sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A exemplo da Sérvia, Montenegro trabalha para ser o próximo a integrar União Europeia

O governo espera que as negociações de adesão comecem na primavera de 2013



À esquerda o primeiro-ministro de Montenegro, Igor Lukšić; À direita Jose Manuel Barros, presidente da União Europeia

Embora a União Europeia esteja à beira do abismo, ela ainda é cobiçada. Montenegro recebeu com grande satisfação o parecer favorável da Comissão, no dia 12 de outubro, à abertura de negociações de adesão à União Europeia (UE) desse pequeno país dos Bálcãs ocidentais. O parecer deverá ser confirmado pelos 27 países-membros no início de dezembro.

Para Milan Rocen, o ministro montenegrino das Relações Exteriores, em visita a Paris na quarta-feira (26), a recomendação de Bruxelas é ao mesmo tempo “um imenso alívio” e “a confirmação de que trabalhar duro compensa”. “Sabemos que isso não é uma finalidade, mas o início de um difícil processo”, diz Rocen, que encontrou o ministro das Relações Exteriores francês, Alain Juppé.

Bruxelas está satisfeita com os progressos obtidos em quase um ano por Podgorica [capital de Montenegro]. Após muitos anos de bloqueio, os deputados montenegrinos aprovaram, no início de setembro, uma nova lei eleitoral. Mas os critérios estabelecidos pela UE são muito exigentes na parte do respeito ao Estado de direito, das garantias oferecidas às minorias e das liberdades fundamentais.

A Croácia passou por isso; Montenegro é o próximo país dos Bálcãs ocidentais a ser colocado diante da obrigação de iniciar reformas. A Comissão não se contentará com a aprovação de textos legislativos: ela será vigilante quanto à sua aplicação. Milan Rocen espera que as negociações possam ter início na primavera de 2013.

Quando lhe perguntam sobre o esgotamento que a ampliação tem causado sobre os Estados-membros, agravado pela crise histórica que a UE vem atravessando, o ministro montenegrino ignora o argumento. “Estamos cansados de ouvir falar sobre esse esgotamento”, ele suspira. “É só conversa”. O ministro enfatiza o avanço da Croácia na direção da adesão, bem como o da Islândia, para ilustrar o dinamismo social do processo. “Concordo, são tempos difíceis. Mas a União sempre teve de enfrentar o desafio de encontrar os melhores mecanismos para funcionar como uma comunidade. Tenho certeza de que ela sairá reforçada da crise. Não há alternativa.”

Desde sua separação da Sérvia e a proclamação de sua independência em junho de 2006, Montenegro muitas vezes provocou a irritação de Belgrado. Milo Djukanovic, líder do partido no poder (DPS), ex-presidente e primeiro-ministro que pediu demissão em dezembro de 2010, recentemente agravou a situação ao declarar, no final de agosto, que a Sérvia “ainda não havia aceito totalmente a independência” do país.

Integrar a Otan

Se Montenegro levar a cabo sua ambição euroatlântica integrando a Otan, ninguém duvida que a Sérvia ficará mais tensa, apesar do avanço de ambos os países na direção da UE. Rocen não está preocupado com as pesquisas indicando que nem 31% dos montenegrinos são a favor de uma entrada do país na Otan. “Os estereótipos da guerra fria ainda estão vivos. E não se deve esquecer que pertencemos a um país bombardeado pela Otan em 1999”.

Mas o principal motivo de disputa com Belgrado foi o reconhecimento de Kosovo por Podgorica, em 2008, que havia levado a Sérvia a expulsar o embaixador montenegrino como sinal de mau humor. Hoje, Montenegro é contra uma divisão do norte do Kosovo, majoritariamente povoado por sérvios. “Com o tempo, as relações irão se normalizar, pelo interesse mútuo da Sérvia e do Kosovo”, garante Rocen. “Não existe alternativa para a construção de relações de amizade”.

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