sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Israel dita a política americana no Oriente Médio, com Barack Obama ou sem ele

EUA e Israel mobilizam nestes dias sua diplomacia para impedir que a Autoridade Palestina (AP) solicite à Assembleia Geral da ONU que a organização reconheça a existência de um Estado palestino. A aprovação de uma resolução nesse sentido não modificaria a realidade da intermitente, parcial e indefinida ocupação israelense da Cisjordânia, Jerusalém Leste e Gaza, com o que esse Estado seria somente virtual. Mas - calcula a AP - que com isso infligiria um golpe propagandístico no Estado sionista, condenado mais uma vez diante do mundo por seu duvidoso interesse em negociar a criação de uma Palestina independente, ao mesmo tempo em que demonstraria que é capaz de renunciar ao guarda-chuva diplomático americano, diante da impotência do presidente Obama para impedir que Israel continue povoando com colonos os territórios ocupados.
As pressões de Washington sobre os palestinos talvez sejam tão extremas para explicar a demora em tramitar aquela petição na ONU. Estava previsto que a moção da AP - que só é conhecida como organização internacional na condição de observadora - fosse apresentada nestes dias para ser debatida no final do mês, mas o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, advertiu na semana passada que já não havia tempo para fazê-lo em setembro. O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, que possivelmente ainda duvida sobre o que convém fazer, está metido por isso em um atoleiro do qual dificilmente sairá sem novas avarias em seu ápice político.
A chamada Primavera Árabe deveria provocar alguma reação em veículos do movimento palestino, e foram duas. Uma legal e burocrática, diante da ONU; e outra terrorista e contraproducente, os atentados de facções radicais, aos quais Israel respondeu com a contundência que era de esperar. A AP - que certamente se conformaria em passar de organização a Estado embora sempre com o caráter limitado de observador - tentava fazer o máximo que incomodasse o mínimo a Washington; e a resposta terrorista, por sua vez, não fazia mais que debilitar o apoio internacional para a AP.
Qual é a resposta de Israel? Além da ação diplomática sobre cerca de 70 países dos 156 com os quais mantém relações, onde considera que suas pressões podem surtir algum efeito, não parece que promova grandes iniciativas. A facilidade com que o governo de Benjamin Netanyahu sabe responder que não já é legendária, como demonstra a recente negativa a apresentar desculpas à Turquia, depois da publicação do relatório da ONU sobre a abordagem de uma embarcação turca que se dirigia a Gaza, na qual um comando israelense matou nove ativistas. E isso que o documento é de um comedimento enternecedor. Só acusa os atacantes de emprego de "força excessiva". E leva em conta que o ataque ocorreu em águas internacionais; que tanto a tripulação como os passageiros eram sabidamente inofensivos; que a missão, embora antissionista e de propaganda, transportava unicamente ajuda para os habitantes da faixa - aos quais não costuma sobrar nada - não parece que a força fosse o único excessivo.
E a consequência da negativa a reconhecer o grau de responsabilidade que corresponde à apresentação de desculpas foi o congelamento absoluto de relações do governo de Ancara com o de Israel. Mas Benjamin Netanyahu é imperturbável. Tel Aviv já está acostumada a estar só contra o mundo, como demonstra a lei recém-aprovada no Knesset, que tipifica como crime qualquer apoio de seus cidadãos a medidas internacionais de boicote, tanto de natureza intelectual, reuniões universitárias, como material, à exportação de frutas e verduras dos territórios ocupados. O apoio de Washington resolve todos os problemas.
O clássico seria neste caso referir-se ao lobby israelense nos EUA como explicação de que o governo israelense quase pudesse ditar a política americana na região, com Obama ou sem ele na presidência. Mas as coisas são certamente mais simples. Washington, e mais ainda em momentos de comoção no mundo árabe como os atuais, sabe em quem pode, em última instância, confiar. É essa utilidade de Israel que dá peso a sua política. Como os EUA como ajuda, Israel não pode se sentir jamais isolada.
A notória insuficiência, por tudo isso, de ambos os enfoques do problema - o político e o terrorista - nos remete a um eterno beco sem saída. Aquele do qual a segunda e última intifada também não pôde tirar o conflito.

4 comentários:

  1. issu explica a influencia de Israel nos EUA o estranho é os estados unidos aceitam ser "comandado" por Israel, pois é issu que acontece.

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  2. Estranho por que? Os judeus tem muito poder nos EUA. Muito das maiores empresas americanas tem donos judeus. O lobby judeu no Congresso Americano americano. Quem quiser posso depois passar referência sobre isso.

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  3. O FEDE (Federal Reserv), o banco central americano, em toda a sua história teve judeus como presidentes, sem exceção.

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  4. Quem pode mais chora menos.

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