segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Enquanto apura se facção atacou coronel e Rota, PM reforça segurança

Tenente-coronel Paulo Telhada e sede da Rota foram alvos de tiros em SP.
Após ação criminosa, policiamento foi intensificado na casa de oficial e base.


As Polícias Militar e Civil investigam a possibilidade de a mesma facção criminosa que orquestrou uma série de atentados às forças de segurança de São Paulo em 2006 ter coordenado também ataques neste fim de semana ao comandante das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), tenente-coronel Paulo Telhada, e a sede da instituição, no bairro da Luz, região central da capital. A Rota é considerada a tropa de elite da Polícia Militar paulista. Como medida de segurança, o Comando da PM determinou reforço no policiamento onde ocorreram os atentados.

O carro de Telhada foi alvejado por 12 tiros, feitos por dois homens em um carro, quando ele se preparava para sair de sua casa, na Zona Norte de São Paulo, no sábado (31) de manhã. O oficial não ficou ferido e ninguém foi preso.

Já a base da Rota foi crivada por seis balas disparadas por dois homens que estavam num veículo, na madrugada de domingo (1). Houve revide da PM e um suspeito foi morto. Um homem de 33 anos levou dois tiros. Ele era ex-detento e estava com uma pistola .40, que foi apreendida. Um coquetel molotov que estava no local também foi recolhido para exames.

A arma é do mesmo tipo de calibre dos tiros feitos contra Telhada. A perícia da Polícia Técnico-Científica de SP vai analisar agora se os disparos ao veículo do comandante da Rota partiram da pistola que estava com o ex-detento.

Ainda, segundo policiais ligados à investigação, o ex-detento seria membro da facção que age nos presídios paulistas e estaria em dívida com a cúpula quando esteve preso. Dentre os crimes que teria cometido, estão atentado violento ao pudor e estupro. O homem morto teria saído do sistema penitenciário em fevereiro deste ano.

Tráfico de drogas e morte de criminoso

Os ataques a Telhada e a Rota poderiam ter como mandantes membros da facção que queriam se vingar das ações do comandante e de seus policiais. A suspeita existe, já que a Rota obteve êxito em operações recentes de combate ao tráfico de drogas, principalmente na Zona Leste da capital, além de ter matado um importante criminoso em troca de tiros.

Na mais recente incursão da Rota, os comandados de Telhada mataram na quinta-feira (29) um suspeito de participar de um assalto a uma loja de autopeças no Ipiranga, na Zona Sul da capital. O homem de 26 anos tinha passagens por roubo e seria membro de facção. O circuito de segurança do local gravou a ação.

Investigação

O serviço reservado e a corregedoria da PM, policiais civis dos 72º e 2º distritos policiais, respectivamente, na zonas Norte e Central, e o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) estão investigando os atentados à casa de Telhada e à base da Rota.

Procurado para comentar o assunto, a assessoria de imprensa da PM informou que todas as possibilidades estão sendo apuradas para explicar os ataques. Uma das suspeitas é que eles possam ter sido feitos por traficantes. “A PM está acabando com muitas quadrilhas e criminosos. A atuação contra o tráfico na Zona Leste é intensa. Existe a hipótese de a ação ter sido feita pelo tráfico. E por quê o quartel da Rota? Porque é um símbolo”, afirmou nesta segunda-feira (2) o tenente-coronel Marco Antonio Augusto, chefe do centro de comunicação social da PM, por telefone ao G1.

Apesar disso, o chefe da comunicação da PM informou que o serviço de inteligência da corporação não detectou nenhum dado que comprove isso no momento. “Também não há nenhuma indicação de que os ataques tenham partido do sistema penitenciário”, disse Antonio Augusto.

Em relação ao ataque à casa de Telhada, o 72º DP registrou o caso como tentativa de assalto a apurar. “Pode ser que o ataque ao coronel tenha sido uma coincidência. Alguém o viu sair e quis roubá-lo”, afirmou o chefe da comunicação.

Para o tenente coronel Telhada, no entanto, os atiradores queriam matá-lo. “Fui até a esquina e não vi carro suspeito, nem nada. Com certeza eles estavam na minha captura”, disse o oficial no sábado, logo após o ataque. "Não tive tempo de reagir. Graças a Deus nenhum tiro me atingiu."

Sobre o atentado à sede da Rota, Antonio Augusto afirmou que ainda não há confirmação do que os atiradores pretendiam fazer ali. “Inicialmente, um pedestre viu uma homens suspeitos dentro de um carro perto do batalhão e avisou os policiais. Quando eles se aproximaram foram recebido à bala e houve revide”.

Ainda foi praticamente descartada pela investigação a possibilidade de 14 carros incendiados na madrugada de domingo terem qualquer relação com os ataques à residência do comandante e à sede da Rota.

Segurança reforçada


Independentemente do andamento das investigações, o comando da PM já determinou um reforço na segurança nos locais alvos dos ataques. Segundo a assessoria de imprensa da corporação, o policiamento ostensivo foi intensificado nas ruas próximas à casa de Telhada e na região onde ele mora. Além disso, a área de segurança da sede da Rota foi ampliada em um metro. Em outras palavras, os cones e cancelas avançaram mais próximos às ruas em torno da base para dificultar o acesso de carros.

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