quinta-feira, 5 de maio de 2011

O misterioso cão herói da operação contra Bin Laden

Insígnia do SEAL
As identidades de todos os membros da equipe dos SEALS da Marinha dos Estados Unidos que desceram furiosamente sobre Abbottabad, no Paquistão, e mataram Bin Laden estão sendo alvo de intensa especulação, mas talvez nenhuma mais do que a do seu único integrante de quatro patas.

Pouco se sabe a respeito daquele que pode ser o cachorro mais corajoso do país. Até mesmo a sua raça é objeto de grande interesse, embora, segundo fontes militares, o mais provável é que ele seja um pastor alemão ou um pastor belga malinois. Mas o seu uso na operação indica como as forças armadas dependem cada vez mais dos cães em guerras nas quais os dispositivos explosivos improvisados provocaram dois terços de todas as baixas. Os cães mostraram-se bastante superiores às pessoas ou às máquinas na localização rápida de bombas.

O general David H. Petraeus, comandante das forças dos Estados Unidos no Afeganistão, disse no ano passado que as forças armadas precisam de mais cães. “A capacidade que eles trazem para a luta não pode ser reproduzida nem pelo homem nem pela máquina”, explicou o general.

O major William Roberts, comandante do Centro de Cães de Trabalho Militares do Departamento de Defesa, localizado na Base da Força Aérea de Lackland, no Estado do Texas, diz que o cão que participou da operação pode ter vasculhado as instalações em busca de explosivos e até mesmo farejado as maçanetas das portas, para verificar se estas estavam conectadas a armadilhas explosivas.

E, considerando que Saddam Hussein foi encontrado escondido em um buraco estreito e escuro debaixo de uma cabana de dois quartos no Iraque, a equipe dos SEALS pode ter trazido o cão para a eventualidade de Bin Laden ter construído um aposento secreto no complexo.

“Os cachorros são muito eficientes quando se trata de detectar pessoas dentro de um prédio”, afirma Roberts.

O cão também poderia ter sido utilizado para capturar alguém que tentasse escapar do complexo nos primeiros momentos da operação. Um pastor alemão ou um pastor belga malinois corre duas vezes mais rápido do que um ser humano.

A sargenta Kelly Mylott, comandante do canil da Base da Força Aérea em Langley, no Estado de Virgínia, diz que os cães são ideais para pegar um fugitivo que esteja correndo sem que se tenha que atirar nele. “Os cães que perseguem suspeitos são treinados para mordê-los e segurá-los”, diz Mylott.

Alguns cães são tão grandes que, quando saltam sobre um suspeito, o indivíduo tende a cair no chão, explica Mylott. Outros mordem os braços e as pernas. “Cães diferentes fazem coisas diferentes”, diz ela. “Mas o que quer que eles façam, é muito difícil que a pessoa consiga prosseguir muito na sua fuga”.

Finalmente, os cães podem ser utilizados para controlar um grupo agitado de pessoas – especialmente no Oriente Médio. “Existe uma aversão cultural aos cachorros em alguns desses países, onde poucos deles são usados como animais de estimação”, diz Roberts. “Os cães podem ser bastante intimidadores em tais situações”.

Mylott diz que os cães atraem a atenção das pessoas de uma maneira que as armas são incapazes de atrair. “Os cachorros podem se constituir em um impressionante fator psicológico de dissuasão”, diz Mylott.

Existem 600 cães servindo no Afeganistão e no Iraque, e esse número deverá crescer substancialmente no próximo ano, afirma o segundo-tenente Brynn Olson, do Comando Central dos Estados Unidos. Particularmente popular junto às tropas é o número crescente de cães da raça Labrador Retriever, que andam sem trela cem metros ou mais à frente das patrulhas para garantir a segurança da rota. Uma Estrela de Prata, uma das maiores condecorações da Marinha, foi concedida postumamente em 2009 a um cão chamado Remco, depois que este investiu contra um esconderijo de insurgentes no Afeganistão.

O treinamento dos cães nas equipes dos SEALS da Marinha e outras unidades de operações especiais é cercado de sigilo. O major Wes Ticer, porta-voz do Comando de Operações Especiais dos Estados Unidos, diz que as funções principais dos cães “são localizar explosivos e conduzir operações de busca e patrulha”.

“Nós confiamos nos cachorros para o fornecimento de alerta antecipado para a presença de potenciais perigos, muitas vezes salvando as vidas dos membros das Forças de Operações Especiais junto aos quais eles atuam”.

No ano passado, os SEALS adquiriram quatro vestimentas táticas à prova d'água para os seus cães, dotadas de câmeras infravermelhas e de visão noturna, de forma que os soldados responsáveis pelos animais – levando um monitor de três polegadas a uma distância de até mil metros – possam ver imediatamente aquilo que o cão está vendo. As vestimentas, que vem nas cores de pelagem de coiote e camuflada, permite que os condutores se comuniquem com os cães por um alto-falante, e as quatro custaram mais de US$ 86 mil. As equipes dos SEALS da Marinha foram treinadas para pular de paraquedas de grandes alturas e descer de helicópteros levando consigo esses cães.

Os militares usam diversas raças nas suas operações, mas as mais comuns são de longe o pastor alemão e o pastor belga malinois, que “possuem a melhor combinação geral de um faro apurado, resistência física, velocidade, força, coragem, inteligência e adaptabilidade a quase todas as condições climáticas”, segundo uma publicação da unidade de cães de trabalho militares.

Suzanne Belger, presidente do Clube Norte-americano do Pastor Belga Malinois, diz que espera que o cão usado na operação contra Bin Laden tenha sido desta raça “e que ele tenha feito o seu trabalho e voltado para casa em segurança”. Mas Laura Gilbert, secretária do Clube do Pastor Alemão dos Estados Unidos, diz estar certa de que o cachorro era um pastor alemão “porque este é o melhor!”.

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