ano no qual os críticos, incluindo auxiliares do presidente, concluíram que os Estados Unidos estavam sendo muito suaves em relação à China. Em entrevistas, uma dúzia de funcionários atuais e antigos do governo descreveram uma Casa Branca que teve dificuldades para encontrar o tom certo com os chineses.
De sua decisão de não se encontrar com o Dalai Lama em 2009 até sua primeira viagem bastante restrita à China, o presidente acomodou os líderes chineses na esperança de que a atitude se traduziriam em boa vontade em questões como a mudança climática ou o programa nuclear iraniano. Não foi o que aconteceu. A China desdenhou os Estados Unidos nos parâmetros para a mudança climática, arrastou os pés nos esforços de pressionar o Irã e começou a importunar seus vizinhos com reivindicações territoriais no Mar do Sul da China.
Este último desenvolvimento, em particular, persuadiu o governo de que a época de acomodar os chineses havia chegado ao fim.
“Com certeza acho que testemos o limite de onde se pode chegar com a China através do engajamento positivo”, disse Benjamin J. Rhodes, vice-conselheiro nacional de segurança. “Nós tivemos que fortalecer nossa linha no segundo ano, e foi o que fizemos.”
No centro do debate interno sobre a China estava um presidente que, apesar de ter nascido no Havaí e passado a infância na Indonésia, foi menos enganado pela história e cultura da China do que muitos de seus antecessores foram, disseram auxiliares. Uma vez no governo, eles disseram que Obama passou a ver a China primeiramente sob um prisma econômico. Ele está irritado com a recusa da China de jogar de acordo com as regras no comércio e frustrado com a falta de influência dos EUA para fazer algo a respeito.
Nos encontros, Obama gostava de cutucar dois de seus conselheiros, Bader e Lawrence H. Summers, que ajudaram a negociar a entrada da China na Organização Mundial do Comércio durante o governo de Bill Clinton. “Vocês revelaram muita coisa?”, perguntava, de acordo com um auxiliar sênior, que descreveu isso como uma “piada corrente”.
Em certa medida, o aprendizado de Obama em relação à China foi semelhante à sua abertura inicial em relação ao Irã: uma esperança de que velhos adversários colocassem de lado suas diferenças, seguido por um reconhecimento chocante da realidade e pela adoção final de uma abordagem de realpolitik. A diferença, argumentam oficiais, é que nesse caso a linha mais dura não levou ao impasse mais sim a uma troca construtiva com um país disposto entrar em atrito com os Estados Unidos.
“Apesar de tudo, a China se tornou um ator cada vez mais responsável em relação ao Irã”, disse James B. Steinberg, ex-secretário geral de estado que fez várias viagens a Pequim para expressar preocupações dos EUA. “Apesar de alguma hesitação, eles desempenharam um papel positivo em restringir a Coreia do Norte em tempos de crise.”
A agenda do presidente, entretanto, levanta muitas questões. Com cortes profundos pairando sobre o orçamento militar, críticos questionam se os Estados Unidos têm dinheiro para sustentar suas palavras. O Pentágono, preocupado com o Afeganistão e Iraque, fez pouco para planejar a transferência de tropas ou navios – tão pouco, na verdade, que um comandante da marinha foi chamado pela Casa Branca para seu primeiro encontro depois que Obama já havia anunciado a estratégia.
A mudança dos EUA para leste deixou os chineses profundamente desconfiados em relação aos motivos dos EUA, e alguns analistas na China argumentam que os Estados Unidos estão tentando cercar o país. Com toda a conversa de toma-lá-dá-cá, os chineses rejeitaram Hillary Clinton durante sua visita recente a Pequim quando ela levantou a questão das disputas no Mar do Sul da China.
“Os chineses sentem-se um tanto chicoteados”, disse Michael J. Green, um estrategista de Ásia no governo de George W. Bush que agora está no Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais. “A esperança e mudança do primeiro ano, seguida pelo resposta negativa e a pressão do segundo, tudo isso, para os chineses, parece uma incoerência e imprevisibilidade grosseiras.”
Não surpreende muito que Obama olhe para o Oriente. A Ásia do presidente, entretanto, não está na defesa varrida pelo vento da Grande Mulhara da China, mas no clima tropical de Cingapura e Indonésia. Ele se identifica mais com os ritmos lânguidos de Jacarta, dizem auxiliares, do que com a energia barulhenta de Xangai.
Um conselheiro sênior se lembra de um café da manhã numa reunião de cúpula em Toronto em 2010 que Obama tomou com o presidente Susilo Bambang Yudhoyono da Indonésia, que foi tão relaxado e tranquilo que depois o hiperativo chefe de gabinete do presidente, Rahm Emanuel, disse a ele: “Agora eu sei o que é o seu lado asiático”.
Apesar de suas preferências, Obama estava determinado a não antagonizar com a China quando concorreu à presidência em 2008. Diferente de Bill Clinton, que referiu-se aos líderes chineses como os “açougueiros de Pequim” em 1992, Obama disse pouco sobre a China, e sua pouca história em política externa deixava poucas pistas para os chineses o medirem.
“Tentamos apresentá-lo como o primeiro presidente Ásia-Pacífico”, disse Jon M. Huntsman Jr., que serviu como embaixador na China de 2009 a 2011, antes renunciar para concorrer à nomeação republicana à presidência. Huntsman disse que em trocas com funcionários chineses, Obama era altamente eficiente. “Mas os chineses estavam perplexos com o presidente Obama”, disse ele. “De onde ele vinha? O que ele pensava? Ele continuava sendo um pouco indecifrável.”
Com o presidente concentrado em prioridades com o Afeganistão e o Irã nos primeiros dias de seu governo, outros funcionários correram para se posicionar em relação à China. Thomas E. Donilon, que mais tarde se tornou conselheiro de segurança nacional, falou de um “reequilíbrio” para a Ásia a partir do Oriente Médio. Hillary Clinton, ansiosa para reafirmar o papel do Departamento de Estado na China, fez sua primeira viagem para lá.
Antes de aterrissar em Pequim, entretanto, Clinton pareceu deixar de lado o tema dos direitos humanos, dizendo que ela não via sentido em realizar protestos pró-forma com os chineses em troca de respostas previsíveis. (Ela logo mudou de direção.)
Depois, alguns meses mais tarde, Obama recusou-se a encontrar com o Dalai Lama quando este visitou os Estados Unidos. O ponto não era o encontro, mas o momento – em outubro de 2009, um mês antes de Obama fazer sua primeira viagem como presidente a Pequim.
Funcionários envolvidos na decisão agora expressam arrependimento por não terem levado o encontro adiante. “Não consideramos a forma como as pessoas em Washington estabelecem testes”, disse Bader. “Talvez devêssemos ter concordado.”
As coisas não melhoraram na viagem de Obama, que os chineses encenaram, não permitindo nenhuma pergunta depois de uma coletiva conjunta de imprensa com Hu. Funcionários da Casa Branca disseram que a viagem foi mais bem- sucedida do que sugeria a coletiva, mas eles não contestam que a impressão que ficou foi a de uma potência em ascensão – dona de US$ 1 trilhão da dívida norte-americana – empurrando os Estados Unidos encurralado.
Nem todo o primeiro ano de Obama foi conciliatório. Em setembro de 2009, ele impôs uma tarifa sobre a China por fazer dumping de pneus no mercado norte-americano. O governo também manteve a pressão sobre os chineses para revalorizar sua moeda, o renmimbi, embora não tenha chamado a China de manipuladora de moeda. Isso mostrou o que ex-auxiliares descreveram como o lado “Chicago” de Obama, que vê a China como uma ameaça para os empregos norte-americanos.
Um auxiliar se lembra de informar o presidente no início de janeiro de 2011 antes de uma visita de Hu sobre uma série de questões diplomáticas e de direitos humanos. Impacientemente, Obama disse: “a única coisa com a qual as pessoas se preocupam são as questões econômicas”.
Para um presidente com simpatias no sudeste asiático, entretanto, as tensões quanto ao Mar do Sul da China são difíceis de ignorar. Num encontro em maio de 2010, o mais alto funcionário de política externa da China, Daí Bingguo, disse à secretária de Estado norte-americana que Pequim reconhecia vastos trechos do mar, que compartilha com o Vietnã, as Filipinas e outros vizinhos, como território seu. As implicações econômicas são grandes, dados os recursos que estão embaixo da superfície.
“A China estava numa ofensiva de sedução e havia de fato conseguido amenizar os temores de seus vizinhos e mostrar comedimento”, disse Clinton. “E daí acho que os chineses começaram a mostrar sua força.” A Casa Branca decidiu estabelecer um limite. Dois meses mais tarde, Clinton, trabalhando com Bader e Kurt M. Campbell, o secretário assistente para Leste da Ásia no Departamento de Estado, fizeram uma surpresa.
Num encontro de cúpula em Hanói, Vietnã, ela declarou que os Estados Unidos estavam interessados em resolver as disputas pelo mar. A China ficou furiosa, enquanto o Vietnã e as Filipinas sentiram que tinham um poderoso novo apoio. Com a China envolvida na transição de liderança, Pequim agora soa como um partido sitiado. Durante um almoço com Donilon em Pequim recentemente, o ministro de relações exteriores da China, Yang Jiechi, reclamou de ser pressionado por conta do Mar do Sul da China.
“Países grandes podem ser importunados por países pequenos”, disse Yang, de acordo com um auxiliar sênior que estava na sala.
Mas a China mostra poucos sinais de voltar atrás. Ela entrou com um processos na Organização Mundial do Comércio contra os Estados Unidos no mesmo dia da última ação de Obama. E quando Panetta se encontrou com o presumível próximo líder da China, Xi Jinping, ouviu bastante sobre uma disputa territorial envolvendo ilhas minúsculas disputadas pelo Japão e pela China.
Olhando para trás, alguns ex-funcionários argumentam que não foi Obama que mudou, mas os chineses. “As pessoas dizem que nós fomos assaltados pela realidade”, disse Bader. “Não, os chineses se comportaram diferente em 2010, e o que fizemos foi refletir seu comportamento.”
Com a retirada das forças americanas, grupo insurgente Al Qaeda permanece ativo no Iraque
Acima, Ayman Al-Zawahiri, atualmente o líder da Al-Qaeda |
O pedido era incomum, e o próprio presidente Barack Obama fez a ligação confidencial para Jalal Talabani, o presidente iraquiano.
Reunindo seus melhores talentos de persuasão, Obama pediu a Talabani, um sobrevivente político consumado, para que deixasse seu cargo. Era 4 de novembro de 2010 e o plano era para Ayad Allawi tomar o lugar de Talabani.
Com Allawi, um xiita secular e líder de um bloco com amplo apoio sunita, calculou o governo Obama, o Iraque teria um governo mais inclusivo e frearia a tendência preocupante de autoritarismo do primeiro-ministro Nouri al Maliki.
Mas Obama não conseguiu vender sua ideia. "Eles temiam o que aconteceria se os diferentes grupos do Iraque não chegassem a um acordo", lembrou Talabani, que rejeitou o pedido.
Obama apontou para a retirada das tropas americanas no ano passado como prova de que ele cumpriu sua promessa de colocar um fim à guerra no Iraque. Mas encerrar um conflito envolve muito mais do que retirar tropas. No caso do Iraque, a meta americana era deixar um governo estável e representativo, evitar um vácuo de poder que os países vizinhos e terroristas pudessem explorar e manter uma influência suficiente para que o Iraque se tornasse um parceiro ou, no mínimo, não um oponente no Oriente Médio.
Mas o governo Obama ficou frustrantemente aquém em alguns desses objetivos.
A tentativa de Obama e de seus principais funcionários de elaborar um arranjo extraordinário de divisão de poder entre Al Maliki e Allawi nunca se materializou, nem um acordo que manteria uma pequena força americana no Iraque para treinar os militares iraquianos e patrulhar os céus do país. Um plano para usar civis americanos para treinar policiais iraquianos foi severamente reduzido. O resultado é um Iraque menos estável domesticamente e menos confiável internacionalmente do que os americanos desejavam.
A história desses esforços recebeu pouca atenção em um país cansado do longo conflito no Iraque, e funcionários do governo raramente falam a respeito. Este relato é baseado em entrevistas com muitos dos principais envolvidos, tanto em Washington quanto em Bagdá.
Funcionários da Casa Branca retratam sua estratégia de saída como um sucesso, afirmando que o número de civis mortos no Iraque é baixo em comparação a 2006, quando a guerra atingiu seu ponto mais alto. A política, e não a violência, se tornou o principal meio para os iraquianos resolverem suas diferenças, eles dizem.
"O noticiário recente do Iraque sugere que com a partida de nossas tropas, a influência americana diminuiu e nosso governo desviou seu foco do Iraque", disse Antony Blinken, o conselheiro de segurança nacional do vice-presidente, Joe Biden, em um discurso em março. "A verdade é que nosso envolvimento aumentou."
Para muitos iraquianos, a influência dos Estados Unidos diminuiu muito.
"A política americana é muito fraca", observou Fuad Hussein, chefe de gabinete de Massoud Barzani, o presidente da semiautônoma região curda, no norte do Iraque. "Não está claro para nós como eles definiram seus interesses no Iraque", disse Hussein. "Eles estão escolhendo eventos e reagindo com base nos eventos. Essa é a política."
Campanha X Realidade
Como candidato presidencial em 2008, Obama tinha uma posição básica em relação ao Iraque -ele buscaria um "fim responsável" ao conflito. Ele prometeu remover todas as brigadas de combate americanas em 16 meses, um prazo que lhe permitia flanquear sua principal rival nas primárias democratas, Hillary Rodham Clinton, mas que os militares diziam ser muito arriscado. Assim que tomou posse, ele corrigiu o prazo de retirada, mantendo as brigadas americanas posicionadas por mais tempo, mas tornando a principal missão delas aconselhar as forças iraquianas.
Todas as forças americanas deixariam o Iraque até o final de 2011, uma data de partida estabelecida em um acordo assinado pelo presidente George W. Bush e Al Maliki em 2008. Mesmo assim, Obama deixou a porta aberta para a manutenção de tropas no Iraque para treinamento das forças iraquianas, caso um acordo fosse negociado.
A situação herdada pelo governo Obama era complexa. Muitos políticos iraquianos temiam que Al Maliki, um xiita, estava acumulando poder demais e passando por cima da Constituição iraquiana, ao contornar a cadeia de comando militar formal e encher as agências de inteligência com pessoas leais a ele. Essas preocupações foram agravadas pelo impasse político que atormentou Bagdá depois das eleições de março de 2010.
Convocando uma videoconferência em 6 de outubro de 2010, Biden e as principais autoridades americanas analisaram as opções. O vice-presidente defendia um plano que manteria Al Maliki como primeiro-ministro, mas que envolvia instalar seu principal rival, Allawi, o líder do bloco Iraqiya, perto do topo da pirâmide.
Para abrir o caminho para Allawi, Biden sugeriu que Talabani, de etnia curda, deixasse a presidência e recebesse outro cargo. "Vamos torná-lo ministro das Relações Exteriores", disse Biden, segundo as notas da reunião.
"Muito obrigado, Joe", disse Clinton, notando que Biden apontou o Ministério das Relações Exteriores como um prêmio de consolação.
Biden também previu que os americanos poderiam conseguir um acordo com um governo liderado por Al Maliki. "Maliki deseja nossa permanência por perto, porque ele não vê um futuro no Iraque de outra forma", disse Biden. "Eu aposto minha vice-presidência que Maliki estenderá o SOFA", ele acrescentou, referindo-se ao Acordo de Status das Forças que o governo Obama esperava negociar.
James B. Steinberg, o vice-secretário de Estado, questionou se o plano de Biden deixaria o governo iraquiano já ineficiente ainda mais disfuncional, e sugeriu uma alternativa para Al Maliki: Adel Abdul Mahdi, um xiita e ex-ministro das Finanças. Foi feito um esforço americano discreto para explorar essa opção, mas o Irã se opôs e, consequentemente, os xiitas linhas-duras.
Preocupado com a necessidade de estabelecimento de um governo iraquiano, Obama decidiu aceitar Al Maliki como primeiro-ministro, ao mesmo tempo buscando um acordo que adicionaria Allawi e outros membros do bloco Iraqiya ao governo.
Mas produzir um acordo de divisão de poder não foi fácil. Depois que Talabani recusou o pedido de Obama, a Casa Branca decidiu contorná-lo.
Em uma carta para Barzani, Obama argumentou de novo que Talabani deveria desistir da presidência e destacou a ajuda que os Estados Unidos continuariam fornecendo aos curdos. Mas Barzani rejeitou a proposta, queixando-se de que estavam lhe pedindo para que resolvesse um problema entre árabes xiitas e sunitas à custa dos curdos.
Os americanos tinham uma opção alternativa: seria estabelecido um novo conselho de políticas estratégicas, com Allawi encarregado. Mas Al Maliki e Allawi começaram a disputar que poderes o novo conselho teria e ele nunca foi formado.
Alguns membros do partido de Allawi conseguiram cargos proeminentes no governo. Mas o elemento mais importante que a Casa Branca buscava no arranjo de divisão de poder só existia no papel. A Casa Branca, disse uma porta-voz, não estava "casada" a nenhuma opção específica e conseguiu um "governo inclusivo".
Debates internos
Enquanto se arrastava o processo de formação de um novo governo iraquiano, o governo Obama começou a voltar sua atenção em janeiro de 2011 para a negociação de um acordo que permitiria a permanência das forças americanas além de 2011.
As primeiras conversações que os americanos realizaram foram entre eles mesmos. Membros do Pentágono ouviram broncas da Arábia Saudita e de outros países árabes, que temiam uma retirada americana da região. O almirante Mike Mullen, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, e o secretário de Defesa, Robert M. Gates, defendiam que 16 mil soldados fossem deixados para treinamento das forças iraquianas, para prepará-las para realização de missões antiterrorismo, para proteger o espaço aéreo iraquiano, conter as tensões entre árabes e curdos e manter a influência americana na região.
Mas a Casa Branca, que estava cansada de grandes missões militares e também de olho na campanha para reeleição de Obama, tinha um número muito menor em mente. Em uma reunião em 29 de abril, Thomas E. Donilon, o conselheiro de segurança nacional de Obama, perguntou a Gates se ele poderia aceitar um máximo de 10 mil soldados. Gates concordou.
Preocupado com decisões sendo tomadas sem a consideração cuidadosa de todos os fatores militares, Mullen enviou uma carta confidencial para Donilon recomendando a manutenção de 16 mil soldados.
"Diante dos riscos apontados acima e das oportunidades que poderiam surgir, este é meu melhor conselho militar ao presidente", ele escreveu. Ele acrescentou que a recomendação foi apoiada pelo general Lloyd Austin, o comandante americano no Iraque, e pelo general James N. Mattis, chefe do Comando Central, que é responsável pelo Oriente Médio.
A carta de Mullen chegou com um baque na Casa Branca. Um Donilon furioso se queixou sobre ela em um telefonema para Michele A. Flournoy, a subsecretária de Defesa para políticas. Mas ela respondeu que Mullen tinha a responsabilidade profissional de fornecer um conselho independente. Ela não considerava ser o papel dela assegurar que o único conselho politicamente aceitável fosse fornecido pela Casa Branca. Donilon se recusou a ser entrevistado, e seu porta-voz insistiu que sua discussão com o Pentágono envolvia questões militares, não políticas.
Obama indeferiu Mullen, abrindo o caminho para as negociações em torno das tropas.
Outro obstáculo
Em uma videoconferência de 2 de junho com Al Maliki, o presidente enfatizou que qualquer acordo precisaria ser ratificado pelo Parlamento iraquiano. Mas nem todo mundo no campo americano concordava com essa estipulação.
Brett H. McGurk, um ex-assessor do governo Bush a quem o governo Obama pediu que voltasse para Bagdá para ajudar nas negociações, achava que uma batalha parlamentar contundente poderia ser evitada por meio do acerto de um entendimento dentro do acordo existente de cooperação econômica e de segurança –uma abordagem que o próprio Al Maliki sugeriu várias vezes.
Mas a Casa Branca queria imunidades herméticas para qualquer permanência de tropas no Iraque, o que os advogados do governo americano, o ministro da Justiça iraquiano e James F. Jeffrey, o embaixador americano em Bagdá, insistiam que exigiria um novo acordo, aprovado pelo Parlamento iraquiano.
As negociações foram complicadas pelo fracasso americano em intermediar um arranjo de divisão de poder. Com os líderes iraquianos disputando influência e Allawi ainda fora do governo, nem Al Maliki e nem seu rival queriam colocar seu pescoço em risco ao apoiarem a continuidade da presença militar americana, não importa quão pequena.
Enquanto isso, a Casa Branca queria evitar qualquer percepção de que estava buscando um acordo para manter as tropas no Iraque, após prometer que as forças de combate voltariam para casa. Em agosto, assessores da Casa Branca pressionavam para uma redução da missão e pela reabertura da questão de quantas tropas seriam necessárias.
Clinton e Leon E. Panetta, que substituiu Gates como secretário de Defesa, argumentou que as negociações continuariam e que a meta, como antes, deveria ser a manutenção de uma força de até 10 mil soldados.
Em 13 de agosto, Obama resolveu o assunto em uma teleconferência na qual ele descartou a opção de 10 mil soldados e uma opção menor de 7 mil. As negociações prosseguiriam, mas o tamanho da força que os Estados Unidos manteriam foi reduzido: a nova meta seria uma presença contínua de cerca de 3.500 soldados, uma força rotativa de até 1.500 soldados e meia dúzia de caças F-16.
Mas não houve acordo. Alguns especialistas disseram que diante das preocupações dos iraquianos com a soberania, e a pressão iraniana, os políticos em Bagdá simplesmente não estavam preparados para tomar as decisões políticas difíceis que eram necessárias para assegurar a aprovação pelo Parlamento. Outros disseram que os iraquianos sentiram a ambivalência dos americanos e que estavam lhes pedindo para tomarem decisões políticas impopulares por um benefício militar modesto.
Encerrando o esforço
Em 21 de outubro, Obama realizou outra videoconferência com Al Maliki -sua primeira discussão do assunto desde o início das conversações em junho. As negociações foram encerradas e todas as tropas americanas voltariam para casa.
A Casa Branca insistiu que o colapso das negociações não foi um revés. “Ao analisarmos a opção de 10 mil soldados, nós chegamos à conclusão de que atingir a meta de uma parceria em segurança não dependia do tamanho de nossa pegada no país, e que a estabilidade no Iraque não dependia da presença das forças americanas”, disse um alto funcionário do governo Obama.
Ainda é cedo demais para avaliar plenamente essa previsão. Mas as tensões no país aumentaram a ponto de Barzani insistir para que Al Maliki seja substituído e do vice-presidente sunita do Iraque ser obrigado a se refugiar na Turquia para evitar a prisão.
Sem as forças americanas para treinar e auxiliar os comandos iraquianos, o grupo insurgente Al Qaeda no Iraque permanece ativo no país e está cada vez mais envolvido na Síria. Sem as aeronaves americanas para patrulhar o espaço aéreo iraquiano, o Iraque se transformou em um corredor para voos iranianos de suprimentos militares para o governo de Bashar Assad na Síria, disseram autoridades americanas. Também é uma avenida potencial para um ataque israelense contra as instalações nucleares do Irã, algo que a Casa Branca está trabalhando para evitar.
Ryan C. Crocker, o ex-embaixador para o Iraque e Afeganistão, ofereceu seu próprio ponto de vista sobre as últimas negociações difíceis em um país onde as tropas americanas lutaram por mais de oito anos.
“Eu não acho que nenhum dos governos tratou do assunto tão bem quanto poderia”, ele disse. “O lado americano acordou para o assunto tarde demais. É preciso deixar bastante espaço de manobra para dificuldades, previstas e imprevistas. No lado iraquiano, eles deveriam ter dito: ‘Se vocês querem isso, não tentem determinar nossos procedimentos’.”