quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Ultraconservador, Nayef é provável substituto de príncipe herdeiro na Arábia Saudita

Nayef bin Abdul-Aziz Al Saud

É a primeira vez que a Arábia Saudita enfrenta a morte de um príncipe herdeiro. Pela primeira vez também existe o Conselho de Lealdade criado pelo rei Abdallah para consultar a família sobre a sucessão. No entanto, tudo indica que o falecido Sultan será substituído por seu irmão Nayef, o poderoso e conservador ministro do Interior. Sultan, que morreu no último sábado em Nova York, foi enterrado na terça-feira (25).

Nayef não é só um dos príncipes mais velhos e ativos entre os filhos de Abdelaziz ibn Saud, o fundador do reino, como já esteve à frente do país durante a ausência do monarca e do herdeiro por razões de saúde. Sua pronta indicação projetará a imagem de estabilidade tão desejada pelos sauditas em meio à agitação regional e, apesar dos temores, é improvável que se traduza em uma mudança política significativa.

Nayef, que segundo sua biografia oficial nasceu em Taef em 1933, e só é irmão do atual rei por parte de pai, é considerado conservador inclusive para os já conservadores padrões sauditas. Essa imagem tem tanto a ver com seus laços com a seita wahabita (que faz uma das interpretações mais rigorosas do islamismo sunita), como com seu desempenho à frente do Ministério do Interior, aonde chegou em 1975 depois de cinco anos como vice-ministro e 17 como governador de Riyad.

Suas simpatias wahabitas ficaram evidentes nos atentados de 11 de setembro de 2001, de cujos 19 autores materiais 15 eram sauditas. Negou que na Arábia Saudita houvesse servidores de Osama bin Laden. Um ano depois, ainda os atribuía em público a uma conspiração sionista. Teve de chegar o 12 de maio de 2003 - o chamado 11-S saudita -, no qual três atentados simultâneos deixaram 35 mortos em Riyad, para que o príncipe Nayef e muitos de seus concidadãos despertassem para o perigo do radicalismo islâmico.

De fato, desde então esteve à frente da luta contra a Al Qaeda. Há dois anos, um de seus filhos e atual vice-ministro do Interior, o príncipe Mohamed, se salvou por pouco de uma tentativa de assassinato realizada por um terrorista suicida procedente do Iêmen, onde encontrou refúgio o ramo local da Al Qaeda.

O herdeiro previsível se alinha com o setor mais imobilista da família real. Sauditas liberais expressaram o temor de que ele anule algumas das tímidas reformas empreendidas por Abdallah. Parece improvável. Com 78 anos, se chegar a rei talvez freie as reformas, mas não deixará de ser um monarca de transição, à espera de que a coroa passe para uma nova geração de príncipes.

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