sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
China busca no Golfo Pérsico alternativas para sua relação estratégica com o Irã
Wen Jiabao viaja para Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Catar
O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, inicia neste fim de semana uma viagem de seis dias de duração a Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos (EAU) e Catar para reforçar as relações com esses países, que cobrem grande parte de sua demanda por gás e petróleo, além de buscar alternativas ao Irã, um parceiro estratégico do qual compra 12% de seu fornecimento exterior.
Trata-se da primeira visita que um primeiro-ministro chinês faz à Arábia Saudita em 20 anos. Quanto aos EAU e Catar, nunca tinham sido visitados por um chefe de governo chinês desde que estabeleceram relações diplomáticas, na década de 1980. Espera-se que também abordem os levantes populares ocorridos no mundo árabe.
A viagem ocorre em um momento especialmente delicado devido às sanções ocidentais contra o Irã por seu programa nuclear e a consequente ameaça de Teerã de fechar o estreito de Ormuz. Uma interrupção do tráfego marítimo causaria graves problemas à China, que obtém de 40 a 50% de suas importações de petróleo através desse estreito.
Os EUA pretendem restringir as receitas que Teerã obtém com as exportações de petróleo, vetando nos mercados americanos as instituições financeiras internacionais que façam negócios com o Banco Central do Irã, o principal ponto de passagem dos pagamentos do petróleo. A China se opôs diversas vezes ao que chama de sanções "unilaterais" por parte dos EUA e outros países ocidentais, mas também não está interessada em que a acusem de ser a tábua de salvação do regime dos aiatolás. Mas Pequim quer sobretudo temperar as agitadas águas para que ninguém interrompa sua ascensão. "O Irã é um grande fornecedor de petróleo da China, e esperamos que nossas importações não sejam afetadas, porque são necessárias para nosso desenvolvimento", reiterou ontem Zhai Jun, vice-ministro das Relações Exteriores, informa a agência Reuters.
O secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, esteve ontem em Pequim, onde se reuniu com líderes chineses para lhes pedir que apoiem as sanções; senão diminuindo o volume de cru que adquirem de Teerã, pelo menos reduzindo o que pagam. A China defende que as penalizações não servirão para resolver o contencioso nuclear.
O jornal "Tempos Globais", ligado ao "Diário do Povo" - órgão de difusão do Partido Comunista Chinês -, disse na terça-feira que Pequim deveria responder com "contramedidas" se as empresas chinesas sofrerem penalizações por realizar seu comércio "legal" com o país islâmico. A China é o maior cliente de petróleo iraniano, seguida de Índia e Japão, mas reduziu as compras em janeiro e fevereiro, devido a disputas pelos preços dos contratos.
A Arábia Saudita é o principal vendedor de cru à China - 45,5 milhões de toneladas nos 11 primeiros meses do ano passado, 12,9% a mais que no mesmo período em 2010 -, seguida de Angola e Irã. Catar é seu maior fornecedor de gás natural liquefeito, com 1,8 milhão de toneladas no mesmo período, 75,9% a mais.
Pequim apoiou as resoluções do Conselho de Segurança da ONU que pedem que Teerã ponha fim a suas atividades de enriquecimento de urânio, mas critica Washington e a UE por imporem sanções adicionais.
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