quinta-feira, 10 de maio de 2012

Banco de dados de soldados alemães mortos ainda localiza 40 mil corpos por ano


O presidente da Rússia, Vladimir Putin, participa de cerimônia no Tumúlo do Soldado Desconhecido, em Moscou, na terça-feira (8), comemorado o dia da vitória, em comemoração ao fim da 2ª Guerra Mundial
A Comissão de Sepulturas de Guerra alemã iniciou uma campanha na terça-feira (8), o 67º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial, para promover seu banco de dados on-line como forma de parentes encontrarem soldados desaparecidos. Cerca de 40 mil corpos são localizados e reenterrados por ano pela Europa Oriental e Rússia --onde suas equipes ainda encontram hostilidade dos moradores que se lembram da ocupação assassina.

Cerca de 3 milhões de soldados alemães morreram na União Soviética e Europa Oriental na Segunda Guerra Mundial, e o destino de centenas de milhares deles permanece desconhecido de seus parentes e descendentes. Na terça-feira, 67º aniversário da capitulação da Alemanha Nazista e o fim da guerra na Europa, a Comissão de Sepulturas de Guerra alemã lançou uma campanha convidando as pessoas a consultarem seu banco de dados online, que contém informações sobre cerca de 4,6 milhões de soldados mortos ou desaparecidos.

“As pessoas até hoje procuram por parentes desaparecidos”, declarou Martin Dodenhoeft, diretor de comunicação da organização. “Por isso começamos uma campanha nas rádios para dizer ao público maior sobre essa possibilidade oferecida pela internet."

O fim da Guerra Fria, há mais de duas décadas, permitiu que a organização começasse a localizar os locais dos túmulos, a identificar corpos e a reenterrá-los em novos cemitérios na Rússia e em países da Europa Oriental invadidos pelo exército alemão.

Cerca de 716 mil alemães mortos na guerra foram encontrados e reenterrados desde então, e esse número cresce em torno de 40 mil por ano, disse a comissão. O banco de dados processa cerca de 20 mil buscas por mês. “Estamos concentrando os cemitérios. Não podemos preservar todas as centenas de milhares de locais onde os soldados são enterrados, então construímos novos cemitérios maiores ou expandimos os existentes", disse o porta-voz da comissão, Fritz Kirchmeier, ao “Spiegel Online”.

“Ainda nos deparamos com enorme ressentimento”
“Esperamos reduzir nossas atividades em 2017 ou 2018 porque estamos encontrando menos corpos e está se tornando mais caro recuperá-los. Estamos ficando sem dinheiro”. A comissão, em grande parte custeada por doações, espera encontrar outros 250 mil corpos até lá.

Os soldados muitas vezes foram enterrados apressadamente no próprio local onde caíram ou perto de enfermarias ou hospitais onde morreram dos ferimentos.

A maior parte das sepulturas não está marcada e algumas vezes são valas comuns, disse Kirchmeier. “Nós reunimos muitos registros da guerra e usamos esses documentos para localizar os cemitérios. Aí nosso pessoal vai até lá para tentar identificá-los. Dependemos da ajuda de testemunhas oculares, que é outro aspecto que nos coloca sob pressão, porque essas pessoas é claro estão muito velhas e não vamos poder perguntar a elas daqui a dez anos. Muitas vezes chegamos tarde demais, e as sepulturas frequentemente já foram pilhadas por pessoas que procuravam itens de valor”.

Algumas vezes, as equipes da comissão são recebidas de forma hostil. “Algumas pessoas ficam satisfeitas quando os mortos são tirados de suas terras, mas ocasionalmente ainda nos deparamos com enorme ressentimento dos moradores”, disse Kirchmeier. “A memória da ocupação pelos alemães e os crimes de guerra ainda está muito viva”.

A guerra levou 20 milhões de vidas na União Soviética e 6 milhões só na Polônia. As forças da Alemanha nazista destruíram grandes trechos das terras que conquistaram, em uma guerra de aniquilação que tinha civis como alvo desde o início. Muitas vezes, as equipes de busca não conseguem chegar aos túmulos porque estradas ou prédios foram construídos por cima.

Somente locais com pelo menos 50 corpos são investigados
"Se os corpos estiverem em uma fazenda, temos que lidar com o proprietário e normalmente fazemos a exumação após a colheita”, disse Kirchmeier. “Depois devolvemos tudo a seu estado original, o que torna a busca ainda mais cara”.

Desde o início dos anos 90, a comissão restaurou ou reconstruiu mais de 300 cemitérios da Segunda Guerra Mundial e 190 da Primeira Guerra na Europa Central, Oriental e Sudeste, assim como na Rússia.

Sepulturas individuais e até coletivas contendo dezenas de soldados são consideradas insignificantes demais para merecerem uma exumação, disse Kirchmeier. “Só pesquisamos locais com um ou dois corpos em casos excepcionais, quando os membros da família nos pedem, mas é improdutivo, porque o custo é muito alto. Em geral, tentamos não rastrear locais que contêm menos de 50 corpos, pelos menos por enquanto”.

Os soldados são identificados por suas plaquetas de identificação ou com a ajuda dos registros do exército original, que mostram a distribuição das sepulturas. “Se conseguimos identificar um soldado, às vezes é possível identificar os outros corpos até sem as plaquetas de identificação, se tivermos os registros de quem foi enterrado onde”, disse Kirchmeier.

A comissão administra um total de 824 cemitérios em 45 países, contendo um total de 2,4 milhões de cadáveres. Ela emprega cerca de 9.000 voluntários e tem uma equipe de 582 funcionários pagos.

Um comentário:

  1. As 2 guerras mundiais foram a mais pura estupidez humana . Mas isto não me surpreende. Repare no seu dia a dia, como você encontra gente que não vale nada. Pessoas que, com oportunidade, fariam miséria! Li, em algum reportagem, que guerras na Europa são guerras civis, entre irmãos, o que concordo. Nesta mesma reportagem, se afirmou que estas guerras entre irmãos europeus, com alta taxa de mortalidade, deu início ao fim da civilização ocidental.

    ResponderExcluir