domingo, 22 de julho de 2012

Le Monde: O apoio cego de Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, ao regime de Assad na Síria


Da esquerda para a direita: Sheikh Hassan Nasrallah, secretário geral do Hizbollah; Bashar Al-Assad, presidente da Síria;  Mahmoud Ahmadinejad 

É nas horas difíceis que se conhecem seus verdadeiros amigos, diz o ditado. Nesse sentido, Hassan Nasrallah, o líder do Hezbollah, não fez nada de errado. Desde que teve início o levante na Síria, em março de 2011, foram muitas as suas provas de apoio a Bashar Assad. E, longe de mostrar uma posição mais reservada que os recentes golpes dados ao governo sírio pela rebelião poderiam lhe sugerir, Hassan Nasrallah fez um novo tributo à Síria dos Assad, na quarta-feira (18).

Para o líder xiita, os três altos dirigentes sírios, entre eles o cunhado do presidente, mortos na quarta-feira no atentado contra um prédio da segurança nacional em Damasco, “encarnam a Síria que apoiou a resistência”. Foi o suficiente para enfurecer ativistas sírios, para quem esses homens representam sobretudo a repressão.

Nasrallah também ressaltou o importante papel da Síria junto aos movimentos árabes de luta contra Israel. Para o Hezbollah, a Síria é uma “verdadeira parceira militar”. Foi ela que “deu” as “armas mais importantes” utilizadas pelo partido xiita armado durante a guerra de 2006 com o Estado hebreu.

Com tais declarações, Hassan Nasrallah acaba colocando em evidência, a contragosto, a vulnerabilidade de seu partido hoje. O Hezbollah teme o colapso desse regime que é “mais do que uma ponte” que permitiu a passagem do arsenal militar iraniano por seu território. A perda de um aliado como esse fragilizaria o partido xiita em caso de conflito com Israel, ao cortar as vias de rearmamento. O líder do partido de Deus, no entanto, se mostra confiante: ele prometeu aos israelenses novas “surpresas” em caso de ataque contra o Líbano.

Hassan Nasrallah também lembra que a estratégia militar prevalece sobre qualquer outro aspecto para o partido, em seus posicionamentos em relação à Síria. Não se trata mais de defender os “oprimidos”, como sempre fez em suas cartas políticas ou ao se colocar ao lado dos egípcios, líbios, bareinitas, iemenitas desde o início da “primavera árabe”. Preservar suas armas, manter “o eixo da resistência” – o Irã, a Síria, o Hezbollah – contra Israel são as prioridades do Hezbollah.

Porém, o preço pago por sua recusa em condenar a repressão do regime na Síria, preferindo pedir pelo fim das “violências” cometidas por cada lado, é alto: sua popularidade foi prejudicada no mundo árabe. E Hassan Nasrallah, que antes era exaltado na Síria por sua luta contra Israel, tem sido retratado pelos ativistas sírios nas redes sociais como um homenzinho barrigudo.

Seriam seu apoio irredutível, sua percepção da revolta síria como um “complô americano-israelense” a marca de uma cegueira que colocaria o Hezbollah do lado dos perdedores em caso de queda do regime dos Assad?  “Ou Hassan Nasrallah se encontra em uma negação da realidade, ou ele ainda não recebeu ordens de Teerã para se distanciar. Ele vê o fim dos Assad como um fracasso pessoal”, acredita Hilal Khasan, diretor do departamento de Estudos Políticos na Universidade Americana de Beirute.

“A Síria não é uma aliada qualquer, mas sim uma aliada de primeira ordem para o Hezbollah, ele não vai moderar seu apoio porque o regime está em dificuldades”, acredita por sua vez Talal Atrissi, cientista político associado à Universidade Libanesa. “O partido está na mesma linha que a Rússia e o Irã, que não aceitam que um regime pró-americano se instale em Damasco. Estamos em um cenário de confronto com o outro eixo regional, saudita-qatariano-turco”.

Embora ele não deixe transparecer, é impossível pensar que Hassan Nasrallah não está se preparando para o futuro. “Assim como os outros atores libaneses, o Hezbollah sabe que uma página será virada na Síria, mas ninguém sabe quando”, relata um diplomata europeu alocado em Beirute.  Pouco perceptível no cenário regional, essa conscientização se reflete claramente no Líbano. De alguns meses para cá, diversos observadores estrangeiros notaram que o Hezbollah vem se mantendo discreto.

Nasrallah, preocupado com o “caos” que poderá tomar conta do país “tanto no Iraque quanto na Síria”, pediu na quarta-feira por um “pacto de honra” entre as comunidades libanesas, uma vez que as tensões religiosas e políticas estão sendo exacerbadas pela crise síria.

Esta abriu uma outra caixa de Pandora: o partido é cada vez mais contestado por seus opositores no Líbano, estimulados pela revolta na Síria. Em Saida, um xeique radical vem desafiando desde o início de julho o Hezbollah. Pedindo para que o partido deponha suas armas, o xeique Ahmad al-Assir bloqueou um dos principais eixos da cidade, porta de entrada para o sul, reduto do Hezbollah. Esse agitador sunita, que diz agir em nome das “humilhações” sofridas, jura que ele não retirará seu bloqueio enquanto não atingir seu objetivo. O partido não se manifestou.

Embora tenha se enfraquecido com os desdobramentos na Síria, o Hezbollah ainda tem diversos trunfos na manga. Ele continua a receber um apoio maciço dentro da comunidade xiita libanesa, manteve seu arsenal militar e continua sendo um dos atores mais poderosos no tabuleiro político nacional.

9 comentários:

  1. O líder do Hezbollah está sendo mais esperto do que o líder do Hamas foi, a Síria é um dos pouquissimos aliados do Hezbollah e era do Hamas antes do Hamas virar de lado. Alianças políticas são interesses, para uma síria com Assad Hezbollah forte como seria um Hamas forte antes da mudança de lado, era conveniente, já para uma Síria sem Assad, a tendencia seria até criarem uma base americana, o que deixaria o Hezbollah cercado. Agora o líder do Hamas está esperando o que com apoio do Catar/ O líder do Catar é um mercenário que derrubou o próprio pai do poder, é um capacho dos EUA declarado,se o Mossad querer eliminar o líder do Hamass dúvido que o emir do Catar terá peito de tentar impedir ´´ajudando o aliado´´ palestino.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Antes de falar de Hamas, Hizbollah e afins, é preciso entender que depois da Revolução Islâmica foi ainda mais acentuado as diferenças entre sunitas e xiitas. O Hizbollah é xiita, logo apoiará o xiitismo de Assad. No entanto, o Hamas que é sunita sempre teve boas relações com a Síria e não traiu o país de Assad em nenhum momento.

      Excluir
    2. Mas Assad não é xiita, é alauíta.

      Luiz Oliveira

      Excluir
    3. Os alauitas se consideram xiitas, meu caro.

      Excluir
  2. E esse xeque sunita que está desafiando o Hezbollah está pedindo pra morrer, o dia que eliminarem esse xeque ai vai ser bem feito.

    ResponderExcluir
  3. È por isso que os Judeus querem tanto que o OTAN/EUA invadisse a Síria. Seria uma oportunidade para EUA/OTAN faz um serviço sujo para eles.

    Israel e a turma deles estão por trás dos confrontos na Síria. Apoiando os rebeldes com armas e inteligências.


    Para mim, EUA / OTAN e Israel tentaram matar o Assad no atentado recente que matou o cunhado do Assad, só que o Assad não estava na reunião que matou os ministros da defesa do país. Isso foi obra de uma inteligência.

    Jonas

    ResponderExcluir
  4. Isso mesmo Jonas foi obra de serviço de inteligência o atentado em Damasco, sabiam a hora e o local exato de atacar, mais não passou de efeito de propaganda, o Assad recuperou os bairros de Damasco,m os combates se resumem a algumas ruas isoladas, hoje o governo iraquiano falou que ás tropas do Assad recuperaram uma das passagens na fronteira com o Iraque, e ontem falaram que só tinham duas sobre controle então só tem uma passagem entre Síria e Iraque sobre poder dos rebeldes segundo o governo iraquiano. Hoje também em Aleppo o Assad recuperou um dos bairros, os rebeldes não controlam nenhuma cidade importantes, até Homs a principal cidade rebelde a maior parte está sobre controle do Assad pelas informações que andei pesquisando até em sites em inglês. EUA, Israel, França, Inglaterra podem falar o que falarem mais o Assad está vencendo a guerra, ele tem que atropelar esses mercenários do ELS mesmo.

    ResponderExcluir
  5. Isso foi bom saber ^^^^ Bashar Al Assad rumo a vitória. Vamos lá Assad!

    ResponderExcluir
  6. A imprensa ocidental manipula demais, é so pesquisar e ter um pouco de contato na internet que voçe descobre tudo, a Siria esta e ficara sobre controle de Assad, a Siria não sera a nova Libia.

    ResponderExcluir