quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Provável continuidade da era Putin faz russos pensarem em deixar país

Atual premiê está no poder há 12 anos, e seu plano de permanecer por mais dois mandatos desestimulou cidadãos a continuar no país

Presidente entre 2000 e 2008, Vladimir Putin continua a ser o político mais poderoso da Rússia

"Pora Valit" ("Hora de Partir", em tradução livre) é o nome de um site criado por russos que estão cansados da vida em seu país de origem, e está se tornando um slogan para aqueles consternados com os planos anunciados recentemente por Vladimir V. Putin para manter o seu controle sobre o poder por talvez outros dois mandatos como presidente.

"Um ano atrás eu disse a todos os meus amigos que estavam partindo que eu nunca faria isso, de jeito nenhum!", escreveu um editor de revista chamado Yevgeniya Lobacheva em uma postagem em outro site. "Mas eu tenho apenas uma vida. Doze anos! Eu terei 43!"

Putin já está no poder há 12 anos – os oito primeiros, como presidente, os quatro últimos como primeiro-ministro com poder executivo. Agora, a perspectiva daquilo que muitos russos já estão chamando de "período de estagnação" desencadeou uma nova onda de declarações de abandono de uma nação, onde a corrupção e um sistema inflexível estão acabando com as opções de mudança e desenvolvimento pessoal.

Lev D. Gudkov, diretor do Centro Levada, uma agência de votação, disse que cerca de 50 mil habitantes deixam a Rússia a cada ano e que esse número pode aumentar em 10 mil ou 15 mil no futuro. Alguns analistas já estão chamando essa de a sexta onda de emigração russa – a primeiro começou em 1917 após a Revolução Bolchevique e a mais recente veio na era pós-soviética na década de 1990.

Ao definir essa sexta onda, o cientista político Dmitri Oreshkin disse o seguinte em um artigo frequentemente citado esse ano: "São aquelas pessoas que, basicamente, na década de 1990, devido à sua juventude e otimismo inato, acreditavam que a liberdade viria finalmente e a Rússia se tornaria um país normal. A década Putin mudou isso."

As partidas são particularmente prejudiciais porque deixam a Rússia sem seus profissionais mais qualificados, segundo os especialistas. Aqueles que deixam o país são três vezes mais propensos a ter ensino superior do que aqueles que ficam, completou Oreshkin.

Presidente Dmitri Medvedev, que deve trocar de lugar com Putin e se tornar primeiro-ministro do país após uma eleição em março, tem reclamado repetidamente da chamada fuga de cérebros e disse, sem oferecer detalhes, que o governo deveria criar "condições favoráveis" para que os cientistas e outros profissionais permaneçam.

Além disso, Oreshkin disse, "é o dinheiro que está emigrando", conforme empresários apostam no futuro e aproveitam a transparência dos negócios no Ocidente.

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