terça-feira, 7 de junho de 2011

Adolf Hitler finalmente deixa de ser cidadão honorário em duas cidades austríacas

Antes tarde do que nunca: na segunda-feira (30), o conselho municipal da bela cidadezinha de Waidhofen an der Ybbs, na Baixa Áustria, eliminou por unanimidade Adolf Hitler da lista de seus cidadãos honorários, 66 anos e um mês depois do suicídio do Führer em seu bunker.

Essa unanimidade não era algo garantido. Na semana anterior, os magistrados da cidade vizinha de Amstetten também haviam tirado de Hitler a cidadania honorária, concedida ao ditador nazista em 1938, depois da anexação da Áustria à Alemanha. Mas os dois representantes do Partido da Liberdade, o FPÖ (extrema direita), encontraram um meio de se absterem do voto.

Como a morte do Führer havia anulado a decisão anterior, não era necessário “revogar aquilo que não existe”, justificou-se Brigitte Kashofer, uma professora aposentada, que desde 2008 representa o FPÖ no conselho municipal de Amstetten. Kashofer é conhecida do Centro de Documentação da Resistência Austríaca (DÖW), que monitora os meios de extrema direita.

Em 1995, ela havia sido punida por seu próprio partido, então dirigido pelo falecido Jörg Haider, por ter distribuído panfletos criticando a lei que reprime as atividades e as opiniões neonazistas na Áustria. Em 2007, ela havia defendido um representante dos Jovens do FPÖ, que professava que “o antifascismo é uma doença mental”.

Em primeiro lugar nas pesquisas
Cerca de 4 mil municípios da Áustria fizeram do Führer seu “cidadão honorário”, na esperança de atraírem para si a simpatia de Berlim. Após a derrota do nazismo, poucos se deram ao trabalho de voltar atrás formalmente: “Preferiram eliminar as atas oficiais comprometedoras”, lembra o historiador Gerhard Botz. Ou esquecer. E é assim que Hermann Göring, um dos principais organizadores do extermínio dos judeus, continua sendo até hoje cidadão honorário de Mauterndorf, no Estado de Salzburgo.

A decisão de Amstetten desencadeou um debate sobre a dificuldade que o FPÖ, originado do antigo partido nacional-socialista, tem encontrado para se distanciar desse passado constrangedor. No dia 8 de maio, aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial, o líder do FPÖ, Heinz-Christian Strache, desistiu na última hora de pronunciar um discurso durante o ritual de “homenagem aos mortos”, organizado em Viena pelos Burschenschaften, as ligas estudantis de extrema direita, de onde vem a maior parte dos membros do partido.

Strache tem se esforçado para reposicionar seu discurso, a fim de seduzir o maior número possível de eleitores: no final de maio, o FPÖ chegou pela primeira vez em primeiro lugar nas pesquisas, com 29% das intenções de voto, à frente dos social-democratas e dos conservadores. Quarenta e três por cento dos austríacos querem vê-lo participando do próximo governo, como foi o caso entre 2000 e 2005.

“A crise fundamental da democracia austríaca”, ressalta o jornalista Hans Rauscher, “reside no fato de que essa corrente política, naturalmente ambígua em relação ao nazismo, sempre renasce das cinzas, e nenhum dos outros dois grandes partidos descarta categoricamente aliar-se a ela.”

Um comentário:

  1. ola informante. ai, como ca no brasil, a politica é espelho de seu povo. nao tem geito. msm que lá, assim como cá, eles se utilizem de velhas 'ameaças a democracia', como usa faz, e aq, como a extrema direita vez ou outra tenta fazer. pena é q, a democracia so é viva, quando o povo é vivo, e aq, ao menos, nos estamos meio-vivos...
    abraços.

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