Como parte da operação contra Osama bin Laden, o governo dos EUA havia preparado um grupo de advogados, promotores e tradutores para interrogar imediatamente o líder da Al Qaeda caso este fosse capturado vivo, embora considerassem a possibilidade remota. Foi o que informou na terça-feira "The New York Times", citando fontes do governo e do exército.
O jornal afirma que Barack Obama tinha dado ordem para que estivessem prontos a bordo do porta-aviões Carl Vinson, estacionado no mar Arábico, dois grupos de especialistas: um para enterrar Bin Laden se chegasse morto, como finalmente ocorreu, e outro para se encarregar do interrogatório desde o primeiro momento que fosse possível. Não acrescenta quais eram os planos sucessivos nesta segunda eventualidade.
Essa informação traz novos elementos para o debate sobre se a operação militar contra Bin Laden era exclusivamente para acabar com sua vida. Porta-vozes do governo já haviam dito em dias anteriores que a ordem do comando de assalto à casa de Abbottabad incluía a possibilidade de capturá-lo com vida.
Essa versão foi posta em dúvida ao se conhecer, também por meio do próprio governo americano, que Bin Laden não empunhava uma arma no momento de sua morte. As mesmas fontes oficiais explicaram depois que, a certa distância do líder da Al Qaeda - não se sabe com que exatidão -, havia um fuzil e uma pistola. O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, disse na semana passada que embora Bin Laden não estivesse armado "ofereceu resistência por outros meios", o que faz pensar que tentou fugir ou realizou um movimento que para os membros do comando foi suspeito.
As fontes citadas pelo jornal nova-iorquino reconhecem que a possibilidade de uma rendição sempre foi considerada remota, e que o comando estava instruído para atuar rapidamente diante do perigo de que Bin Laden vestisse ou tivesse acesso a um colete com explosivos.
Em sua entrevista no último domingo ao programa "60 Minutes", Obama disse que sua primeira preocupação ao ordenar essa missão foi a segurança dos militares americanos que participariam, e que a última coisa que lhe tirava o sono era o risco de que Bin Laden morresse no ataque. Com esse objetivo, segundo acrescenta a informação do "New York Times", o presidente ordenou que o grupo de assalto fosse suficientemente numeroso para repelir qualquer tentativa de detê-los por parte do exército e da polícia paquistaneses.
O ex-secretário da Defesa Donald Rumsfeld criticou na terça-feira a Casa Branca pelas "numerosas contradições" em que incorreu no relato dessa operação.
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