sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Operação Pastorious: Sabotadores alemães nos EUA

Pouco depois da meia-noite do dia 13 de junho de 1942, quatro homens desembarcaram de um submarino alemão do tipo U-202, em uma praia perto de Amagansett, em Long Island, Nova York. Eles usavam uniformes alemães, um bote inflável, dinheiro, explosivos, bombas incendiárias e outros elementos necessários para atividades de Ações de Comando por dois anos. Em 17 de junho de 1942, outro grupo similar desembarcou na praia de Pontevedra, perto de Jacksonville, na Flórida. Em 27 de junho, depois de se reunirem os oitos sabotadores, foram presos sem haver empreendido nenhuma operação. Levados ante um tribunal militar, seis deles foram condenados à morte em uma cadeira elétrica, um foi condenado a prisão perpétua e outro a 30 anos de prisão.

Tudo começou quando a inteligência alemã enviou aos EUA o adjunto da Abwehr-2, o tenente Walter Kappe, esse passou alguns anos nos EUA colaborando com Fritz Kuhn, o Führer de “Bund” Nacionalista germano-americano, encarregado de captar aderentes para o partido entre os descentes de alemães nascidos nos EUA e alemães vindos da Europa.

Kuhn foi quem recrutou os sabotadores na Alemanha, todos eram civis, exceto dois que eram militares. Os 8 homens haviam vivido nos EUA e um deles, Ernest Peter Burger, foi naturalizado americano 1933. Herbert Hans Haupt chegou aos EUA pequeno e se naturalizou em 1930. George John Dasch ingressou no Heer com 14 anos de idade e serviu por 14 meses com escriturário. Em 1927, se alistou no Exército dos EUA e teve baixa com honras ao terminar ao concluir o serviço militar. Richard Quiring y Heinrich Harm Heinck regressou à Alemanha pouco antes de começar a Segunda Guerra Mundial, em 1939, e o resto de seus companheiros, entre setembro de 1939 e 7 de dezembro de 1941, pensando que deviam lealdade ao país que nasceram.

Os agentes foram treinados, mas só souberam de sua missão no último momento. Tonaram-se especialistas em química, explosivos, incendiários, temporizadores, escrita em código e em conhecimento da cultura americana.

Foram instruídos a realizar operações de sabotagem em instalações químicas, instalações de processamento de alumínio, magnésio, metalurgia, oficinas ferroviárias, represas e outras instalações. Foram fornecidos mapas das instalações mais vulneráveis dos EUA.

Em 26 de maio de 1942, o primeiro grupo de quatro sabotadores embarcou em um submarino em Lorient, França, dois dias depois o segundo grupo de quatro homens partiu da mesma base, abordo do submarino U-584. Quatro homens, liderados por George John Dasch, de 39 anos, chegaram em solo americano perto da praia de Amagansett, em Long Island, Nova York, aproximadamente as 12:10h, de 13 de junho de 1942. Acompanhavam Dasch os agentes Enerst Peter Burger, 36 anos; Heinrich Harm Heinck, 35 anos; e Richard Quirin, 34 anos.

Em 17 de junho de 1942, o segundo grupo desembarcou na praia de Pontevedra, na Flórida, ao sul de Jacksonville. Esse equipe foi encabeçada foi Edward John Kerling, 32 anos. Ele havia vivido no subúrbio de Nova York anteriormente. Também integraram ao grupo: Herbert Hans Haupt, 22 anos, um aspirante a piloto da Luftwaffe; Werner Thiel, 35 anos (havia trabalhando como fabricante de ferramentas em Fort Myers) ; E Hermann Otto Neubauer, 32 anos (depois do seu regresso à Alemanha, foi ferido por fogo de artilharia no front soviético).

Todos os homens vestiam uniformes alemães no momento que desembarcaram em solo americano, mas qual era o por que disso? Simples: Queriam ser tratados como prisioneiros de guerra em caso de ser capturados.

Os 4 primeiros agentes chegaram em terra em uma bote há umas 4 milhas ao sul de Ponte Vedra e enterraram na área quatro caixa impermeáveis contendo explosivos e dinheiro. Era uma manhã úmida e neblinosa e os homens abriram caminho até o comércio de Alice e Roy Landrum Jr.

Alice era responsável pelo correm em Ponte Vedra e Palm Valley, Roy era Sheriff  do condado de St. Johns. Alice recordaria mais tarde que um dos homens chegará ao seu comércio e lhe perguntara acerca do horário de ônibus para Jacksonville. Os outros três ficaram de fora, esperando o retorno de seu companheiro. Ali permaneceram por uma hora, esperando ônibus. Quando o ônibus chegou, eles adentraram no mesmo e partiram em direção a praia de Jacksonville.

Vinte anos depois, Alice Landrum disse a um jornalista que o agente alemão não tinha sotaque. Disse também que no momento ela pensou que os agentes eram operários que trabalhavam na construção do hotel Innlet.

O ônibus levou os homens ao centro de Jacksonville, onde se separaram, dois se registraram no Hotel Mayflower e dois no Hotel Seminole. Logo foram comprar roupas e produtos de higiene pessoal, um deles foi cortar o cabelo. No dia seguinte já tinha partido. Logo dois deles se dirigiram à Nova York e os outros dois para Chicago.

O grupo de Long Island não teve tanta sorte. Quando estava enterrando o equipamento, um sentinela do serviço da Guarda Costeira que patrulhava a praia se aproximou. O sentinela não estava armada, mas suspeitou dos agentes quando esses trataram de suborná-lo para esquecer o que ele tinha visto. O sentinela simulou aceitar o suborno e se dirigiu aos seus superiores e reportou o incidente. Uma patrulha foi enviada ao lugar, mas ao chegar os agentes já haviam embarcado em um trem rumo a nova York.

As duas equipes deveriam se reunir em Cincinnati no dia 4 de julho desse mesmo ano. Más, Dasch se arrependeu de ter aceitado a operação quando considerou que a mesma era impossível de ser realizada e confessou a Burger que se entregaria à policia na esperança de obter clemência. Em 14 de junho de 1942, Dasch, que utilizava o nome “Pastorious” chamou o FBI e disse que era recém chegado e que os chamaria novamente em uma semana em Washington.  Os agentes em primeiro momento pensaram que se tratava de um louco. O FBI não tomou a sério a denúncia até que Dasch colocou 84 mil dólares sob a mesa do escritório de um agente. Em 19 de junho o FBI o prendeu.

Durante os interrogatórios, Dasch delatou seus companheiros e entregou ao FBI os dados pessoais dos mesmos, assim como a possível localização deles. Os companheiros de Dasch foram capturados em 20 de junho. Do grupo da Flórida, Kerling e Thiel foram presos em Nova York em 23 de junho. Neuber e Haupt caíram nas mãos do FBI em Chicago em 27 de junho.

Da esquerda para a direita: Ernest Peter Burger, Richard Quirin, Wehrner Thiel e Edward John Kerling
Temeroso de que um tribunal civil fosse brando com os conspiradores, o presidente Franklin D. Roosevelt ordenou que eles fossem julgados em um tribunal militar, o primeiro julgamento militar de civis levadas a cabo desde o assassinato do presidente Abraham Lincoln. O tribunal especial foi composto por sete generais chefiados pelo Major-General Frank R. McCoy. A acusação foi feita pelo procurador-geral Biddle e o Juiz foi o Major-general Myron C. Cramer. Os sabotadores foram defendidos por Cassius M. Kenneth Dowell e Royall. Todos os membros do Tribunal de Justiça e defensores públicos foram nomeados pelo presidente Roosevelt. Os advogados de defesa tentaram levar o julgamento para um Tribunal Civil, mas a Suprema Corte negou. Todos foram condenados à morte, mas Edgar Hoover pediu ao presidente para que ele comutasse as penas de Dasch e Burger por eles terem colaborado com as investigações. Dasch recebe a pena de 30 anos em cárcere e Burger prisão pérpetua. Os outros 6 agentes foram executados em 8 de agosto de 1942, na cadeira elétrica, no terceiro piso da carceragem do Distrito de Columbia.

Da esquerda para a direita: George John Dasch, Heinrich Hartm Heinck, Herbert Haupt e Hermann Neubauer
Ao terminar a guerra, o presidente Truman mediante ato de anistia comutou a pena de Dasch e Burger sob a condição de que fossem deportados. Eles foram levados a zona americana na Alemanha, onde fora suspendida a pena e eles foram libertados.

História tirada do livro Nazi Saboteurs On Trial: A Military Tribunal And American Law, de Louis Fisher

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