Três anos depois de sua primeira viagem à China como secretário americano da Defesa, Robert Gates está em Pequim desde domingo (9) para uma visita de três dias destinada a retomar um diálogo estratégico militar em alto nível continuamente rejeitado pelos chineses. Gates, que havia previsto ir a Pequim em junho, na época sofreu uma recusa brutal por parte da China, uma vez que o governo chinês considerou as discussões “inoportunas”.
As reticências chinesas haviam sido atribuídas a represálias contra um contrato de armas americanas com Taiwan de mais de US$ 6 bilhões (cerca de R$ 10 bilhões). Desta vez, a amenidade de Pequim, que alguns acreditam ser provisória, está sendo interpretada como um sinal de boa vontade antes da viagem oficial do presidente chinês Hu Jintao a Washington, de 19 a 21 de janeiro.
Gates, que em seguida irá para Seul e Tóquio, quer promover laços mais estreitos entre os dois exércitos e, sobretudo, forçar Pequim a demonstrar mais transparência em seus programas militares e suas intenções: “Eles claramente têm o potencial de colocar em risco algumas de nossas capacidades [militares]. E devemos prestar atenção nisso, devemos encontrar respostas apropriadas por meio de nossos próprios programas”, explicou aos jornalistas que o acompanhavam sobre o tema das capacidades estratégicas do exército chinês. “Espero que, graças ao diálogo do qual estou falando, suas necessidades de certas capacidades [militares] possam ser reduzidas”, acrescentou.
O orçamento de defesa chinês era oficialmente de US$ 75 bilhões em 2010, ou seja, dez vezes menor que o dos Estados Unidos. Washington acha que esse número está subestimado. Portanto, os Estados Unidos deveriam prevenir uma corrida armamentista com a China, uma vez que alguns dias antes da visita de Gates, o exército popular exaltava os trunfos de seu avião stealth [não detectável], que só realizou testes em solo, e está finalizando seu míssil antiporta-aviões.
O Pacífico Oeste é o principal palco desses jogos de influência. A China adotou ali as posições mais duras, especialmente em relação ao Japão, mas também no caso dos territórios disputados com outros países asiáticos no mar do Sul da China.
No entanto, o convite americano para mais transparência continua parecendo suspeito aos olhos dos chineses: “O fato é que a China tem uma pergunta a fazer: quais são então as intenções estratégicas dos Estados Unidos em querer manter sua superioridade militar absoluta no Pacífico Oeste?”, questiona um editorial do jornal chinês nacionalista “Global Times”.
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