sexta-feira, 2 de março de 2012

Imprensa alemã premia militar russo que previu um “Apocalipse Nuclear”

Stanislav Petrov exibe o Prêmio
Cidadão do Mundo que recebera
Stanislav Yevgrafovich Petrov, tenente-coronel reformado das Forças Armadas Russas, recebeu o Prêmio de Imprensa Alemã. Em 2012 , o prêmio foi dado a quatro pessoas que “haviam contribuindo imprescindivelmente para preserva paz”. Entre elas uma defensora dos direitos humanos afegã, um doutor congolês e um prelado palestino. O ex-militar soviético foi premiado por haver prevenido um “Apocalipse Nuclear” .

“Não fiz nada especial, simplesmente cumpri meu trabalho”, comentou Petrov ao receber a estatueta. Em 26 de setembro de 1983, em plena Guerra Fria, o oficial estava de guarda no bunker Serpukhov-15, o centro de comando da inteligência militar soviética e que ficava a 90 km de Moscou. De lá se coordenava a defesa aeroespacial soviética. As 0h15 (hora de Moscou), um satélite soviético disparou um alarme: cinco mísseis balísticos intercontinentais haviam sido lançados da base de Malmstrom, Montana, Estados Unidos, e em 20 minutos alcançaria a URSS.

Três semanas antes, a URSS havia abatido um avião comercia sul-coreano que havia desviado a sua rota programada e penetrado no espaço aéreo soviético. Na ocasião, o presidente americano Ronald Reagan qualificou a URSS de “Império do Mau”.

A instrução prescrevia que, em caso de um sinal de alarme, o oficial encarregado do equipamento de vigilância deveria contatar de imediato seus comandantes para que eles pudessem se comunicar com os líderes da URSS para que esses decidissem como responder o ataque. Petrov violou sua prescrição. Ele resolveu não comunicar ninguém.

Segundo os historiadores, se Petrov tivesse cumprido religiosamente as políticas de segurança, bem como a hierarquia, ele teria dado inicio ao chamado “Apocalipse Nuclear”. Tendo apenas somente alguns segundos para refletir, Yuri Vladimirovich Andropov, Secretário Geral do Partido Comunista, ou seja, o líder máximo da URSS, teria tomado a decisão de ativar o arsenal nuclear, especulam os especialistas.

“Se um galo houvesse começado a cantar, os demais haveria de segui-lo” 
“Estávamos com nossas rotinas: vigiávamos posições de satélite e controlávamos os computadores. Meu turno começou as 20h. As 0h15 soou o alarme. Jamais me esquecerei daquele momento. Na tela apareceu a palavra START e uma estrela que marcava os EUA como o local do lançamento”, conta Petrov.

“Foi impactante para mim. Durante vários segundos nem se quer pude levantar a vista da tela. Então eu me levantei da minha cadeira e olhei a minha volta. Todos os meus subordinados me olharam, esperando uma ordem. Tornei a sentar-me, ordenei que se sentasse também e segui todas as minhas instruções ao pé da letra. Comecei a analisar os dados”, detalha Petrov.

“Me recordei então do efeito de: se um começa a cantar, os demais o seguem, por mais longe que estivesse o amanhecer. Sabia que se cometesse um erro, eu poderia começar a Terceira Guerra Mundial”, comenta Petrov.

“Entendia perfeitamente que os EUA não poderia nos atacar com um só míssil. Passaram dois minutos e comuniquei meu comandante que o computador estava dando um falso alarme. Mas nesse mesmo momento a sirene voltar a soar. Me levantei para chamar e pedir consulta aos analistas de informática que esta hora estavam dormindo em suas casas e senti que meus joelhos tremiam. O alarme voltou a soar pela terceira, quarta e quita vez”, recorda Petrov.

“Tirei um enorme peso de cima de mim”
“A gente não começa uma Guerra Nuclear com somente cinco mísseis. Não tive outro remédio que não esperar até que os radares acusassem os mísseis de penetrar em nosso espaço aéreo. O primeiro míssil levaria uns 18 minutos para surgir (no espaço aéreo russo). Esses minutos de espera foram os mais terríveis que havia experimentado em toda minha vida. Chegou a hora, mas os radares não mostraram nada. Tirei um enorme peso de cima de mim.

O episódio que colocou o planeta a escassos segundos da Terceira Guerra Mundial ficou conhecido como “Incidente Equinócio de Outono”. Meio ano depois, se supôs que os raios do sol provocaram o alarme. Na ocasião, os satélites se colocaram de tal como que o sol refletido nas nuvens enganara os receptores. Os dispositivos reagiram como se houvesse disparado um míssil. E tudo isso ocorreu no céu, justo encima da base militar americana de Malmstrom.

A informação relacionado ao incidente foi desclassificada em 1998. Em 2004, Petrov recebeu o Prêmio de Cidadão do Mundo (World Citizen Award). Em 2006, foi homenageado na sede da ONU, em Nova York, e recebeu o Segundo Prêmio de Cidadão do Mundo. A ele dedicaram o documentário de 2008 de nome “O botão vermelho e o homem que salvou o mundo” (The red button & the man who saved the world).

2 comentários:

  1. Cara que situação. Bolas de aço.
    Me deu vontade de dar um abraço no homem. Haha.

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  2. um heroi.
    infor. obrigado pela incrivel noticia.

    abraços.

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