quarta-feira, 10 de novembro de 2010

China faz gesto conciliador para rival Índia

Pequim se diz favorável à entrada de indianos no Conselho de Segurança da ONU; ideia foi apoiada por Obama

Chineses dizem que é necessário haver uma reforma "razoável e necessária" do principal organismo da entidade

Um dia depois de o presidente americano, Barack Obama, ter defendido o ingresso da Índia no Conselho de Segurança da ONU (CS), a China optou por ser diplomática, ao dizer que "entende e apoia" um protagonismo maior do país vizinho.

"A China valoriza o papel da Índia em temas internacionais e entende e apoia o desejo do país em ter uma participação maior na ONU", disse Hong Lei, porta-voz da Chancelaria chinesa.

Os dois gigantes são rivais regionais, e o gesto de Obama aos indianos foi visto como um recado aos chineses de que não são líderes incontestes da região.
O aceno chinês à Índia é, assim, um passo importante em direção à reforma do Conselho, embora o objetivo ainda esteja distante.

Segundo Hong, a China "apoia uma reforma razoável e necessária e manterá prioridade para dar mais representação aos países em desenvolvimento" no organismo.

O porta-voz afirmou que a China deseja manter contatos e negociar com outros membros da ONU, incluindo a Índia, a reforma do CS.
A China é um dos cinco membros permanentes do CS, junto com EUA, Reino Unido, França e Rússia.

Já a Índia é parte do G4, junto com Alemanha, Japão e Brasil, países que fazem campanha diplomática para serem incluídos como membros permanentes .

Os dois países mais populosos do mundo têm uma fronteira tensa, em meio a arrastadas negociações bilaterais para demarcar território. Em 1962, a disputa chegou a provocar uma curta guerra.

Além disso, a Índia vê na China um aliado militar do Paquistão, seu principal adversário histórico.

Por outro lado, Índia e China fazem parte do Bric, fórum de emergentes que inclui ainda Brasil e Rússia.
Anteontem, em visita a Nova Déli, Obama disse que os EUA apoiam a entrada da Índia no CS, em meio a uma série de ações diplomáticas de Washington para se aproximar de países asiáticos que poderiam contrabalançar a crescente influência chinesa.
Obama não falou em prazo para a realização da reforma do CS. O conselho tem como principal responsabilidade a manutenção da segurança e da paz internacional.

O itinerário do presidente americano, que ontem estava na Indonésia, inclui Japão e a Coreia do Sul -neste, participa da cúpula do G20.
Em comum, todos são democracias que mantêm relações difíceis com a China.

BRASIL
O chanceler Celso Amorim disse ontem que o apoio dos EUA à Índia não atrapalha a pretensão do Brasil de ter assento permanente no órgão.
Ele argumentou que os dois países não brigam pela mesma vaga porque, se houver reforma do conselho, todos os continentes terão que estar representados. Segundo Amorim, é certo que num cenário de mudanças o Brasil tem presença garantida.

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