Os vinte aviões da Embraer recentemente vendidos ao governo dos Estados Unidos deverão ser repassados ao Corpo Aéreo do Exército Nacional do Afeganistão, onde serão usados para combater grupos insurgentes como o Talebã.
Entretanto, a compra está, no momento, paralisada, segundo a Sierra Nevada Corporation, empresa norte-americana associada da Embraer no projeto. A paralisação ocorreu depois de a compra dos aviões ter sido questionada na Justiça por um concorrente, a Hawker Beechcraft.
Segundo comunicado, a Sierra Nevada recebeu uma "ordem de paralisação" ("stop work order") da Força Aérea dos EUA. A Embraer não fez nenhum comentário na manhã desta quinta.
Na quarta-feira, em resposta a questionamento da BBC Brasil acerca da venda, anunciada no último dia 30, o Pentágono (Departamento de Defesa americano) afirmou que as aeronaves A-29 Super Tucano serão entregues às forças afegãs para promover "treinamento avançado em voo, vigilância, interdição aérea (ataques a alvos no solo) e apoio aéreo próximo".
"O LAS (sigla em inglês para Apoio Aéreo Leve, programa em que as aeronaves serão empregadas) é um esforço de assistência em segurança para o governo afegão", disse o Pentágono.
Questionamento na Justiça
No comunicado em que citou a ordem de paralisação da compra, a Sierra Nevada disse que está "confiante em que a questão será resolvida de forma célere. (As aeronaves) precisam ser disponibilizadas rapidamente para apoiar (soldados) no Afeganistão".
A concorrente Hawker Beechcraft questiona na Justiça americana sua "exclusão" da competição e a forma como a Embraer foi anunciada vencedora do processo, segundo comunicado da companhia em 30 de dezembro. Alega que "faltou transparência da Força Aérea durante a competição".
A Sierra Nevada, por sua vez, afirma que ela e a Embraer receberam o contrato "como resultado de uma disputa justa e aberta".
O A-29 Super Tucano é uma aeronave militar leve, projetada especialmente para ações de contrainsurgência. Capaz de voar em velocidade e altitude baixas, já teve cerca de 200 unidades encomendadas e é atualmente usado por forças aéreas de seis países.
Firmado ao custo de US$ 355 milhões (R$ 650 milhões), o contrato para a venda dos 20 aviões foi o primeiro entre a Embraer e a Defesa americana e prevê ainda o treinamento de pilotos e a manutenção das aeronaves. A companhia terá 60 meses para entregar as 20 aeronaves.
Para concorrer à venda, conforme determina a legislação americana, a Embraer teve de se associar a uma empresa local, a Sierra Nevada.
Buy American
Caso a compra siga adiante, segundo a Embraer, os equipamentos serão montados em Jacksonville, no Estado americano da Flórida, e terão ao menos 88% de seus componentes fabricados por empresas americanas ou países que se enquadram no Buy America Act (legislação que regula as compras do governo americano).
A empresa diz que as cerca de 150 aeronaves em operação já voaram, ao todo, 130 mil horas (das quais 18 mil em missões de combate), sem jamais terem sido abatidas.
Segundo a companhia, o treinamento para que pilotos experientes possam manejá-la dura poucas semanas.
Em nota, a Embraer disse que as aeronaves serão vitais "para ajudar o Afeganistão e nações parceiras (dos EUA) a desenvolver suas próprias capacidades aéreas (...), ajudando a trazer de volta com segurança e rapidez soldados americanos no Afeganistão e limitando a necessidade de forças americanas em outros locais".
Em discurso em junho de 2010, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou que a presença de soldados americanos no Afeganistão (onde os EUA combatem desde 2001) se encerraria no fim deste ano.
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