Ismail Khan |
Um dos comandantes mujahedeen mais poderosos do Afeganistão, Ismail Khan, está convocando seus seguidores para reorganizar e defender o país contra o Taleban à medida que os militares ocidentais se retiram, numa demonstração pública de confiança vacilante no governo nacional e no Exército Nacional Afegão construído pelo ocidente.
Khan é um dos mais fortes entre um grupo de generais que definiram a história recente do país em batalhas contra os soviéticos, contra o Talibã, e até mesmo em batalhas de uns contra os outros, e que foram levados para o gabinete do presidente Hamid Karzai como um símbolo de unidade. Agora, ao anunciar que está remobilizando suas forças, Khan irritou autoridades afegãs e alimentou temores de que outros líderes e facções regionais sigam o exemplo e voltem a se armar, enfraquecendo o apoio ao governo e aumentando a probabilidade de uma guerra civil.
Este mês, Khan reuniu milhares de partidários no deserto nos arredores de Herat, aculturada capital da província ocidental e centro de sua base de poder, instando-os a coordenar e reativar suas redes. E ele começou a alistar novos recrutas e organizar estruturas de comando distritais.
"Somos responsáveis por manter a segurança em nosso país e não deixar o Afeganistão ser destruído novamente", disse Khan, ministro de energia e água, numa coletiva de imprensa no fim de semana em seu escritório em Cabul. Mas depois de enfrentar críticas, ele teve o cuidado de não enquadrar a sua ação como um desafio ao governo: "Há partes do país onde as forças do governo não podem operar, e nessas áreas os moradores locais devem dar um passo à frente, pegar em armas e defender o país."
Entretanto, Karzai e seus assessores não receberam isso como um gesto altruísta. O governador da província de Herat chamou a reorganização de Khan de um desafio ilegal às forças de segurança nacionais. E o porta-voz de Karzai, Aimal Faizi, criticou abruptamente Khan.
"As observações de Ismail Khan não refletem a política do governo afegão", disse Faizi. "O governo do Afeganistão e o povo afegão não querem qualquer agrupamento armado irresponsável fora das estruturas legítimas das forças de segurança."
Em Cabul, as ações provocativas de Khan apareceram na mídia e provocaram uma reação forte por parte de alguns membros do Parlamento, que disseram que os generais estavam se preparando para tirar proveito da retirada das tropas dos EUA previstas para 2014.
"Pessoas como Ismail Khan cheiram a sangue", disse Belqis Roshan, senador da província de Farah, numa entrevista. "Eles pensam que assim que as forças estrangeiras deixarem o Afeganistão, terão novamente a chance de começar uma guerra civil, e alcançar seus objetivos nefastos de enriquecer e acabar com seus rivais locais."
Na verdade, Khan não é a única voz convocando uma nova aliança mujahedin contra o Taleban, e algumas outras são tão familiares quanto a dele.
O marechal Muhammad Qasim Fahim, comandante tadjique que é o primeiro vice-presidente de Karzai, disse num discurso em setembro: "Se as forças de segurança afegãs não forem capazes de travar esta guerra, então, convoquem os mujahedin".
Outro importante guerreiro mujahedin, Ahmad Zia Massoud, disse numa entrevista em sua casa em Cabul que as pessoas estavam preocupadas com o que acontecerá depois de 2014, e ele estava dizendo a seus próprios seguidores para fazerem os preparativos preliminares.
"Eles não querem ser humilhados novamente", disse Massoud. "Todo mundo está tentando fazer algum tipo de Plano B. Algumas pessoas estão à beira de rearmamento".
Ele ressaltou que era significativo o fato de que o preço de mercado de fuzis de assalto Kalashnikov subiu de US$ 300 há uma década para cerca de US$ 1 mil, impulsionado pela demanda.
"Toda família quer ter um AK-47 em casa", disse ele.
"O mujahedin vieram aqui para me encontrar", acrescentou Massoud. "Eles me dizem que estão se preparando. Eles estão tentando encontrar armas. Eles vêm de aldeias do norte do Afeganistão, há também algumas pessoas dos subúrbios de Cabul, e dizem que estão assumindo a responsabilidade pelo fornecimento de segurança privada em sua vizinhança.”
Ainda assim, há muito existem temores sobre o ressurgimento dos generais, depois de mais de uma década de esforços das autoridades afegãs e seus aliados ocidentais para construir um governo nacional inclusivo e cooptar a influência de alguns líderes de facções, incorporando-os.
Um alto funcionário ocidental em Cabul viu as ações de Khan como o início de uma onda de posicionamento político antes da transição de 2014 e disse que precisam ser acompanhadas de perto. Os aliados querem evitar uma repetição da guerra civil dos anos 90, que levou centenas de milhares de afegãos a fugirem do país. Uma nova guerra civil destruiria muito do que o Ocidente tentou realizar.
Khan é uma das figuras proeminentes da resistência contra os soviéticos e o Taleban, e sua base de poder na província de Herat, ao longo da fronteira com o Irã, permaneceu relativamente próspera durante a guerra, apesar de um aumento recente dos sequestros e ataques militantes.
Depois de anos de consolidação do poder nos anos 80 e início dos anos 90, ele foi forçado a fugir de Herat depois que o Taleban tomou a cidade. Depois que a coalizão do norte e a invasão liderada pelos EUA expulsaram o Taleban em 2001, ele foi restaurado como governador de Herat. Mas foi removido por Karzai em 2004, levando a manifestações violentas por parte de seus apoiadores.
Ele continua exercendo forte influência nas regiões ocidentais hoje, e se choca regularmente com o atual governador, Daud Shah Saba, dizem autoridades ocidentais.
Khan convocou uma reunião de milhares de pessoas fora da cidade de Herat em 1º de novembro, em um distrito chamado Cidade dos Mártires, que ele estabeleceu nos anos 90 para dar alojamento gratuito e terras para as famílias de mujahedin mortos. Um vídeo da reunião, com a presença de muitas figuras regionais influentes, mostravam Khan criticando a coalizão internacional por desarmar os guerrilheiros e depois fracassar em tornar o Afeganistão seguro.
"Eles confiscaram nossos canhões e tanques e os transformou numa pilha de lixo", disse ele à multidão. "Em troca, trouxeram garotas holandesas, alemãs, americanas e francesas, trouxeram soldados brancos da Europa e soldados negros da África na esperança de garantir a segurança do Afeganistão, mas não conseguiram."
Depois das críticas públicas de que ele estava criando uma oposição armada ao governo, Khan insistiu, na coletiva de imprensa em Cabul no sábado (10), que não estava rearmando seus seguidores ou se opondo às forças de segurança, mas queria que o mujahedin trabalhasse com o exército e a polícia como uma espécie de força reserva, alertando-os, por exemplo, se vissem sinais de infiltração do Taleban.
"Isso não significa que estamos nos rebelando contra o governo", disse ele. "Estamos lutando há 30 anos para construir este governo, e não permitiremos que este governo seja derrubado."
Ainda assim, este papel auxiliar é exatamente o que estava previsto para a Polícia Local Afegã, organizada e treinada com grande custo pelas forças de Operações Especiais norte-americanas nos últimos anos.
Em Herat, Mohammed Farooq Hussaini, um dos mulás mais proeminentes da região, disse que as pessoas estavam procurando seus líderes tradicionais para protegê-las, e ainda possuem armas se tiverem de lutar.
Sua própria família faz parte da história de alastramento da influência do Taleban, disse ele: seu genro, um farmacêutico, recentemente se juntou à insurgência. "Há de duas a três armas em cada casa em Herat e outras províncias, e não só homens, mas também as mulheres estão prontas para lutar contra os talebãs e outros terroristas", disse ele.
Um ex-guerrilheiro mujahedeen, Saeed Ahmad Husseini, membro do conselho provincial de Herat, disse que se os Estados Unidos ainda não reconhecem seu fracasso no Afeganistão, o povo afegão certamente já reconheceu.
"Nós resgatamos esta nação duas vezes das mãos de invasores e opressores, e vamos resgatá-la mais uma vez, se for necessário", disse ele. "As pessoas não podem tolerar as chicotadas e espancamentos do Taleban."
"Nós resgatamos esta nação duas vezes das mãos de invasores e opressores, e vamos resgatá-la mais uma vez, se for necessário", disse ele. "As pessoas não podem tolerar as chicotadas e espancamentos do Taleban."===== Assim q vai ser, quem viver verá. Sds.
ResponderExcluirO Afeganistão vai ser uma guerra de tudo contra todos hahahaha, mais o Talibã não voltará ao poder, pode perpetuar uma guerra mais recuperar o poder não irá, uma coisa e ficar fazendo emboscadas em montanhas como fazem outra é tomar iniciativa e atacar, o Talibã não tem poder para isso, bastará o governo afegão comprar da OTAN armas leves para os soldados afegaõs e veículos blindados leves que já iriam brecar avanços talibãs feitos em techinnicalls. Guerrilhas se saem melhor se defendendo do que atacando. Mais que o Talibã sempre será um pedra no sapato isso será. E muitas guerrilhas devem surgir, vai ser uma matança de ambos os lados.
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