quarta-feira, 19 de junho de 2013

Shimon Peres, presidente de Israel: "Assad não pode continuar no poder"

"Só tenho uma lembrança: não esquecer o futuro. Tudo o mais é insignificante." Shimon Peres não tem tempo para olhar para trás. A suas costas, nove décadas de vida e 65 anos servindo ao Estado de Israel. É um político que já foi de tudo: várias vezes ministro, em duas ocasiões chefe do Executivo e, desde 2007, presidente e chefe de Estado.

Em Israel é reconhecido por ter transformado o país em uma potência nuclear e ter estabilizado e fortalecido a economia em meados dos anos 1980. Para o mundo, é o pai e arquiteto dos acordos de Oslo, os cimentos do processo negociador com os palestinos. E, apesar das muitas anedotas que poderia contar, para o presidente Peres o passado parece aborrecido. "Não desperdiço o tempo olhando para trás e recordando. Espero que meu momento de maior orgulho seja amanhã, quando a paz chegar a meu país", diz.

Nos últimos meses, Peres se transformou na voz da consciência de seu país. A grande maioria dos políticos israelenses, sobretudo os que governam na coalizão liderada por Benjamin Netanyahu, parece viver de costas para a Cisjordânia e para o muro, para o bloqueio de Gaza e as possibilidades de paz. O presidente é uma exceção.

"Só a paz", responde, quando perguntado sobre seu principal desejo ao completar 90 anos. "O problema é mais psicológico que político. Quer dizer, é preciso vencer o ceticismo", acrescenta, franzindo o cenho e tensionando a mandíbula. Ele realmente o deseja. Por isso decidiu ajudar com todo o seu empenho o novo secretário de Estado americano, John Kerry, em sua tentativa de devolver ambas as partes à mesa de negociações sem precondições.

El País: O senhor compartilha o sentimento de urgência do secretário de Estado John Kerry?

Shimon Peres: Sempre deveríamos ter esse sentido de urgência pela paz, nunca deveríamos demorar para pôr fim ao conflito e à guerra. Creio que agora existe uma oportunidade de recuperar as negociações, e é uma oportunidade que não devemos desperdiçar. Não há alternativa além da solução de dois Estados.

Seu 90º aniversário é em 2 de agosto, mas Peres terá sua grande comemoração esta semana, com a conferência intitulada De Frente para o Amanhã, que começou nesta terça-feira em Jerusalém e da qual participariam, entre outros, Bill Clinton e Tony Blair. Ele completou seis dos sete anos do mandato único de presidente, primeiro com Ehud Olmert como primeiro-ministro e depois com Netanyahu.

Nos primeiros anos de coabitação com Netanyahu, Peres foi visto como um contrapeso ao primeiro-ministro, um intermediário pacificador entre ele e a comunidade internacional, e sobretudo uma barreira de contenção contra a Casa Branca quando as relações com Barack Obama atingiram o fundo, durante seu mandato anterior.

No ano passado Peres aproveitou seu 89º aniversário para tentar acalmar os ânimos, justamente em um momento em que Netanyahu tangia os tambores de guerra e advertia onde lhe fosse permitido sobre a necessidade de atacar o Irã de forma preventiva, para evitar que alcançasse a capacidade de possuir armas nucleares.

"Não poderíamos fazer isso sozinhos", sentenciou o presidente, provocando a ira de Netanyahu e iniciando um processo de distensão. Hoje, dizem seus colaboradores, a relação com o primeiro-ministro está notavelmente melhor.

El País: Que outras opções tem hoje a comunidade internacional em relação ao Irã?

Peres: O Irã é uma grave ameaça não só para Israel, como para todo o mundo. Sua ambição é a hegemonia no Oriente Médio e o terror em todo o mundo. As vítimas imediatas do regime iraniano são os próprios iranianos, são seus direitos humanos, enfraquecidos a cada dia. Enquanto o regime busca uma bomba nuclear, erra em seu dever para com as pessoas, que precisam de comida e emprego, e não de urânio enriquecido. O presidente Obama lidera uma coalizão global comprometida com a defesa da paz e a estabilidade na região. Nenhum de nós gostaria de ver o uso da força, e preferiríamos ver que as sanções econômicas e a pressão diplomática dão resultados, mas todas as opções continuam sobre a mesa.

El País: O senhor viu recentemente uma melhora nas relações entre Netanyahu e Obama, sobretudo depois da visita deste a Israel há três meses?

Peres: Você deveria perguntar isso a eles, mas posso lhe dizer que as relações entre Israel e EUA são excelentes. A visita do presidente Obama a Israel foi uma lufada de ar fresco. Nela mostrou a profundidade de sua amizade e a força de seu compromisso com Israel.

Peres também adverte sobre os riscos de um possível envolvimento de Israel no conflito sírio. Neste ano, a Força Aérea israelense atacou em três ocasiões alvos militares perto de Damasco. A inteligência americana considera que o alvo eram mísseis guiados pelo Irã com destino ao Líbano. "Nosso envolvimento no conflito só teria efeitos negativos. Não vejo a possibilidade de que com isso pudéssemos salvar a Síria ou promover a paz", diz.

"Não creio que Bashar el Assad possa se manter no poder, um líder que matou tantas pessoas em seu país não pode continuar lhes servindo. Minha proposta é que a Liga Árabe crie uma força de capacetes azuis, com o apoio da ONU, para acabar com o derramamento de sangue e criar um governo de transição."

A cada resposta, demonstra sua proverbial eloquência. Sempre foi um encantador do verbo, e esse é um dos motivos de sua ascensão e também uma das razões pelas quais em suas encarnações políticas passadas foi mais popular e bem-sucedido no cenário internacional, em seus três mandatos como ministro das Relações Exteriores, do que na às vezes pantanosa e ingrata política nacional.

O fundador da pátria, David ben Gurion, o nomeou diretor-geral do Ministério da Defesa em 1953, posto no qual fortaleceu as relações com a França, que ajudou Israel na construção de um reator nuclear. O jovem Peres ingressou no Parlamento em 1959, na chapa do trabalhismo. Foi primeiro-ministro pela primeira vez em 1984, sob o acordo de grande coalizão entre o trabalhismo e o direitista Likud. Voltou ao cargo em 1995, depois do assassinato de Isaac Rabin.

Admite que há algo nesses quase 90 anos de vida que não previu. Entre seus muitos sonhos e aspirações desde que chegou à Palestina do mandato britânico em 1934, nunca sonhou que nela, dentro de um Estado independente, chegariam a viver um dia 6 milhões de judeus, o mesmo número de pessoas dessa fé que morreram no Holocausto, no qual perdeu grande parte de sua família.

Essa marca foi ultrapassada em março, e Israel se transformou no país onde vivem mais judeus no mundo, superando os EUA. "A realidade é maior que meu sonho", diz. "Arrependo-me de termos sonhado pequeno e de que tenhamos acabado sendo maiores em nossa realidade."

4 comentários:

  1. Nos últimos meses, Peres se transformou na voz da consciência de seu país. A grande maioria dos políticos israelenses, sobretudo os que governam na coalizão liderada por Benjamin Netanyahu, parece viver de costas para a Cisjordânia e para o muro, para o bloqueio de Gaza e as possibilidades de paz. O presidente é uma exceção.==== Então tá, grite e exponha as mazelas do estado judeuss e suas artimanhas p manter o "Status Quo" vigente.A negação do Estado Palestino, e sem judeuss se intrometendo no mesmo.Ñ acredito nele. P Ontem.sds.

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  2. Sujo falando do mal lavado. Esse Shimon Peres é um dos maiores assassino do Oriente Médio. Shimon Peres, Ariel Sharon e Benjamin Netanyahu sãos um dos maiores criminosos de guerra da História. Esses 3 já vão pro inferno direto quando morrerem. Muitos sangues que esses caras tem nas mãos. Sempre com aqueles papos ridículos que eles estão se defendendo.

    No caso do Assad é totalmente diferente, pois eles está lutando contra terroristas que explodem bombas diariamente , matando dezenas de civis inocentes.Esses terroristas são apoiado por Israel para derrubar Assad.

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  3. Nos últimos meses, Peres se transformou na voz da consciência de seu país. A grande maioria dos políticos israelenses, sobretudo os que governam na coalizão liderada por Benjamin Netanyahu, parece viver de costas para a Cisjordânia e para o muro, para o bloqueio de Gaza e as possibilidades de paz. O presidente é uma exceção.

    "Só a paz", responde, quando perguntado sobre seu principal desejo ao completar 90 anos. "O problema é mais psicológico que político. Quer dizer, é preciso vencer o ceticismo", acrescenta, franzindo o cenho e tensionando a mandíbula. Ele realmente o deseja. Por isso decidiu ajudar com todo o seu empenho o novo secretário de Estado americano, John Kerry, em sua tentativa de devolver ambas as partes à mesa de negociações sem precondições.=== O tal de bibi tbm ñ deveriar governar.Por um Estado Palestinos livre de judeuss...Sds.

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  4. Engraçadíssimo esses políticos, uns falando mal dos outros:
    1)Ahmadinejad disse que issrael ñ deveria existir;
    2)Obama disse que o Assad ñ pode continuar no poder;
    3)o Berluca disse que o governo atual na Itália é fraco;
    4)Esse Perez ajuda a dizer que o IRÃ deve ser destruído totalmente;
    5) .....

    Acho que faltam três coisas para todos:
    a)espelho
    b)umbigo
    c)um dicinário com a palavra AMANHÃ muito bem grifada e uma boa dose de vergonha na cara.

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