quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Ausência do Brasil na agenda de Ahmadinejad marca distanciamento em relação a Dilma


Ahmadinejad  ( a esq.) e Hugo Chávez


Mahmoud Ahmadinejad está em viagem pela América Latina e, pela primeira vez desde os anos marcados pela presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, os dirigentes brasileiros estão o ignorando.

Depois da Venezuela e da Nicarágua, para a nova posse do presidente Daniel Ortega, na terça-feira (10), o chefe do Estado iraniano foi a Cuba e conclui sua viagem no Equador, nesta quinta-feira, sem ter colocado os pés em solo brasileiro. Uma ausência que ilustra o distanciamento em relação ao regime de Teerã desejado pela presidente Dilma Rousseff, favorável a uma relação mais frutífera com os Estados Unidos.

Fonte de irritação entre Washington e Brasília, a aproximação entre o Irã e o Brasil já havia sido marcada pela visita de Ahmadinejad ao Brasil em novembro de 2009 e pela passagem do presidente Lula seis meses depois pelo Irã, que resultou em um acordo entre Brasil, Irã e Turquia sobre a questão nuclear.

Todavia, pouco após sua vitória nas eleições presidenciais de outubro de 2010, Rousseff começou a se distanciar de seu antecessor ao criticar a abstenção brasileira na votação de uma resolução das Nações Unidas que condenava a situação dos direitos humanos no Irã. Ao “Washington Post”, ela afirmou seu repúdio à pena de morte imposta à iraniana Sakineh Ashtiani. E em 2011, a delegação brasileira no Conselho dos Direitos Humanos da ONU votou a favor do envio de inspetores ao Irã.

Sem reuniões

Outro fato que marcou esse esfriamento das relações foi a queda de 73% nas importações de produtos iranianos em 2010. Ao mesmo tempo, as exportações do Brasil aumentaram 18%, chegando a US$ 2,3 bilhões. “O ex-presidente Lula é mais político, e Dilma é mais pé no chão”, resume José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil.

Mais diplomático, Tovar Nunes, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, afirmou que Teerã não havia solicitado nenhuma reunião em Brasília, embora os dois países estivessem com “uma agenda diplomática muito cheia”. Segundo uma fonte do ministério, citado anonimamente pelo jornal “O Globo”, o fato de não terem feito nenhuma solicitação foi visto como “um alívio”.

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