sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O mundo está prestes a entrar em guerra?


Mahmud Ahmadinejad, presidente do Irã


Será no verão, época guerreira por excelência. Na metade da campanha presidencial, com Obama e Romney emaranhados na luta decisiva. Um tempo de transição, portanto, no qual se abrem as janelas para iniciativas incomuns. Tudo será muito rápido, com bombardeios de precisão realizados por aviões não tripulados e por bombardeiros carregados com obuses perfuradores. Depois virá a resposta, que poderá se transformar em guerra. Quando tudo terminar, nada será como antes. Para elucidar a consistência dessa história, que muitos querem evitar, é preciso responder a várias perguntas:

1. O Irã é uma ameaça? Sem dúvida sim, apesar de todos os protestos iranianos sobre o caráter civil de sua indústria nuclear. O desenvolvimento nuclear civil conduz a um umbral tecnológico, chamado zona de imunidade, a partir do qual não há retrocesso. Apesar das guerras secretas do Mossad contra o Irã e da pressão diplomática e dos embargos, há muitos indícios de que já se chegou ao ponto crítico, de forma que se for ultrapassado será preciso contar com uma nova potência nuclear no Oriente Médio. Israel considera essa eventualidade "uma ameaça existencial". Para a monarquia saudita é um desafio intolerável a sua hegemonia na região do Golfo. E do ponto de vista da proliferação nuclear a bomba iraniana seria o convite para que outros países da região, como Egito, Turquia ou Arábia Saudita, seguissem o mesmo caminho.

2. É possível eliminar o perigo nuclear iraniano? Há teorias para todos os gostos, mas nenhuma considera possível sua eliminação definitiva sem mudar o regime. Os iranianos aprenderam com os bombardeios realizados por Israel sobre os reatores de Iraque e Síria, em 1981 e 2007 respectivamente, de forma que suas instalações se encontram muito dispersas, protegidas e em alguns casos em profundidades inatingíveis, mesmo pelas megabombas anti-bunker. Os mais pessimistas consideram que o programa nuclear seria atrasado em alguns meses, talvez um ano, e os mais otimistas em dois. Os proliferadores aprenderam com Saddam Hussein: a melhor forma de evitar que o ataquem por proliferar é que já tenha a bomba; se não tiver, como aconteceu com o ditador iraquiano, vão atacá-lo e inclusive invadi-lo: um argumento a mais para atacar agora.

3. Que resultados Israel pode obter com um ataque preventivo? Essa é a pergunta onde o espaço de incerteza é maior. A capacidade de resposta bélica iraniana provavelmente é menor do que suas declarações e gestos pretendem mostrar. Podem tentar fechar o estreito de Ormuz, realizar ataques com mísseis contra Israel ou lançar uma campanha de atentados em todo o mundo. O preço do petróleo será afetado. Facilmente enfraquecerá a oposição iraniana, obrigada a cerrar fileiras com o regime em uma questão que põe em jogo o orgulho nacional. Se inflamará de novo um certo anti-imperialismo que a Primavera Árabe havia amortecido.

4. Que efeitos produzirá no mapa geopolítico? Se é grande a incerteza em relação aos resultados imediatos de um ataque, maior ainda é em relação aos efeitos sobre a geopolítica de uma zona submetida a um terremoto de mudanças. Israel se encontra em um momento crucial para seu futuro, em um isolamento internacional insólito e dependente do rumo do Egito, assim como da possibilidade de ruptura ou modificação do tratado de paz de Camp David, que lhe garantiu mais de 30 anos de estabilidade na fronteira ocidental. Também na Jordânia poderão se precipitar os acontecimentos em direção a um endurecimento das relações com Israel. Sua única segurança é a inquebrantável amizade expressa por Obama, apesar do mau trato que lhe deu Netanyahu. Israel precisa restaurar plenamente a dissuasão militar na região, depois de dilapidá-la na guerra com o Líbano e recuperá-la só parcialmente em Gaza. Sabe que mais cedo do que tarde deverá negociar com governos islâmicos saídos das urnas no Egito e na Jordânia, pelo menos, talvez também na Síria, e sob as novas e insólitas condições de eleitorados e opiniões públicas árabes que expressarão livremente sua inimizade. O ataque preventivo contra o Irã pode ser então a demonstração de força prévia a uma negociação com os novos agentes da história no Oriente Médio.

3 comentários:

  1. Uma nova guerra e milhares de baixas civis.
    Eu fico me perguntando: Por que diabos Israel tá cantando de galo? Se ao atacar, Israel não neutralizasse os sistemas de misseis e bases de decolagem iranianos, iría chover fogo sobre Israel
    Elumine-me, Michel, o que não estou percebendo?

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  2. Israel quer atacar, mas apelar para os EUA fazerem o serviço....

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  3. A escalada armamentista na região é culpa dos EEUUA e Israel, que matam, invadem, apoiam ditaduras, implantam bases militares. Desde a queda do regime pró-americano no Irã tentam, a todo custo, a derrubada dos iatolas. Fomentaram uma guerra Irã-Iraque e perderam. Usaram (e usam) cerco economico para minar o Estado iraniano, derruba-lo, e não conseguiram. Invadiram o Iraque, a Líbia, Afeganistão, Libano, apoiaram e mantiveram Mubaraq como ditador no Egito, e não conseguiram derrubar o governo iraniano. São 20, 30 anos de política de destruição, e nao conseguiram. Apenas aumentam as razões do anti-americanismo na região, do ódio. Um ataque ao Irão, seja de Israel ou OTAN, destruirá todos governos pró-americanos. Terão coragem?

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