sexta-feira, 3 de junho de 2011

Líder populista holandês é acusado de incitação do ódio a muçulmanos

Geert Wilders
O tribunal de Amsterdã colocou um fim, na quarta-feira (1º), àquilo que a imprensa holandesa chamou de “o julgamento do século”. Ele envolve o dirigente de extrema-direita Geert Wilders, que saberá, no dia 23 de junho, se será considerado culpado ou não de incitação ao ódio racial e discriminação contra muçulmanos.

Em seu filme “Fitna” (“desacordo”, em árabe) e em declarações, ele atacou o Corão, cuja proibição ele pediu na Holanda, o caráter “retrógrado” do islamismo e chamou o profeta Maomé de “pedófilo doente”. Quatro organizações que entraram com ação contra ele o acusaram, de forma geral, de criar um clima de tensão cada vez mais perigoso para a sociedade holandesa. “Eu falo, eu falarei, eu devo falar”, disse, na quarta-feira, o líder do Partido para a Liberdade (PVV) durante a última audiência de seu julgamento. Ele afirmou “dedicar sua vida” à defesa do Esclarecimento em seu país. “Ele fala do grande perigo para nossa sociedade ocidental, da ascensão da islamização; ele vai longe, mas nunca longe demais”, avaliou recentemente, em uma longa defesa, seu advogado, Bram Moskowicz. De acordo com este último, era a liberdade de expressão que estava em questão nesse processo.

Teoricamente, o líder populista pode ser condenado a até um ano de prisão e 7.600 euros de multa. No entanto, uma condenação parece muito improvável desde que o Ministério Público avaliou, em sua acusação, no dia 25 de maio, que Wilders não era culpado de incitação ao ódio. Segundo os procuradores Birgit van Roessel e Cees Velleman, o réu atacou o Corão, mas não os muçulmanos como tais. O mesmo vale para a menção à “influência crescente” do islamismo, que não pode ser comparada a um ataque contra os fiéis, avaliou-se. Quanto à discriminação, os procuradores repetiram sua acusação do ano passado, e recomendaram a absolvição.

Popularidade crescente

A ação aberta em outubro de 2010 contra Wilders, na verdade, foi interrompida uma primeira vez, quando seu advogado conseguiu a recusa de um juiz. Este teria tentado, durante um jantar, pressionar uma testemunha citada pela defesa. Moskowicz quis em seguida impedir por duas outras vezes o julgamento, e mostrar que seu cliente estava sendo acusado por razões puramente políticas. Ele também ameaçou recorrer ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos a fim de obter um “julgamento justo” para aquele que ele não hesitou em comparar a Galileu, acusado no século 17 por ter ridicularizado a Igreja Católica. No entanto, após o pedido da procuradoria para encerramento de caso, Moskowicz pôde se contentar em minimizar a importância das declarações de Wilders. Ele pediu por uma absolvição completa para este.

No decorrer das audiências, os advogados dos reclamantes (associações marroquinas, turcas, antilhanas e uma fundação para o multiculturalismo) tentaram explicar que os estrangeiros esbarravam em cada vez mais dificuldades na Holanda em razão da propagação da ideologia do PVV. “Não quero virar um pária no país em que nasci”, explicou uma testemunha. “Agora, as pessoas que estão dentro da lei têm medo de serem expulsas”, ressaltou Mohammed Rabbae, presidente do Conselho Nacional dos Marroquinos.

O julgamento não parece ter afetado a popularidade do líder do PVV, que se tornou o segundo maior partido do reino, segundo as últimas pesquisas. De acordo com um de seus ex-advogados, Wim Anker, Wilders havia dado uma ordem a seus defensores: faça com que seu processo dure o maior tempo possível.

Nenhum comentário:

Postar um comentário