domingo, 4 de setembro de 2011

Brasil sofreu pressão dos EUA contra 'Lei do Abate'

Norma para derrubar aeronaves teve oposição de americanos

Em papéis do Itamaraty obtidos pela Folha, os EUA ameaçaram cortar a inteligência sobre o tráfego na Amazônia



A lei que autoriza o abate de aviões considerados suspeitos de transportar drogas no Brasil, aprovada pelo Congresso e sancionada pela Presidência, demorou seis anos para ser colocada em prática por pressões do governo dos EUA e em atendimento a pedido da então secretária de Estado, Madeleine Albright.

É o que revelam telegramas e despachos confidenciais do Itamaraty produzidos entre os anos de 1990 e 2001. Eles fazem parte do novo lote de 221 documentos que serão divulgados a partir de hoje no "Folha Transparência", projeto que disponibiliza informações de interesse da sociedade na Folha.com.

Bastidores
As correspondências inéditas expõem bastidores da "guerra às drogas", que foi desencadeada pelos EUA na década de 90.

Nessa área, um dos nós na relação Brasil-EUA era a lei que autoriza a Aeronáutica brasileira a destruir aeronaves sob suspeita de estar a serviço do narcotráfico.

Em 1998, a "Lei do Abate", tratada como "tiro de destruição", foi aprovada no Congresso e, em seguida, sancionada pelo então presidente, Fernando Henrique Cardoso. Mas ela só foi regulamentada no ano de 2004, durante o governo Lula. A lei gerou enorme controvérsia dentro e fora do governo FHC. O então secretário nacional antidrogas, Wálter Maierovitch, a chamou de "pena de morte".

Sabia-se do descontentamento dos EUA, que evitava manifestações públicas. Em 2000, por exemplo, em entrevista à Folha, o então secretário de Defesa, William Cohen, desconversou: "Os EUA não tomam posição". Os telegramas confidenciais que foram agora liberados pelo Itamaraty apontam outra realidade. Os EUA eram no início favoráveis ao abate (haviam apoiado e ajudado a aplicar leis semelhantes no Peru e na Colômbia). Depois, passaram a torpedeá-la, mas não por motivos humanitários.

Ameaça
A discórdia residia na exigência dos EUA, que queriam aval do governo brasileiro para declarar que "a soberania" do Brasil estava "ameaçada" pelo narcotráfico -o que os brasileiros, principalmente o meio militar, rechaçaram. Isso porque consideraram que o aval seria uma porta aberta para a ação norte-americana em território nacional e para a discussão sobre a posse da Amazônia.

As pressões começaram em 97, quando a Embaixada dos EUA pediu ao relator do projeto, senador Romeu Tuma, que o "retardasse". A embaixada estava longe de agir por conta própria. Em "non-paper" (extraoficial) entregue ao Itamaraty, os EUA fizeram ameaça direta. Tal ameaça dizia que, se o Brasil aprovasse a lei, eles cortariam toda informação de inteligência sobre tráfego aéreo na Amazônia.

Coletados por extensa rede de radares e aviões de vigilância, os dados seriam compartilhados com autoridades brasileiras, desde que o presidente dos EUA considerasse a "soberania" do Brasil ameaçada.
O impasse se prolongou até abril de 1999. Naquele mês, uma carta do então chanceler brasileiro, Luiz Felipe Lampreia, dirigida a Albright esclarece que o Brasil decidiu "congelar" a aplicação da lei. A decisão foi tomada após "prévias conversações", como explica Lampreia.

Meses depois, Maierovitch foi a Washington manifestar-se contra a lei, evocando questões humanitárias, sem saber que havia sido bloqueada por razões menos nobres

8 comentários:

  1. pois é os EUA perderam uma chance de tomar a amazonia que pena mais creio que terão outras oportunidade, em quanto o Brasil for esse Brasil de corrupção espero que nos tome terras, nos invada dai quem sabe os politicos agirao pensando no país e nao nos bolsos deles.

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  2. talvez o posto de cima nao seja 100% dispensavel, pois de certa maneira esse fato demostrou 2 coisas importante o interesse dos EUA pela amazonia e o "medo/temor" de colocar uma lei brasileira em ação pois os militares/politicos estavam sobre pressao americana.
    Eu tenho uma duvida caso os indios da amazonia quiserem formar um país como aconteceu com o sudao e o sudao do sul,em um processo legal, ultilizando as leis internacionais, (não tenho conhecimento sobre elas) nesse caso se os indios forem 100% a favor de uma independencia o Brasil teria que ceder essas terras?
    Se a resposta for sim; jah nao possuimos mais a amazonia.

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  3. A partir do momento que alguém declara que deseja a ocupação do país por uma força estrangeira, esse alguém falou uma coisa deprimente, dispensável, lamentável...

    Em tempo, eu apaguei alguns comentários ofensivos a República Federativa do Brasil. Frases como “O Brasil é um país de merda” e afins serão sumariamente deletadas. Eu sou nacionalista e não aceito esse tipo de coisa.

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  4. entendo que vc seja nacionalista, mas convenhamos que em alguns momentos os politicos nos deixa tremendamente raivosos, eu sei que o Brasil vem investindo bem na defesa e na área civil quando comparado com o passado, entretanto quando se descobre certos fatos que estavam ocultos essa "raiva" dos pliticos reaparece, como os EUA poderiam cortar nossa inteligencia sobre o trafego aereo da amazonia? se issu é possivel logo não temos soberania em nosso territorio, eu duvido muito que o Brasil tenha mudado muito em relação aquela època, veja que n sou nenhum radical e nenhum momento fiz algum "xingamento" apenas demostrei meu descontentamento em relação as politicas adotadas na defesa do Brasil.

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  5. Isto mostra como os EUA tratavam o Brasil, como o seu quintal todos sabemos, felizmente a época de tirar os sapatos para entrar na "américa", de triste memória, ficou para trás.

    Hoje o país tem e merece o respeito dos seus pares pelo mundo, aos poucos o Brasil está se tornando um dos líderes mundiais, com voz ativa.

    Quem diria que um simples torneiro mudaria a face deste país, suplantando todos os anteriores, subservientes e patéticos ante o "grande irmão", e isto ainda irá doer por muito tempo nestas pessoas que nada entendem se soberania.

    Em tempo, porque estes covardes não mostram a cara ao invés de se esconderem sob o pseudônimo de "anônimo" e mostrem argumentos plausíveis ao invés de partidários.

    Melhor ficar sem comentários que ler tolices.

    Abraço.

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  6. Como nacionalista eu tenho vontade de acabar com essa corja de corruptos que mamam nas tetas da Mãe Brasileira. Mas isso não me da argumentos para escrever palavras ofensivas a República Federativa do Brasil. E antes de reclamar, faça algo pelo seu país.

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  7. E o que eles ganham com isso? EUA falando em pena de morte como se eles fossem santos? Qual é. Isso ta mais com cara de que eles estão com medo de terem um de seus aviões extra-oficiais abatidos "por engano" rs rs

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