segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
Empresas reforçam parcerias e aquisições
Incentivo à pesquisa, desenvolvimento de novas técnicas e produtos, investimentos e possibilidade de exportar. O programa Brasil Maior, que fundamenta a Estratégia Nacional de Defesa (END), está reabrindo as perspectivas para a indústria nacional. A movimentação nesse mercado já pode ser observada pelo lançamento de produtos e pelas associações entre empresas nacionais.
"As companhias têm trabalhado bastante para inovar", revela o almirante Carlos Afonso Pierantoni Gambôa, vice-presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde). A Condor Tecnologias não Letais, do Rio de Janeiro, por exemplo, acaba de lançar uma pistola de choque elétrico mais moderna e inovadora que a americana Taser, conta ele. Entre outras inovações, o produto nacional permite o uso ambidestro.
As medidas do governo complementam a decisão da Embraer de investir cada vez mais nessa área, afirma Luiz Carlos Aguiar, presidente da Embraer Defesa e Segurança. Criada em 1969, a Embraer foi privatizada em 1994 e se projetou internacionalmente como fabricante de aeronaves civis. De 2006 para cá, a empresa aumentou a ênfase na área de defesa. A participação do segmento no faturamento total naquele ano foi de 5%, revela Aguiar. Nos números de 2011, a serem divulgados em março, a defesa deve elevar sua participação para 14%. A perspectiva é chegar a 25% da receita até 2020.
A Embraer tem adquirido participações societárias em outras empresas de capital nacional com o intuito de reforçar sua capacitação tecnológica. A companhia adquiriu o controle da fabricante de radares Orbisat e 50% da Atech. Também criou a Harpia, joint venture com a AEL Sistemas, fabricante de aviônicos ligada à israelense Elbit. A Harpia vai desenvolver os chamados vants (veículo aéreo não tripulado).
Com essas aquisições, diz Aguiar, a Embraer Defesa e Segurança e suas parceiras estarão aptas a "formatar uma solução mais completa" para os clientes. O executivo acredita que será possível fornecer 65% de conteúdo nacional para projetos importantes como o Sistema de Vigilância de Fronteiras Terrestres. Os 35% restantes viriam de parcerias com empresas internacionais.
Aguiar afirma que, a exemplo da Embraer, as associadas já possuem participação no mercado internacional, que pode ser ampliada com a união de forças. Em 2007, a AEL Sistemas iniciou um programa de modernização, com investimento de R$ 20 milhões. Faz parte do projeto a construção de um centro de tecnologia, que ficará pronto até outubro. Especializada em sistemas eletrônicos para navegação aérea (aviônicos), a AEL viu crescer o mercado e elevou o número de engenheiros da empresa de 15, em 2001, para 90, diz Paulo Renato Jotz, diretor de marketing.
A companhia está disputando o fornecimento de sistemas para o carro de combate Guarani, do Exército, que vem sendo desenvolvido em parceria com a Iveco.
Outra que está aproveitando o momento é a IACIT, fornecedora de serviços de suporte logístico. Ela desenvolve o GABS, sistema destinado à melhoria da qualidade da informação para a navegação por satélites do GNSS (Global Navigation Satellite Systems). Segundo o presidente, Luiz Teixeira, a empresa capacitou-se investindo em treinamentos e softwares.
A IACIT investiu 12% do faturamento em pesquisa nos últimos dois anos e espera crescer de 10% a 20% nos próximos cinco anos.
A Orbisat aposta no desenvolvimento de hardware eletrônico de radares e softwares para processamento. A empresa aplica 7,5% do faturamento em pesquisa e também desenvolve a própria tecnologia, explica o presidente, Maurício Aveiro. Com faturamento de R$ 60 milhões, a Orbisat projeta expansão de 15%. O mercado interno responde por 85% das vendas.
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